Chinelos personalizados, quebra-cabeças, camisetas, almofadas personalizadas. E a lista continua, pois tudo que pode ser personalizável, Anne Oliveira produz. E, depois de exercer tantas atividades, foi no artesanato que ela se encontrou e se sente completa.
Goiana, Anne se descreve como uma mulher guerreira. Aos 14 anos saiu de casa, cansada do ambiente de brigas e desestrutura de sua família. Por isso, ela começou a trabalhar cedo em uma panificadora. Mas foi no seu segundo emprego, como vendedora de consórcio, que ela descobriu sua habilidade com vendas. “Também trabalhei como auxiliar de cobrança por cinco anos, empresa que administrei e que, no primeiro mês da minha gerência, conquistei lucro de R$ 12 mil, sendo que o lucro do mês anterior foi de R$ 241. Nem eu acreditaria nesta história se eu não tivesse lá”, diverte-se.
Mudanças
Anne não tem medo de mudança. A primeira delas foi a de Itapetininga, no interior de São Paulo, para Santa Terezinha do Itaipu, no Paraná. “Tínhamos uma oficina mecânica quando me marido foi aprovado em um concurso. Diante da instabilidade do negócio, como tínhamos um filho pequeno, optamos pela estabilidade do funcionalismo público”, lembra.
Outra mudança, depois de empregos já no Paraná, foi a investida no próprio negócio. “Meus filhos eram sempre cuidados por outras pessoas e, devido ao problema da troca constante de funcionárias, não quis mais trabalhar para ninguém. Aí meu esposo veio com a proposta de ter um salão de cabeleireiro”.
A primeira empreitada, no entanto, não deu certo. Anne conta que “não sabia trabalhar com salão” e, por isso, tinha de contratar tantas pessoas que, no fim, não tinha lucro no fim do mês. Mas mesmo com a experiência que lhe rendeu dívidas, ela não desistiu da ideia de ter o próprio negócio. “Vendi o salão e falei: ‘E agora, o que vou fazer da minha vida?’. Lembrei que sabia fazer chinelo bordado. Comecei a fazer chinelos e postá-los no Face. Vendi não sei quantas unidades e para vários lugares do País. Não quis parar mais.”
ArtViva
Apesar de diversificar seu portfólio de produtos e trabalhar com encomendas, a ArtViva nasceu apenas em março deste ano, quando Anne se juntou a uma sócia para produzir também camisetas. Porém, a parceria não durou muito e ela teve de enfrentar uma das duas principais dificuldades nesta nova etapa: a de aprender a fazer estampas artísticas no Corel Draw.
Já para dar conta das demandas mesmo trabalhando sozinha, ela conta que além de planejamento, ela também pede aos clientes prazos de três a cinco dias, período em que ela sabe que vai conseguir atender ao pedido. E para divulgar seus produtos e garantir as vendas, aposta nas redes sociais e no Mercado Livre, site pelo qual já comercializa seus produtos para diversos estados. “Para mim, meu negócio é um sucesso. É extraordinário ver tudo o que faço e a reação das pessoas quando entrego as encomendas. Me encontrei profissionalmente. Não é um negócio grande, mas é o suficiente para trazer alegria ao meu coração. Empreender não é só ser o top dos tops, mas fazer tudo com amor. O sucesso é consequência”.
Além de abrir uma loja física – Anne conta que no Paraná os clientes gostam de ir à loja e que já perdeu vendas por não ter um ponto comercial-, ela sonha, literalmente, em passar seus conhecimentos para outros empreendedores da região. “A nossa cidade é muito carente de informação em negócios e quero ensinar para outras mulheres o que tenho aprendido”, conclui.