Até quem trata mal espera receber um bom atendimento. Esta é a observação de Marcela Rodrigues, 35 anos, fisioterapeuta e coach especializada em profissionais da saúde. Hoje dona da clínica homônima, a paulista radicada em Vitória, no Espírito Santo, se descreve como uma pessoa feliz, que quanto mais contribui e apoia clientes e concorrentes, mais prospera.
“A área da saúde forma excelentes técnicos, mas não empreendedores e empresários. Por isso, hoje me divide entre o consultório e ajudar outras pessoas da minha área que passaram as mesmas dificuldades que eu. Percebi, em palestras e aulas, que o que realmente faz com que os colegas tenham sucesso é a habilidade de lidar com as pessoas”, observa Marcela.
Começo difícil
De família simples, Marcela é filha de uma auxiliar de enfermagem que criou, sozinha, três filhos “sem nenhuma base”, conta a empreendedora. Assim, apesar do sonho de cursar fisioterapia, a empreendedora por natureza se matriculou em um curso de administração de empresas, porque era o curso que a matriarca podia pagar com muito esforço. “Tinha um estágio legal, mas não estava feliz. Minha mãe me deu a matrícula para o curso de fisioterapia e, desempregada, para bancar meus estudos vendia de tudo. Era a muambeira da faculdade. Vendia lingerie, fazia trabalhos para os colegas, trabalhava aos finais de semana em eventos. Desde sempre fui obrigada a ser empreendedora”, diverte-se.
Para cumprir um trabalho universitário, em que tinha que entrevistar um profissional da área bem sucedido, Marcela entrou em uma clínica de estética dermato funcional e descobriu sua vocação ainda no primeiro semestre de curso. Desde então, ela investiu em cursos livres, como massagem e acupuntura, e passou a atender a domicílio. “Não tinha carro, então levava a maca dentro do ônibus. Aí fui crescendo e prosperando até não dar mais conta dos atendimentos por conta da alta demanda. Assim, no mês que me formei, inaugurei minha primeira clínica.”
Experiência empírica
Apesar de parecer ter um começo promissor, por conseguir abrir uma grande clínica logo após a graduação, Marcela “comeu muita poeira”, como ela mesma diz. Sem experiência administrativa, a empreendedora foi à falência. “Fui processada por funcionário e perdi tudo que era me, da minha mãe e do meu namorado. Para empreender, não adianta só ter um sonho. Você perde muita grana, muita energia e muita saúde”, aconselha.
Investir em uma nova clínica pequena foi a saída para que a empreendedora pudesse se reafirmar no mercado. Outra mudança foi a comportamental. “Antes achava que era empresária e que vendia estética. Hoje percebo que as mulheres não iam à clínica para tratar estria, mas para ter autoestima. Hoje vendo muito mais e atendo muito mais simplesmente por ouvir minha paciente ou apoiar os coachees que sofrem problemas financeiros. Consigo apoiá-los porque também já passei por isso e posso dizer que quando corria só atrás do dinheiro, o negócio não fluía. Desde que priorizei o atendimento, minha vida financeira se transformou, porque o que todo mundo quer é atenção”, observa.
Por fim, a transformação de Marcela se completo quando, quase dois anos atrás, ela investiu na formação de coach. “Fiz coach para conhecer ferramentas que pudessem apoiar pacientes, porque eu sabia que as mulheres não buscavam só resultados estéticos, mas autoestima e amizade”, conclui a empreendedora, que após a formação, além de se conhecer, deixou de lado a Marcela ostentação para assumir a Marcela hippie (na verdade, ela se descreveu com uma gíria capixaba, que não lembramos qual é). E a busca pela felicidade e qualidade de vida fizeram com que ela trocasse sua clínica nos Jardins, uma das regiões mais caras da capital paulista, por Vitória, no Espírito Santo.