Entrevistas Moda

De olho no exterior, Karmel Liedmann dá personalidade ao Skate Feminino brasileiro

Ainda criança, Karmel Liedmann fazia pulseiras para vender no colégio e ajudava a avó em uma barraquinha de bijuterias na orla de Santos, onde nasceu. Já aos 12, começou a panfletar, a fim de ganhar o próprio dinheiro. No currículo dela constam ainda trabalho como vendedora no shopping e na Oscar Freire, no centro de São Paulo, e também uma farmácia de manipulação, emprego em que após apenas quatro meses de experiência, ela foi promovida à gerência.

Porém, trabalhar no mercado não era para ela. Tanto que, ainda aos 19 anos, juntava dinheiro para ter o próprio negócio – meta que atingiu aos 21. “Pensava em empreender, não por ganhar dinheiro, mas por comunicação. Para ser protagonista da minha própria história, ir atrás do meu sonho, acabei empreendendo”, conta.

Para transformar o sonho em realidade, Karmel então se especializou. Além da faculdade de Administração em Recursos Humanos, ela investiu também em um MBA de Branding. E abriu sua primeira loja de roupas em Santos. “Até um dia em que estava na praia e vi um menino que cortou o skate. Era um skate menorzinho. ‘Se ele mexeu, também posso mexer’, pensei”.

Revolução no mercado

Foi assim que nasceu a Melancia Skategirls – marca exclusiva para meninas que, de acordo com pesquisa Datafolha, já somam 380 mil praticantes da modalidade.  “Quando ia comprar skates, nem se falava em marca feminina. Tinha apenas uma marca americana. E as marcas sempre traziam mulheres com o peito de fora. Então ganhamos muita força, que cresceu muito. Em três anos e meio de atividade, já vendemos para 21 estados”, comemora Karmel.

Mais do que propor skates, roupas e acessórios mais femininos e coloridos, Karmel e seu negócio trouxeram mais visibilidade também para as mulheres na prática esportiva.  Isso porque, além de patrocinar atletas, Karmel se recusa a patrocinar eventos que não tenha disputa de meninas. “Investimos nas meninas, que vão aos eventos com o nosso skate. Nunca investimos um real em marketing, pois além das nossas três atletas que vão para competições internacionais com a marca, também distribuímos adesivos”, continua.

Família

Focada em um público mais jovem, um dos grandes diferenciais da Melancia Skategirls é a proximidade com as clientes: ao adquirirem novos produtos, as meninas recebem duas cartinhas. Uma de boas-vindas à família e outra com mensagens inspiradoras. “É uma troca muito grande que temos com as consumidoras. Assim que recebem os produtos, elas já os divulgam na internet”.

Mas não são só as meninas que se encantam com a marca. Karmel conta que cerca de 30% dos clientes são homens, que compram skates para presentear as namoradas.

Próximos passos

A palavra de ordem agora na Melancia é estruturação. Isso porque a empresa enxerga diversas oportunidades para crescer não só no Brasil, mas também no mundo. Um dos cenários favoráveis para o crescimento da empresa é a inclusão do skate – junto com outras quatro modalidades esportivas – na lista de disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. “Queremos alavancar muito a Melancia. Estamos [Karmel é sócia do namorado, Henrique Wisniewski] procurando investidores e aumentando o nosso financeiro para investir em estoque.”

Outra meta é conquistar a Califórnia, nos Estados Unidos, polo mundial do skate. “Ao chegarmos na Califórnia, conseguiremos expandir para outros 20 países. Apesar de enfrentar muita burocracia para importar skates, também somos protegidos por ela, já que a burocracia inviabiliza a entrada de concorrentes aqui no Brasil”, observa.

Por fim, Karmel quer fazer com que a Melancia seja também uma referência nacional. Pensou em skate feminino, pensou em Melancia. E todas estas metas são viáveis não só para ela, mas também para todas as mulheres que quiserem ter o próprio negócio, independente da área de atuação. “Se eu consegui, qualquer pessoa consegue. Eu era muito nova quando comecei a empreender, ninguém me apoiava, não tinha dinheiro nenhum. Eu lutei mesmo. Não tinha nada. Mas segui a minha intuição. Caso contrário, ainda estaria trabalhando no mercado”, finaliza.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

Você também vai gostar de

Posts populares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *