Se a sua empresa ainda não se digitalizou, não perca mais tempo. Isso porque a crise econômica, que foi fatal para muitos segmentos, fez com que as lojas virtuais tivessem um resultado como nunca antes. De acordo com o levantamento da Ebit/Nelson, em parceria com a Elo, o faturamento com as vendas on-line cresceu 47% no primeiro semestre.
Neste período, foram feitos mais de 90 milhões de pedidos e quase R$ 40 milhões em receita. Foi o melhor desempenho do setor nos últimos 20 anos, superando até a otimista expectativa de 18% de crescimento dos e-commerces para os primeiros seis meses deste ano.
Mas caso você esteja fora das vendas on-line, não se desespere. Ainda dá tempo de criar oportunidades. Confira a entrevista com a Fatima Bana, mestre em comportamento de consumo digital e especialista em liderança de equipes, planejamento, implantação de e-commerce, gestão empresarial e negócios digitais.
Nesta entrevista exclusiva ao Voa, Maria, Fatima mostra diversas oportunidades e tendências para você estruturar sua presença on-line e impulsionar suas vendas.
Voa, Maria: Quais são as oportunidades que o e-commerce oferece para quem quer empreender?
Fatima Bana: Sempre falo que o começo deve ser o mais rápido e barato. Indico para os empreendedores usarem o que chamo de “estratégia dos 5”- consiste em: não custa nem 5 reais e não leva nem 5 minutos”, em que eles devem começar vendendo no C2C (redes sociais, plataformas gratuitas: Elo7, Mercado Livre) e depois desse “piloto” podem migrar para um bom blog atrelado com site e-commerce. Vale destacar que existem opções muito baratas no mercado (como a Tray – vale dar uma olhada) e um sistema de gerenciamento (vale olhar RD) para localização, personalização de base e etc.
Voa, Maria: Quais são os principais erros que pequenos empreendedores cometem ao tentar vender em ambiente virtual?
Fatima Bana: Pagar caro e querer levantar o investimento em curto prazo. O on-line traz retorno mais rápido, mas muitos esperam rápido demais. Outro ponto importante: o ambiente é virtual, mas o dinheiro e a contabilidade não mudam: a conta tem que fechar.
Voa, Maria: Mesmo sem vacina e fim da quarentena, as pessoas estão voltando ao normal. Você acha que esta volta deve impactar negativamente o e-commerce?
Fatima Bana: Não. Devemos ver um crescimento maior, mesmo com as pessoas voltando a rotina. O movimento de digitalização, reforçado pela pandemia, veio pra ficar. O consumidor se habituou a pesquisar e percebeu que as compras online são muito vantajosas e o melhor disso, o comerciante também.
Voa, Maria: Você comenta que inicialmente as pessoas correram para comprar alimentos e itens de higiene básica e, em seguida, artigos de artesanato e decoração. Nos próximos meses, quais devem ser os produtos mais consumidos?
Fatima Bana: Sabemos que os alimentos devem continuar no topo da prioridade, os serviços de beleza e decoração continuam em alta e devem ainda ver um bom lucro nos próximos meses. O que promete agora é o verão. As pessoas voltando ao normal, o turismo caminhará devagar, mas as cidades próximas irão aquecer a economia, assim como a procura por imóveis.
Voa, Maria: E o que podemos esperar de tendências de consumo para o fim do ano e Natal?
Fatima Bana: Não teremos ainda um Natal bastante farto, mas sem dúvida teremos um aquecimento dos itens de decoração mais baratos e aos produtos típicos da ceia tradicional.
Voa, Maria: O auxílio emergencial foi cortado pela metade e a alta dos preços dos alimentos também está impactando o bolso do consumidor. Como estes fatores podem impactar as vendas on-line?
Fatima Bana: O consumidor está puxando o freio, pois ao contrário do que se diz, os salários continuam reduzidos e os auxílios acabando. Todas as vendas devem ser impactadas, vamos ver muita pesquisa e compras mais “necessárias”. Para o on-line isso é positivo, pois podemos acompanhar os preços da concorrência em tempo real e quem souber entender o comportamento do cliente de maneira mais rápida, com certeza, conquistará bons resultados.
Voa, Maria: O que é “pensar fora do seu ecossistema” para se adequar ao e-commerce?
Fatima Bana: Alguns segmentos, como o da saúde, sempre foram extremamente resistentes ao movimento on-line. Hoje, estão agindo fora do ecossistema tradicional e oferecendo consultas e exames totalmente on-line. A pandemia trouxe uma necessidade e com isso, foi preciso criar um novo modelo de raciocínio para o negócio, que realmente os tirou da zona de conforto e fez todo ecossistema se transformar.
Voa, Maria: Como sobreviver nos marketplaces e ainda se manter competitivo (nos apps de comida, por exemplo, os restaurantes pagam cerca de 30% de comissão pela intermediação da venda. Para o local, este montante é significativo no preço do produto final)?
Fátima Bana: Os marketplaces investem muito em mídia e isso faz com que suas taxas sejam realmente altas. Mas minha dica é fazer a seguinte comparação: tenho uma loja próxima a um shopping. Meu faturamento está muito ligado ao meu trabalho de marketing e atração das pessoas que circulam por ali. Porém, esse shopping me propõe colocar uma faixa enorme dentro da praça de alimentação dele avisando que eu existo. Qual minha chance de venda? Aumenta vertiginosamente. Então é como se estivéssemos comprando um ponto de alto giro.
A alternativa para minimizar essa situação é trabalhar o relacionamento com esse cliente que foi “pescado” via apps. Continuar a comunicação e trabalhar essa relação via redes sociais e aplicativos de comunicação, assim o custo inicial desse cliente pode ser dissolvido e o local ganhar um cliente fidelizado.
Voa, Maria: Pensando já em 2021, como fazer o planejamento para e-commerces e como você acha que o mercado vai se comportar?
Fatima Bana: O mercado continua crescendo. Saindo das grandes capitais, temos um mercado enorme para ganhar.
Planejamento é a chave do negócio. Pensar na expansão geográfica, abusando do on-line e sem esquecer do investimento em comunicação, no e-commerce. Essa é a principal chave de retorno.