Entrevistas

Resiliência: Alline Oliveira conta sua volta por cima no mundo das startups

Funcionária pública, professora de matemática, cientista da Computação, jovem empreendedora, executiva de Startup que não vingou. Alline Oliveira, de 42 anos, passou por tudo o que você possa imaginar, como ela mesma define. No entanto, a principal característica desta goianiense é não se deixar abalar ou calar. Tanto é que ela criou um movimento para expor preconceitos que as mulheres sofrem na área de Tecnologia da Informação –ela é dona do grupo Machismo em TI – e está, novamente, à frente de uma empreitada.

Uma das primeiras experiências empreendendo de Alline foi em uma incubadora em Brasília – cidade onde cresceu – que desenvolve empresas de CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). “Foi muito bom, uma experiência maravilhosa. Passei muitos anos com as empresas, mas com o tempo o dinheiro começa a fazer falta. Quando não se tem muita experiência, fazemos muita coisa de graça. A gente sempre recebia proposta de emprego do mundo corporativo. Não teve jeito. Uma hora você fica exausta de trabalhar de domingo a domingo”, lembra.

Resiliência

Outra tentativa de ser dona do próprio negócio nasceu naturalmente, visto que é empreendedora se mudou para Califórnia, nos Estados Unidos, onde trabalhou na Universidade de San Diego e estava muito próximo ao Vale do Silício – principal centro tecnológico desenvolvimento de novas startups. “Desenvolvi uma plataforma para desenvolvedores, que ninguém se interessou”.

Mais uma vez ela ganhou experiência, aprendeu com as falhas e desenvolveu a ideia de           que o empreendedor tem de olhar o mercado como um produto. Nesta época ela também conheceu Eric Ries, criador do livro Lean Startup. “Ele perdeu tudo: autoestima, investimento, dinheiro dele e da família. Escreveu o livro para que ninguém passasse pelo que ele passou. Perdi meu tempo e energia. Fiz tudo errado, mas aprendi muito”, admite.

Ainda nos Estados Unidos, sua última startup foi um marketplace para venda de peixe fresco. “A startup foi muito para frente. Depois de muita dedicação, o CEO teve um surto. Eu já estava dez anos fora do Brasil e isso pesou também. Resolvi simplesmente voltar. Recomeçar do zero. Voltei para o mercado corporativo, em que passei mais de um ano. Mas não dá. Não dá mais. Fui muito humilhada e estou na Justiça contra a minha antiga empresa. Muito machismo. Sou muito proativa e mulher não é reconhecida pela proatividade, mas pela indisciplina, posse, mandona”, pontua.

Persistência

Diante da impossibilidade de voltar ao mercado corporativo, ela tem agora aposta na CreBit, startup que tem como objetivo incluir pessoas desbancaizadas no mercado de crédito. Ao que tudo indica, a startup tem tudo para dar certo: já conquistou investidores e apresenta grande aceleração.

Procurar comunidade de mulheres e startups é uma das principais dicas que especialista com 25 anos de mercado dá às empreendedoras que sonham em se envolver novos modelos disruptivos. “Você vai ser muito bem acolhida. Não adianta cair de cabeça em um mercado extremamente masculino e machista. Nas comunidades femininas, a empreendedora já entra no negócio mais fortalecida”, orienta.

Já como sonho, Alline almeja alcançar a independência financeira, consolidar a CreBit e ter qualidade de vida sendo empreendedora. “Quero ser dona da minha própria vida e abrir o mercado para a diversidade”, finaliza.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

Você também vai gostar de

Posts populares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *