Bradesco, Cultura Inglesa, Chubb Seguros, Kellogg´s, Granja Mantiqueira, J W Marriot, Mar Ipanema Hotel e mais de 20 fundos de pensão espalhados por todo o Brasil. Como conquistar uma carteira de clientes tão rica quanto a de Bárbara Castro? A jornalista carioca de 46 anos conta que empreender sempre esteve nos planos, desde a faculdade. Mas antes, ela teve a humildade de aprender tudo o que podia no mundo corporativo.
São 25 anos de experiência, dos quais 14 vividos na comunicação interna e mídias sociais de grandes empresas. Já aos 35 anos, ela decidiu levantar voo solo, primeiro como uma agência de comunicação full service. Atualmente, a Agência Atalho trabalha apenas com estratégias e gestão de marketing digital e de conteúdo (inbound marketing).
A empreendedora está à frente ainda do projeto Mulheres Bárbaras, em que disponibiliza conteúdo gratuitamente para pequenas empreendedoras. Aprenda com ela a criar um negócio fora de série.
Voa, Maria: Por que optou pelo empreendedorismo?
Bárbara Castro: Ter o meu próprio negócio era um projeto já pensado desde a faculdade. Ainda cursando jornalismo, eu tinha como objetivo abrir a minha empresa aos 35 anos. Na minha cabeça eu achava que seria uma idade na qual eu já teria bastante experiência e ainda teria muito gás para alavancar um negócio (risos). Naquela época, no entanto, minha paixão era reportagem, o que é comum à maior parte dos jovens jornalistas. Portanto, eu sabia que iria abrir uma empresa, mas não tinha a menor ideia do que seria.
As oportunidades, no entanto, me fizeram conhecer o universo da comunicação corporativa. Tanto a comunicação interna quanto a comunicação institucional com clientes, fornecedores e investidores. Foi aí que conheci o universo das agências e me apaixonei. É a diversidade dos negócios, realidades, objetivos e públicos que tornam tão rica esta experiência de agência, onde temos que conhecer a fundo o segmento de vários clientes para traçar para cada um deles a melhor estratégia. Na agência não tem monotonia. Sempre temos um novo desafio. É começar de novo, todos os dias. Para quem tem espírito empreendedor, esta superação diária é renovadora e mantém a alma pulsando. Eu, definitivamente, não seria feliz atendendo a um único cliente (meu empregador) ou tendo que realizar planos de terceiros. Risco, desafio, novidade e conquistas tornam minha vida muito melhor.
Voa, Maria: Quais as vantagens de empreender?
Bárbara Castro: Realizar um sonho. Colocar em prática um projeto no qual você acredita. Trabalhar, necessariamente, com o que você ama. Ter total controle sobre a gestão do negócio.
Voa, Maria: E os desafios que encontrou para criar e consolidar o próprio negócio?
Bárbara Castro: O primeiro deles é que você não sai da faculdade pronta para empreender. Não temos esta cultura. O segundo é que sempre trabalhei em empresas grandes, com estruturas muito bem consolidadas, onde cada um exercia apenas a sua função. Quando você abre a sua própria empresa, você tem que lidar com vários aspectos que não tem relação direta com seu produto ou serviço final. No meu caso, meu negócio tem por função criar estratégias de marketing para a carteira de clientes. Isso eu aprendi na faculdade e ganhei experiência ao longo da carreira. Mas, ao abrir minha empresa, tive que aprender a lidar com gestão financeira, gestão de pessoas, gestão administrativa, prospecção de clientes e tudo o mais que diz respeito a uma organização. Em paralelo, uma pequena empresa não tem um funcionário para cada área. No início, eu era a diretora, a contadora, a recepcionista, a entregadora e por aí vai rs. Realidade muito diferente da que vivia nas grandes empresas. Em resumo: a falta de preparo para empreender e a necessidade de ser multitarefas são os principais desafios.
Voa, Maria: Como superou estes desafios?
Bárbara Castro: Estudo. Prática. Humildade. Não tem jeito. A gente aprende a fazer, fazendo! Estudei tudo que era possível sobre gestão. Pedi ajuda. Errei. Contei com apoio do Sebrae e de parceiros ligados à gestão de pessoas e finanças. É preciso buscar especialistas para te ajudar no início. É fundamental ter consciência de que você tem muito a aprender no mundo dos negócios. Não é suficiente conhecer apenas o seu core business! É preciso ter uma visão geral de cada área, nem que seja para saber delegar e cobrar de sua equipe.
Voa, Maria: Quais são os diferenciais do seu negócio?
Bárbara Castro: Estratégia e proatividade, sem dúvida. Nosso objetivo é conhecer muito bem o negócio do cliente, seu público, suas necessidades e expectativas. Muitas vezes os clientes nem sabem exatamente o que precisam. Ou mesmo não têm muito claro seus reais objetivos.
Falo isso porque lidamos também com várias empresas que não têm área de marketing e acabamos ocupando este espaço e lidando diretamente com a alta direção.
Neste processo, não ficamos restritos apenas às ferramentas de marketing e suas aplicações. Temos o cuidado de, em primeiro lugar, fazer uma anamnese do cliente e, em parceria, desenvolver a estratégia. Não existe ação criada para o cliente, dentro da Atalho, que não tenha uma razão muito forte para a sua produção. Tudo é pensado para trazer o resultado esperado para o cliente. Seja venda, fortalecimento da marca, engajamento ou reposicionamento.
