Entrevistas

Em vez de perder, Carol Vitter ganhou clientes ao atender só mulheres

“Brinco que não tenho uma historinha bonita, de que nasci com o dom do desenho”, diverte-se Carol Vitter, tatuadora do estúdio homônimo localizado na Vila Mariana, em São Paulo. Mineira de 36 anos, ela está há seis na capital paulistana, para onde migrou para continuar a carreira de mais de duas décadas no mercado de tatuagem e piercing.

Sua atuação no mundo das artes começou ainda aos 16, quando ainda era adolescente. Carol sonhava em ser jornalista e até cursou a graduação por algum tempo. Mas vinda de família humilde , a tatuadora conta que não teve grana para bancar a universidade. “Ser body piercer foi muito promissor até 2008. Depois o mercado foi banalizado e eu não ganhava mais dinheiro com isso, a ponto de não conseguir me sustentar”, lembra.

Coragem para mudar

A saída foi investir em um novo produto: a tatuagem. “Senti grande insegurança para começar a trabalhar com tattoo diante do mercado fraco de Belo Horizonte” emenda.

Carol então decidiu se mudar para São Paulo, inicialmente para ficar apenas quatro meses. “Conseguir me estabelecer graças aos grupos de apoio de mulheres para tatuagem, em que há a indicação de clientes entre as próprias profissionais.”

Ressignificação e feminino

Há um ano, quando abriu o próprio espaço, Carol tomou uma grande decisão: só atender mulheres para que não haja assédio. Mas em vez de perder oportunidades de vendas, como previa, ela ganhou ainda mais clientes. “Outro grande diferencial da tatuadora é o trabalho de ressignificação. Muitas clientes procuram em fechamento de ciclo”, explica.

Assim, Carol procura trabalhar cada vez mais com o conceito de slow tattoo, em que a cliente vai ao estúdio, conta qual é a ideia da tatuagem e a profissional desenvolve um desenho exclusivo. “Já trabalhei em modelo de fábrica e não é o que eu quero fazer hoje em dia.”

Desafios e próximos passos 

Carol aponta a falta de valorização do profissional da tatuagem. Para reverter esse cenário, ela então aposta na divulgação, especialmente pelo Instagram, em que posta promoções e sorteios. Outra forma de ter mais movimento é o compartilhamento do estúdio. As tatuadoras podem alugar o estúdio por hora para atender clientes e Carol ainda se encarrega de capacitar outras mulheres interessadas em ser body piercer ou tatuadora em workshops. Por fim, um dos projetos do estúdio Carol Vitter é atender mulheres que superaram o câncer de mama e fizeram mastectomia.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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