Entrevistas

Sem computador na infância, Lecivânia Martins se tornou referência em tecnologia

De família humilde, Lecivânia Martins sonhava em trabalhar com tecnologia e só teve acesso ao seu primeiro computador aos 16 anos. Mas para ela a tecnologia é tão fascinante que sempre buscou trabalhar neste segmento. Nascida em Tocantins, logo se mudou para o sul do Pará. Já em 2000, ela se estabeleceu no Amapá, onde chegou a ter três empresas, uma dela de impressão.

Cinco anos mais tarde, surgiu a oportunidade de se mudar para São Paulo, para trabalhar com comercialização de softwares. “Minha família e eu não pensamos duas vezes. A vida estava estabelecida, boa casa, três empresas prósperas. Implantação de sistemas. Viemos para cá com a cara e a coragem para investir no mercado de software.”

O desafio era enorme. Lecivânia não é programadora e teve de se adaptar à realidade da capital paulistana. “Lá você marca uma reunião e em 10 minutos está lá. Aqui, às vezes, a gente não consegue visitar dois clientes em um dia.”

Superação

O único trabalho da empreendedora no mercado de trabalho foi um estágio no Banco da Amazônia. “Não tenho faculdade na área de TI, fiz administração a trancos e barrancos, porque tive de ser empresária, esposa e mãe. Mulher tem de ter muita força de vontade. Tem de ter fé em você mesma e fé em Deus, porque a fé ajuda muito.”

No final de 2005, já instalada na capital paulistana, a empreendedora promoveu um evento para empresários, a fim de apresentar o negócio. “Reunimos mais de 400 pessoas. Em um ano a gente conseguiu conquistar 8, 10 clientes no máximo, porque o mercado não estava preparado para a tecnologia que apresentávamos”, lembra ela.

O objetivo do Grupo DocSystem, que tem foco em desenvolvimento e implantação de sistemas de ECM (Enterprise Content Management) e BPM (Business Process Management), é ajudar empresas a automatizar processos e gerar conteúdo. Para isso, a empresa desenvolveu sistemas, pelos quais os clientes pagam mensalidade. “A nossa preocupação também era levar a solução para pequenas empresas. Elas não sabem como fazer a empresa crescer, escalar. No formato antigo, usam papel e métodos de abordagem muito defasados”, aponta.

Negócio sem fronteiras

Além das soluções próprias, a DocSystem oferece também licenças de softwares estrangeiros. Mas nos próximos meses, as apostas de Lecivânia estão concentradas no conceito cloud doc, em que as soluções estarão disponíveis em nuvem não só no Brasil, mas também para outros países. “Quando você decide ser empreendedor, você tem de ter claro que você vai trabalhar mais que todo mundo. Você tem de ter determinação. Se você não tiver claro e disposto a superar todas as barreiras, você fecha no primeiro ano. E no meu caso em particular, atribuo meu sucesso à minha fé.”

A prova desta resiliência é que, mesmo sem formação em tecnologia, ela teve de apresentar sozinha um projeto a um grande cliente, cujo projeto era de R$ 1 milhão. “Na época eu ainda morava no Norte e o desenvolvedor me deu um cano no aeroporto rumo a São Paulo. Mesmo assim, fui à reunião e fiz a apresentação mesmo com as pernas bambas. Saí de lá com o negócio fechado”, comemora a empreendedora, que sonha não só em ter prosperidade financeira, mas também em ter uma vida abençoada e ser útil par a sociedade.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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