Entrevistas Moda

Camila Machado: do escritório improvisado na sala da mãe para o 10.000 Mulheres

Para Camila Machado, ter o domínio sobre a sua agenda é uma das grandes vantagens em ter seu próprio negócio. Assim, ela pode almoçar com uma amiga em plena segunda-feira, levar os dois filhos à natação pela manhã e passar tempo com quem ela ama. Porém, não pense que a rotina é simples. Afinal, a estilista paulistana de 35 anos começa seu trabalho criativo a partir das 23h – quando a criatividade criativa começa a fluir – e, às vezes, tem de virar a noite para dar conta das demandas.

Estilista e sócia-fundadora da Lascivité, com mais de 12 anos de atuação na área de criação, desenvolvimento e negociação de produto, Camila é formada em Relações Internacionais, Fotografia, História da Arte & Antropologia e Cultura & Inovação. Ela também foi uma das 50 mulheres selecionadas para participar do programa 10.000 Mulheres e atua em  diversos projetos no Sebrae, entre eles o ALI e os Quatro Cantos da Moda. Mas apesar de tantos títulos, ela se resume como mãe, esposa, empreendedora, filha, irmã, amiga e sonhadora.

E foi por conta da vontade de ser mãe que ela trocou o mercado de trabalho pelo próprio negócio. “Em 2003 me casei e definitivamente não queria ter filhos e trabalhar no ritmo em que trabalhava (mais de 12 horas por dia). Acho que trazer uma vida ao mundo é algo que exige muita responsabilidade. Acho sim que a mulher tem e deve trabalhar para sua felicidade e independência, mas terceirizar uma vida é algo muito sério, e para mim não rola. Pois ser mãe é minha primeira opção.”

Início

Camila começou a trabalhar ainda aos 14 anos e, cinco anos mais tarde, recebeu uma proposta para atuar em uma multinacional americana, com um salário atrativo. “Mas ainda assim, sentia falta de algo, achava as pessoas no meio corporativo muito competitivas, ríspidas, individualistas, apesar do papinho de trabalhar em equipe”, aponta.  

Ela então contou com o apoio da família para abrir o primeiro ateliê na sala da casa da mãe. “ Apenas contratei uma amiga arquiteta para dar um tapa e fiz parcerias para iniciar as coisas de forma simples e sustentável, crescia de acordo com o capital que me sobrava. Nunca precisei de empréstimos, sempre preferi fazer as coisas devagar, até porque acho que nosso país não valoriza os empresários, os empréstimos são ridiculamente caros”, lembra.

Assim nasceu a Lascivité, grife de vestidos e sapatos exclusivos, com influência retrô, que hoje investe em novas tendências, como o mini wedding (também conhecido como casamento intimista). “Acho que os vestidos de noiva precisam mudar. Hoje em dia as pessoas não estão mais interessadas em gastar fábulas em seus casamentos, já não faz mais sentido. Os mini weddings imperam por seu formato mais minimalista, intimista, econômico e real. Os vestidos não acompanharam essa tendência, em minha opinião. Percebendo esse gargalo, resolvi criar uma coleção denominada Petit Marriage, em que os vestidos são femininos e românticos, feitos com detalhes à mão e personalizados. Quero que minhas noivas fiquem lindas e ressaltem sua real beleza no dia delas”.

Os próximos passos

Ainda que tenha sofrido nos primeiros anos de negócio por falta de conhecimento técnico, Camila investiu em diversos cursos, consultorias e mentorias. Agora, por exemplo, ela está estudando exportação. Mas em relação aos sonhos, deseja ver os filhos crescerem felizes e também tem vontade de “devolver à sociedade um pouco do que a vida proporcionou”. Por isso, ela está montando um projeto social que ainda depende de parcerias, mas que em breve pode aparecer no Voa, Maria.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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