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Para viver de artesanato, empreendedora deve ter objetivo

Olá, tudo ótimo? Eu sou Raquel Queiroz, artesã há 20 anos, proprietária da Quel Arteira Produções Artesanais e sua mais nova referência em Artesanato aqui na Voa, Maria. Semana passada começamos a interagir através de minha matéria sobre a possibilidade de viver de artesanato, se lembram? Pois então. Falamos sobre a importância, em aspectos gerais, de se criar um plano de ação para alicerçar o seu empreendimento em artesanato.

Para hoje, vou começar a destrinchar todo o plano de ação, item por item, para que você consiga fazer um plano consistente e de acordo com seu propósito de vida. E o item sobre o qual vou discorrer a partir de agora é a criação do objetivo. Há um ditado muito pertinente que diz: primeiro as primeira coisas. Logo, por ordem de prioridade, vamos desenhando de maneira realista nosso plano de ação para que, ao seu final, imediatamente possamos colocá-lo em prática rumo ao empreendedorismo tão almejado.

Semana passada, como primeiro item do plano de ação, começamos assim: 1 – Objetivo. Qual é o seu objetivo ao escolher o artesanato como meio de sobrevivência?

Querida artesã, a clareza sobre o objetivo que você tem ao querer viver de artesanato é essencial para o sucesso do seu empreendimento. O objetivo é a sua linha de chegada, entende? É ele que você vai perseguir. Será a sua meta durante todo o trajeto que percorrerá durante a realização do plano de ação. Você irá agir o tempo todo em busca do seu objetivo, por causa dele. E por isso o mesmo é tão importante dentro do projeto. Ele é a alma do seu plano.

Você deve estar se perguntando: mas como consigo definir o meu objetivo de forma possível e realista?

Todo o plano de ação é composto por ações e prazos para que se alcance seu objetivo, de maneira estratégica. Essa ferramenta existe para que você, literalmente, visualize antecipadamente o seu empreendimento. Ela permite que todas as decisões sejam tomadas antes mesmo de colocadas em prática, garantindo que haja muito mais assertividade e correção prévia de eventuais problemas.

Logo, o primeiro passo para delimitar seu plano de ação dentro de um objetivo claro, real e possível é responder, honestamente, aos seguintes questionamentos, fazendo sua autoanálise:

  • Minhas capacitações profissionais e pessoais condizem com o negócio no qual desejo empreender?
  • O objetivo que estou trançando para o meu empreendimento se concretiza da forma como o imagino?
  • O que imagino me automotiva e me instiga a ter foco para atingi-lo?

Querida, de nada adianta você imaginar uma empresa, um objetivo a ser alcançado, se você nunca ouviu falar a respeito daquilo que deseja para o seu negócio. Por exemplo: desejo montar uma empresa que comercialize peças em macramê, porque acho lindo, refinado, e não vejo ninguém vendendo. Ok, mas você sabe fazer macramê? Você tem capacitação para isso? Tem a habilidade necessária, a vontade e dispõe de tempo para aprender essa arte?

Ah, mas eu só quero cuidar da parte administrativa, vou arrumar alguém para fazer as peças para eu comercializar. Se for essa a sua ideia, primeiro se questione: essa pessoa estará disposta a lhe fornecer seu trabalho a preço de custo? Ela possui um controle de qualidade de suas peças? Afinal, é o seu nome que estará em jogo.

E, por último, essa pessoa estará disposta a ter seu trabalho reconhecido como sendo de outra pessoa? Eu tenho um plano B, caso essa pessoa não consiga mais me fornecer o principal produto do meu negócio?

Amplo panorama

E sobre suas habilidades pessoais: eu gosto e sou consumidora de artesanato ou só vi que é um ramo de atividade em potencial? Porque credibilidade, qualidade e aceitação é fundamental em qualquer empreendimento. Eu tenho capacitação para relações interpessoais, vendas, marketing? Tenho vasto conhecimento sobre os custos, receitas e despesas, que demandam um empreendimento de artesanato?

Se você tiver essas respostas sobre seu objetivo e estas forem minimamente satisfatórias, temos um começo. O ideal, na realidade, é que esses questionamentos sejam honestamente respondidos e tenham um papel claro e perfeito dentro do objetivo que imagina hipoteticamente.

Mantenha os pés no chão

Sobre o segundo questionamento, muitas vezes imaginamos um tipo de negócio que não “casa” com os resultados que ele pode proporcionar. Por exemplo: você imagina uma loja modesta, que atenda ao cliente de classes B e C porque gostaria que tivesse uma “pegada” mais assistencial, partindo para um ramo de terceiro setor, quase como uma ONG.

Porém, o espaço de que dispõe para o seu empreendimento fica numa região de alta classe na cidade, frequentado por pessoas que não têm interesse em artesanato e, inclusive, não gostariam de consumir produtos realizados por pessoas carentes. Além disso, o seu ideal de rentabilidade e lucro com seu empreendimento não tem meios de ser atingido por uma empresa que visa assistência social. Seu negócio daria certo? Obviamente, não.

Então alinhe suas preferências com suas expectativas sob todos os aspectos do plano de ação. Seu objetivo precisa cumprir esses requisitos para que não seja um “tiro no escuro”.

Muito além do objetivo

E, fechando nosso artigo de hoje, responderemos o terceiro questionamento que diz respeito ao seu propósito de vida. É realmente necessário que aquilo que almejo, que meu objetivo profissional, se alinhe com o que desejo para minha vida. Sempre que escolhemos um ofício pelo rendimento que ele proporciona, que trabalhamos por dinheiro, ou que trabalhamos para atender às expectativas de outras pessoas (por mais que tais pessoas sejam importantes e essenciais em nossas vidas), estamos fadados ao fracasso.

Seu objetivo precisa ser o seu maior sonho! Precisa atender às suas expectativas e anseios mais íntimos e verdadeiros. Precisa fazer sentido dedicar-se, por tantos meses ou anos, a alcançar um objetivo que seja sólido e duradouro. Não que você não possa mudar de opinião em sua vida. Contudo, essas mudanças devem estar relacionadas à base sólida que você criou, acrescentando elementos à essa base, e não fazer com que todo o empenho, tempo e dinheiro investido tenha sido jogado fora.

Descubra qual é o seu maior valor, o que é mais importante para você, para o que você tem vivido: para ter mais dinheiro? Para produzir, trabalhar arduamente, pois é o que você verdadeiramente gosta? Para ter reconhecimento profissional sobre suas habilidades? Imagine-se com seu objetivo alcançado e, não só isso, trabalhando nele por 10, 20 anos à frente. Você está feliz lá? Vê-se realizada, maior, próspera? Se sim, então você achou o objetivo necessário para trabalhar em cima dele!

Querida artesã, agora que você tem o caminho para traçar seu objetivo com solidez, honestidade e realismo, faça-o já. Não espere seu entusiasmo esfriar! Semana que vem, com seu objetivo já na ponta do lápis, iremos caminhar para a realização dele instruindo-a sobre cada passo do plano de ação a partir do objetivo previamente definido, ok?

Sucesso, luz e paz! Até a próxima!

Raquel Queiroz

Artesã proprietária da Quel Arteira Produções Artesanais, Raquel Queiroz é jornalista e pedagoga. Sempre gostou de consumir artesanato, tanto que transformou esta paixão em uma forma de empreender.

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