E esta forma de trabalhar de forma proativa, estratégica e lado a lado com o cliente que faz com que tenhamos relações muito duradoras com nossos clientes, com alto índice de satisfação.
Voa, Maria: O que é o projeto Mulheres Bárbaras?
Bárbara Castro: Mulheres Bárbaras surgiu em dezembro de 2017 como uma ferramenta para eu compartilhar com pequenas empreendedoras o meu conhecimento de gestão e de marketing digital para ajudá-las a melhorar seus processos, divulgação e resultados.
Sempre com linguagem simples e usando minha experiência particular, eu divulgo conteúdos de cada aspecto importante da gestão. Falo de administração do tempo, carreira, relação com fornecedor, atendimento ao cliente, técnicas de divulgação nas redes sociais etc. Uso ganchos de fatos atuais e meus cases próprios. Acho que o segredo do retorno positivo é que não tenho a pretensão de esgotar o tema ou de fazer um tratado acadêmico sobre gestão. São dicas simples que eu gostaria que tivessem me falado quando comecei minha empresa.
Surpreendentemente, a repercussão foi muito maior do que eu imaginava. Não só a receptividade por estas empresárias, como a demanda por mais informações, assistência e conteúdos.
As empreendedoras começaram a me pedir, também, consultoria e capacitação. Hoje, Mulheres Bárbaras continua sendo um movimento de compartilhamento de informações gratuitas, como também um segundo negócio, onde ofereço consultoria e mentoria, que é o programa Mentoria Empreendedora 3.0 (www.mulheresbarbaras.com.br).
Voa, Maria: Como é sua estratégia de divulgação dos serviços e como faz a captação de novos clientes?
Bárbara Castro: Nossa divulgação é baseada em dois pilares: autoridade digital e networking. Autoridade digital significa criar uma audiência que te reconhece com um especialista no seu segmento de atuação. Como fazemos isso? Oferecendo gratuitamente conteúdos de valor. Dicas, e-books, infográficos, vídeos etc. Na hora em que esta audiência vai consumir o serviço que oferecemos, ela já conhece nosso potencial e pensa: se gratuitamente a Atalho ou Mulheres Bárbaras já nos oferecem tanto, imagina contratando seus serviços? Temos a tendência de contratar serviços de quem já conhecemos! É isso que acontece através da criação de audiência. E networking também é fundamental. Participar de eventos, manter relacionamento com clientes e prospectos, estar disponível para palestrar, fazer parcerias, tudo isso mantém sua marca viva na cabeça do seu público-alvo.
Voa, Maria: Você tem muitos seguidores na página do Face. Como este número significativo resulta em negócios efetivamente?
Bárbara Castro: É uma página relativamente recente, tem um pouco mais de seis meses, mas com um bom público. A questão nem é a quantidade de seguidores, mas o perfil destas seguidoras e o quanto elas estão “aquecidas” para receber suas ofertas. O que torna a página atraente é seu conteúdo que toca diretamente na dor das empreendedoras. Isso faz com que elas consumam todo material gratuito e tenham interesse genuíno em participar do programa pago (Empreendedora 3.0) e da consultoria individual. Na prática, meu investimento é meu tempo dedicado a produzir os conteúdos. Com o alto índice de engajamento, o retorno nos produtos MB (Mulheres Bárbaras) ultrapassou nossas projeções mais otimistas.
Voa, Maria: Quais dicas você daria para as mulheres que, como você, sonham em ter o próprio negócio?
Bárbara Castro: Antes de tudo, que empreender seja uma escolha e não uma falta de opção. Em seguida, que avaliem se realmente estão dispostas a correr o risco. Vejo muitas mulheres “optarem” pelo empreendedorismo depois da maternidade, como uma forma de ficar mais próximas dos filhos. Na minha concepção, uma empreendedora é empreendedora 24 horas por dia, em 365 dias do ano. Mesmo quando não está trabalhando, sua cabeça está enxergando oportunidades em todo lugar. Acho um equívoco achar que você vai trabalhar menos ou ter mais qualidade de vida (no início, claro). Para empreender é preciso se arriscar e se entregar. Depois os resultados virão e você poderá curtir tudo aquilo que ama.
Voa, Maria: Você tem parceiras? Como conquistou tais parcerias?
Bárbara Castro: Negócios pequenos precisam de parcerias. São fundamentais. Seja para divulgação, realização de evento em conjunto, seja para permuta de serviços. Seja para agregar valor para seu produto ou serviço. Já fiz muitas parcerias, principalmente trocando meus serviços pelo serviço do parceiro. As principais foram para divulgar nossos serviços, criar um planejamento estruturado de gestão de pessoas e colocar as finanças da empresa em ordem. Para pequenos empresários, a parceria é a melhor forma de conseguir bons serviços sem necessariamente precisar investir capital.
Voa, Maria: Qual o seu sonho em relação a sua empresa?
Bárbara Castro: O principal sonho de qualquer empreendedor é a sustentabilidade do negócio. Além da sustentabilidade, minha concepção da empresa dos sonhos é olhar para minha carteira de clientes e ter certeza da transformação que causamos em cada um deles.