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Constelação familiar: o que é e como transformar esta área em oportunidade de negócio?

“Pirraça pai, pirraça mãe, pirraça filha/ Eu também sou da família/ Eu também quero pirraçar/ Catuca pai, catuca mãe, catuca filha/ Eu também sou da família/ Eu também quero catucar.” Famosa por protagonizar a abertura do programa A Grande Família, o samba homônimo de Dudu Nobre relata com bom humor a união familiar, tanto no amor, quanto nas intrigas. Afinal, tão intrínseco quanto o amor é também a necessidade de pertencimento ao grupo de pessoas do qual já nascemos parte.

E se engana quem pensa que a ligação entre entes da família se resume à necessidade de pertencimento. Padrões de comportamento, doenças, acontecimentos, destinos difíceis, relacionamentos, prosperidade, saúde, vida financeira, entre outros. Tudo o que acontece no âmbito familiar pode influenciar a vida de um indivíduo.

É por essas e outras que uma nova atividade terapêutica está cada vez mais em alta, ainda que não seja de amplo conhecimento da população. Trata-se da constelação familiar, abordagem que leva em consideração como o passado e as relações entre os integrantes influencia o momento presente de seus membros.

Leis do Amor

Criada pelo filósofo alemão Bert Hellinger, a constelação familiar é uma proposta em que se defende que as relações humanas respondem a três leis, mais conhecidas como Leis do Amor. A primeira delas se resume à hierarquia. “Para que uma criança possa nascer, ela precisa de pais. A quebra de hierarquia, quando a criança dá ordem aos pais, pode gerar uma série de desequilíbrios na vida do filho, que poderá apresentar dificuldades para ter a própria vida, trabalhar e até entrar em relacionamentos”, exemplifica Joana Selistre, advogada especializada em Direito da Família e consteladora familiar.

A segunda Lei do Amor fala justamente do pertencimento. Todos os membros têm direito de pertencer à família e a exclusão de algum deles pode gerar repetição no padrão de comportamento por outros familiares. Por exemplo: se uma família exclui um membro por drogadição, pode ser que outros familiares mais jovens apresentem tendência ao uso de drogas também.

Por fim, chegamos à Lei do Equilíbrio. “Todas as relações precisam ter um equilíbrio entre dar e receber. Quando este equilíbrio existe, as relações crescem”, continua Joana.

Constelação como negócio

A constelação familiar é um atendimento terapêutico em que o cliente apresenta um tema para ser solucionado e, ao colocar o sistema em harmonia, ter uma vida mais plena e satisfatória. Há pessoas que buscam a constelação como forma de suavizar efeitos de doenças degenerativas, herdadas por um histórico familiar de sofrimento e violência. Há pessoas que buscam esta harmonização para conseguir engravidar. Há pessoas que encontram na constelação saídas para por fim às crises financeiras.

Todos os integrantes diretos de um clã são representados no sistema, de forma que a movimentação dos personagens seja ajustada para trazer equilíbrio e harmonia para todos. Esta representação pode ser feita com pessoas, objetos ou bonecos, tendo em vista que o que realmente importa é o campo da família.

Ainda que os representantes não saibam nada a respeito da família do constelado, os mesmos passam a repetir comportamentos e padrões daqueles que são representados apenas pela troca de energia do campo. [Exemplo da jornalista: “Quando fiz a constelação familiar, cada representante se comportou exatamente como meus entes. O representante do meu pai apresentava um comportamento distante e negligenciador. O representante da minha irmã permaneceu agarrado na minha perna, enquanto a representante da minha mãe se debatia infantilmente no chão, negando toda situação. Os representantes se comportaram fielmente como meus familiares, mesmo sem que se conhecessem.]

O objetivo desta abordagem é, ao colocar o sistema em harmonia, fazer com que os clientes resolvam conflitos.

Reconhecimentos

Graças aos resultados trazidos pela constelação familiar, em 2018 a prática foi inclusa na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Sistema Único de Saúde.

A terapia está conquistando outras áreas além do segmento de desenvolvimento pessoal. Novas ramificações são a constelação organizacional (voltada para empresas) e pedagogia sistêmica. Mas a advocacia é a área em que a constelação familiar tem crescido com maior relevância e adesão, tendo em vista o trabalho do juiz Sami Storch, que defende a abordagem como uma forma de facilitar a conciliação em disputas judiciais.

