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Lucia Gonçalves: “o empreendedor tem de saber se reinventar para sair da crise”

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Crise já é uma realidade na família de Lucia Gonçalves há muito tempo. Casada com um brasileiro e mãe de dois filhos, Lucia nasceu em Porto, no norte de Portugal, onde vivia com a família até três anos atrás. “Meu marido tinha vontade de voltar ao brasil e, como Portugal estava em meio a  uma crise, achamos que seria uma boa solução para nós. Até então, nem se falava em crise no Brasil”, conta.

Mas a adaptação ao País, apesar das facilidades da língua e ter dupla cidadania, não foi tão simples a princípio. Além da saudade da família que ficou do outro lado do Atlântico, ela teve também de se abrir a novas oportunidades de trabalho, já que o seu diploma de Pedagogia não tem equivalência com as exigências do País. Sem conseguir uma oportunidade como professora de ensino fundamental, Lucia encontrou no empreendedorismo uma nova forma de ajudar no sustento da casa, com o benefício de ter tempo para cuidar dos filhos de 5 e 6 anos. “Foi aí que nasceu a Doce Lusitânia. Como sempre gostei de cozinha, de fazer doces, percebi que seria mais fácil trabalhar em casa para cuidar das crianças”.

Especializada em doces portugueses, a empresa tem bastante procura, já que Lucia trabalha fortemente na divulgação dos produtos nas redes sociais. Tem pastel de Belém, pastel de tentúgal, pão de ló. “E tem quindim, que todo mundo acha que é doce português, mas é brasileiro”, diverte-se.

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A arte de se reinventar

Mas logo no início do negócio, Lucia percebeu que, apesar de ter bastante saída, os doces portugueses “são muito elitizados”. Foi então que agora empreendedora precisou se reinventar. “Comecei a fazer cursos de doces brasileiros e estou fazendo tudo. Mas o foco sempre foi doces portugueses. Agora faço brigadeiro gourmet, pão de mel”, continua.

Outra adaptação que a empreendedora teve de fazer foi diversificar o tamanho dos doces, para que este caiba no bolso dos clientes. “Fazia brigadeiros de 20 gramas, mas a grama não importa para o cliente. Ele quer saber o valor do cento. Então dou duas opções de cento: a maior e a menor. A qualidade não muda, pois são os mesmos ingredientes. Só muda o tamanho, para que eu possa atender mais e mais pessoas”.

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Para 2016, Lucia aposta ainda em parcerias com padarias, lanchonetes e restaurantes. Ela explica que muitas pessoas têm interesse em comprar doces, porém em pequenas quantidades – o que inviabiliza a venda. Então, ela tem procurado parcerias para que, além de expandir seu faturamento e presença no mercado, estes clientes possam consumir seus produtos.

Lucia observa ainda que o empreendedor deve estar sempre atento às tendências de mercado, a fim de se adaptar a elas o quanto antes. Para o Natal de 2014, por exemplo, ela produziu e vendeu 200 panetones. Mas o número de encomendas para 2015 somava apenas 15 pedidos. “Percebi que todos queriam apenas lembrancinhas. Por isso montei uma caixinha com pão de mel decorado com pasta americana. Faltavam 15 dias para o Natal quando anunciei a novidade em vários grupos no Facebook e no fim tive de recusar muitas encomendas porque já não daria conta de entregá-las. Se eu ficasse só com o panetone não teria vendido tanto”, orienta.

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Inspiração

A principal dificuldade do início da carreira de empreendedora foi, para Lucia, aprender a calcular o preço final do produto. Além de dicas nos cursos de doces que fez, ela contou ainda com a ajuda do marido, que é formado em economia e montou uma planilha de custos. Além de se dedicar aos doces, produzidos pela manhã – período em que os filhos estão na escola – ou na madrugada – depois que as crianças vão dormir-, Lucia se divide ainda entre tarefas domésticas e cuidados com os filhos. “Incentivo as outras mulheres para que não desistam. Por mais difícil que possa parecer, já que temos três empregos, temos de ser rígidas em termos de horários e compromissos”, aconselha.

Mas superados os obstáculos iniciais, ela agora comemora os reconhecimentos. “Estou tão realizada, tão satisfeita com o trabalho que não é maçante fazê-lo. É a satisfação de entregar a encomenda e ver a felicidade no rosto do cliente por receber a encomenda ou o feedback positivo que ele dá que faz todo o cansaço desaparecer”.

Saiba mais sobre Lucia e o Doce Lusitânia no Facebook ou pelo número (11) 94160-0510.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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