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Alessandra Guilherme: a empreendedora que deu a volta por cima várias vezes

Dizem que mar calmo não faz bom marinheiro. Alessandra Guilherme que o diga. Afinal, a empreendedora paulistana de 29 anos prova que sempre é possível dar a volta por cima, como ela mesma conta. E o primeiro desafio foi superar a infância humilde. “Minha mãe teve seis filhos e passávamos muita necessidade quando eu era pequena. Tive uma infância muito triste e faltou tanta alimentação quando éramos pequenos que hoje sou dona de buffet”, comemora.

Mas antes de sonhar em ter o próprio negócio, a jovem iniciou sua carreira como operadora de telemarketing, segmento em que construiu carreira. “Comecei a ganhar super bem e casei. Meu marido era dono de imobiliária ao lado de um sócio. Mas um belo dia, ele teve de operar o ombro e, pouco tempo depois, teve problemas cardíacos que o obrigaram a se afastar da empresa”, lembra.

Nesta época, aproximadamente sete anos atrás, Alessandra já não podia contar com a estabilidade da carreira, visto que, grávida da segunda filha, ela teve de pedir as contas. “Como eu ia cuidar de duas crianças pequenas e o marido doente?”, lembra ela, que acompanhava o cônjuge no hospital, já que ele teve de passar por intervenções cirúrgicas. “Neste meio tempo descobrir que o sócio do meu marido tinha dado um golpe na gente. Os prejuízos somavam R$ 150 mil. A imobiliária, porém, estava no meu nome. Tive de vender o carro, a casa na praia , limpei as contas para pagar as dívidas empresa”.

Dias difíceis

Aquela foi a época a pior época da vida da empreendedora paulista. “Eu não tinha dinheiro para nada. Era contado para ver meu marido no hospital e para a alimentação das crianças. Não tive apoio de ninguém, nem de família. Fiquei sozinha. Era eu, Deus e as crianças”, lembra Alessandra, não em tom de lamúria, mas com o orgulho de quem conseguiu encontrar alternativas em um momento de tanta fragilidade emocional e financeira.

Ela então se reinventou, processo que foi desencadeado enquanto assistia ao programa Cake Boss, em que teve a ideia de produzir cupcakes. “Nunca tinha cozinhado. O primeiro bolo que fiz, logo depois que casei, ficou tão ruim que eu dobrei e joguei fora. Nunca tive de fazer um café”, acrescenta.

Mas assim que descobriu aqueles bolinhos lindos (e também como eles eram caros), Alessandra decidiu colocar a mão na massa, literalmente. Aos 22 anos, investiu em cursos profissionalizantes e, com a recuperação do marido, ela agora tinha um ajudante.  “Não sabia como divulgar. Então fiz cupcakes e coxinhas e levei para a rua. O pessoal adorou e comecei a receber encomendas. Também entrei em sites de compras coletivas para vender kit festa. Então comecei a ter dinheiro para pagar o básico das contas de casa.”

Novos voos

Depois de produzir muito kit festa, ela se especializou para investir no próprio buffet. “Foi aí que tirei o pé da lama. Também virei decoradora e aprendi a fazer doces finos. 2015 foi o ano da virada da minha vida e faturei R$ 150 mil. Comprei freezer industrial e fazia festas grandes. E procurei a ajuda do Sebrae, porque não sabe administrar minha vida profissionalmente”, pontua.

Mas também 2015 ela engravidou novamente. Diante da rotina intensa, a confeiteira não percebeu a nova gestação e sofreu um aborto espontâneo no meio de uma festa. Tal situação a abalou, tanto aquela repensou o ritmo de trabalho e ‘começou a puxar o freio’. Ano passado Alessandra engravidou novamente e, sem condições de fazer buffets para mais de 300 pessoas, como era a parte do seu público, passou a fazer festas menores e investiu em estudo especialização e confeitaria.

Hoje Alessandra cuida da administração do buffet e boa parte da renda vem de cursos online que ela promove nas redes sociais. “Tive de vencer a timidez, porque era muito magrinha e, após as gestações, me achava feia e gorda. Tive de fazer terapia e me inspirei em outras gordinhas. Assim venci o complexo de achar que tinha de emagrecer, estar linda e maravilhosa para aparecer no Facebook.”

Grata aos movimentos empreendedores, sem os quais ‘ela não teria saído do lugar’, Alessandra Guilherme quer continuar crescendo e agora sonha em ter uma escola de gastronomia para dar aulas presenciais.

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Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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