Pioneiro no uso da constelação familiar pelo judiciário, o Brasil hoje já conta com esta abordagem em 16 estados e dados do judiciário mostram que o método influenciou significativamente os índices de conciliação em processos da vara familiar, como guarda de crianças, alienação parental, inventários, pensão alimentícia e violência doméstica.

Novos rumos na carreira

Crédito: Arquivo pessoal

Foi justamente a abordagem de facilitar a resolução de processos dos clientes que atraiu Joana Selistre [leia a trajetória dela aqui]. “Como advogada familiar, estava insatisfeita com o que conseguia fazer pelos meus clientes. Nos processos de direito de família, divórcio, pensão alimentícia, percebia que os clientes entravam e saíam iguais destes processos. Por isso, a constelação foi um jeito de ajudá-los a encontrar a felicidade, leveza e alegria, mesmo diante de um conflito doloroso”, pontua.

Joana identificou dois pontos positivos promovidos pela constelação familiar: os processos de clientes constelados tiveram resultados mais breves e também passaram a ter postura mais consensual, em vez de litigiosa.

Por isso, para ela, a constelação é mais que uma ferramenta complementar de trabalho, mas um estilo de vida. “As pessoas que passam a ter consciência do que aconteceu no sistema familiar remodelam a forma de lidar com a vida. Conseguem não apresentar os padrões de comportamento, conseguem ter bons relacionamentos com os familiares e pessoas em volta e conseguem até trazer a cura para algumas doenças.

Público-alvo

De acordo com Joana, a constelação é indicada para todas as pessoas que buscam prosperidade, abundância, fluir com mais amor e também cura para doenças que podem ter origem sistêmica (como alcoolismo). Enfim, todas as pessoas que buscam evolução pessoal são potenciais clientes, independente da idade.

Crédito: Arquivo pessoal

E para quem quer investir na terapia como negócio, Joana indica que o primeiro requisito é ser desprovido de julgamentos, já que alguns membros da família podem apresentar comportamentos socialmente refutados, como suicídio, violência e vícios. “Também é preciso ter cuidado, pois não somos salvadores de ninguém. O cliente é adulto e perfeitamente capaz de lidar com as próprias questões”, adverte a especialista.

Investimento

Também é indispensável que o aspirante a constelador invista em uma formação séria. Ainda que não haja um órgão oficial e regulador da profissão, já existe um projeto de lei que determina formação de, pelo menos, 140 horas para que um profissional possa exercer a profissão.

Assim, o investimento em formações sérias variam de R$ 5.700 e podem chegar a R$ 18 mil. O candidato terá de adquirir materiais, como os bonecos, pranchas e âncoras de solo, cartas com frases sistêmicas e cursos de aprofundamento. É recomendável ainda que o profissional iniciante participe de outras constelações para conhecer técnicas e como consteladores mais experientes lidam com diversas situações.

Retorno financeiro

O faturamento de um constelador pode variar entre R$ 250 a R$ 1.000 por sessão. Outras possibilidades de faturamento são a consultoria sistêmica, desenvolvida por Joana, em que o cliente passa por diversas constelações e orientações sistêmicas e jurídicas para tomar uma decisão importante e seguir em frente. A especialista também promove palestras, workshop, ministra curso de formação em constelação familiar e é professora em outros cursos, para dinamizar as fontes de renda.

Apesar do investimento inicial alto, graças ao custo da formação, a operação dos consteladores é barata. Joana comenta que não é preciso ter capital de giro para atuar. “Atendemos por hora e, por isso, basta alugar uma sala por dia ou período”, aconselha.

Por fim, a melhor forma de conseguir clientes nesta área é a indicação. Mas como Joana não pode se apoiar apenas nesta forma passiva de conseguir clientes, ela também investe em divulgação nas redes sociais, como Instagram e Facebook.

Para saber mais sobre constelação familiar e investir na abordagem como oportunidade de negócio, entre em contato com Joana Selistre pelo site, Instagram ou Facebook .

Referências: 

http://www.sbfisica.org.br/v1/home/index.php/pt/acontece/679-um-basta-a-pseudociencia

Neurônios espelho, Física Quântica, campos mórficos e Constelações Familiares – por Idris Lahore

Saúde, Ministério da. «Ministério da Saúde inclui 10 novas práticas integrativas no SUS»portalms.saude.gov.br. Consultado em 18 de abril de 2018

«Constelação pacifica conflitos de família no Judiciário – Portal CNJ»www.cnj.jus.br. Consultado em 6 de setembro de 2018

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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