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Celebrar a vida: conheça 4 empreendedoras do ramo funerário

Em Dia de Finados, os cemitérios ficam lotados de familiares e amigos que perderam entes queridos. Geralmente, além da visita, se unem para assistir celebrações religiosas e também revisitar memórias sobre a lápide de alguém que já partiu deste mundo.

Porém, para algumas empreendedoras, o ritual de celebração da vida não se resume apenas a 2 de novembro, mas sim durante o ano inteiro. O negócio delas está relacionado com a morte, mas em vez de tristeza, elas defendem a despedida como forma de homenagem. E para isso, criaram até produtos e serviços para eternizar o ente querido.

É o caso da empreendedora Mylena Cooper, que começou a trabalhar no negócio da família, a Funerária Vaticano, ainda menina. Apesar de familiar, a hoje diretora geral da empresa nunca teve regalias e, mais que participar de congressos e feiras no Brasil e exterior, ela também se dedica à diversas inovações pensadas para os familiares.

Uma dessas novas propostas é a parceria com a Celestis (localizada nos EUA) que representa a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) em que leva cinzas humanas até ao espaço. Este serviço, no entanto, se mostrou um fracasso. Até hoje, nenhum familiar contratou o serviço [eu quero, Mylena!], mas a experiência trouxe à empreendedora curitibana a percepção de que os parentes querem permanecer perto dos entes queridos. Assim, a Vaticano transforma as cinzas em diamantes, joias, objetos de decoração ou ainda as usa para nutrir sementes e plantar árvores nativas.

Homenagem em forma de arte

Já artista plástica Cláudia Eleutério eterniza pessoas em forma de arte: dos 2,5 quilos de cinzas, ela mistura até 200 gramas com tintas e produz quadros. Denominada arte picto-crematória, a técnica de Cláudia foi desenvolvida em 2003 para “homenagear a vida, eternizando a memória de pessoas queridas através da pintura”.

Para Nina Maluf, diretora e proprietária da Thanatology Capacitação Profissional, a arte se manifesta no tratamento pós-morte. Nina começou a se interessar pelo ramo funerário ainda aos 8 anos, quando foi levada pelo avô a um laboratório de próteses. A menina então ficou encantada e sabia o que queria ser desde então. Hoje, a empreendedora de Canoas, no Rio Grande do Sul, é referência em Tanatopraxia (procedimento de preparação do cadáver para o velório) com Necromaquiagem. E, para ela, não existe recompensa maior do que receber elogios da família de que ela “fez o melhor” para deixar a pessoa falecida o mais parecida possível ao que era em vida.

Quebrando tabus

Dona de dois cemitérios em Guarulhos, Gisela Adissi tinha vergonha de dizer que era do ramo funerário. Ela lembra que, quando dizia que a família era dona do Grupo Primaveras, as pessoas ficavam desconcertadas, situação que viveu desde o ensino primário até a pós-graduação. “Ninguém quer ficar perto de algo ou alguém que lembre a morte. Fazemos de tudo para nos esquecer de que ela existe”, conta a empreendedora no Projeto Vamos Falar Sobre o Luto?, que ela mantém com contribuições de voluntários para que os temas relacionados à perda de pessoas queridas sirvam de reflexão e conforto aos que ficam.

O projeto surgiu depois que Gisela perdeu um primo em um acidente aéreo, tragédia que a fez ter mais empatia com os clientes e também de repensar o seu negócio. Hoje ela diz ter orgulho de empreender no setor funerário é ter amor e cuidar de pessoas e memórias.

Fonte: Esta matéria foi criada a partir de entrevistas concedidas ao Programa do Bial e de pesquisas na internet. Para assistir ao programa, clique aqui. E para conhecer o trabalho das meninas, clique aqui, aqui, aqui e aqui.

 

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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1 Comment

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