Entrevistas

Com locação de casas nos EUA, Patrícia Braga transforma o sonho de conhecer a Disney em negócio

Criado no século passado, a Disney se transformou no maior e principal centro de diversão do mundo, seja pelos parques temáticos, seja pela produção audiovisual que marcou a nossa vida em algum momento. Afinal, quem não se emocionou com a morte do Mufasa em O Rei Leão? Ou não cantou Let it Go com a Elsa, do Frozen. Ou ainda passou parte da infância assistindo aos desenhos clássicos do Mickey, Pateta, Pato Donald e outros personagens tão icônicos quanto?

O fascínio que a Disney exerce sobre as pessoas ainda é gigantesco. Afinal, gera mais de R$ 59,4 bilhões de faturamento (sendo 12,5 bilhões de lucro líquido) em 2018 e atraiu 157,3 milhões visitantes para seus parques temáticos no mesmo ano. E o Brasil continua entre os três países emissores de turistas para o parque. E é este o público-alvo de Patrícia Braga.

Assim como tantos turistas que visitam Orlando frequentemente, Patrícia também era uma jovem apaixonada por viagens internacionais, entre elas, claro, a Disney. Mas antes de empreender, ela trilhou uma sólida carreira na indústria do ABC Paulista, na Grande São Paulo.

Filha de peixe

Mais velha de quatro irmãos, Patrícia, hoje com 42 anos, foi a única da família que escolheu investir sua carreira no mundo corporativo desde muito cedo. “Vim de uma família de empreendedores e como via meus pais ralando muito. Decidi que queria ser diferente”, lembra.

Para tanto, ela se dedicou bastante para atingir conquistar seu lugar ao sol na indústria. Estudou inglês desde os 10 anos. Já aos 16, ainda cursando um técnico em secretariado, conseguiu seu primeiro emprego em uma multinacional de veículos. E, o que ela fez com o salário? Investiu em um intercâmbio para aprimorar ainda mais o idioma.

Graduada em Comércio Exterior, Patrícia recebeu diversas promoções ao longo da carreira. No entanto, ela conta que as demandas da empresa foram tomando grandes proporções em sua vida pessoal, já que uma das promoções que recebeu foi a de ser mãe duas vezes. “Eu amava o que fazia, mas até certo ponto. Sempre viajei a trabalho, mas depois que virei mãe isso virou um tormento. Tenho muita gratidão pela empresa, afinal foram 24 anos de dedicação que resultaram no meu apartamento, renda, muitas viagens e a possibilidade de empreender.”

Transformando sonhos em realidade

A ideia de comprar uma casa em Orlando para alugá-la para estrangeiros partiu de um casal de amigos, que, em 2015, entrou em uma sociedade com outras pessoas para comprar uma vacation home. “Falei que eles eram loucos por fazer um investimento em dólar. Achei um absurdo.”

Mas depois de conhecer a casa dos amigos, Patrícia mudou de ideia. “Pensei: ‘Jesus, que bicho é esse?’ Amei a experiência. Sempre que ia à Disney, ficava em hotel. Agora amei ficar em casa”, lembra.

Depois de se desligar da montadora, Patrícia estava parada. Até que o marido deu a ideia de comprar também uma casa nos Estados Unidos. E foi assim que nasceu a Sua Casa Pertinho da Disney. “Peguei parte da rescisão para financiar a casa. Saí da montadora em junho de 2017. Em dezembro assinamos o contrato de compra do imóvel e já no dia 29 de dezembro daquele ano já estávamos em operação graças ao Airbnb”, continua.

Operação

Patrícia opera no Brasil e, para tanto, tem parceiros na Flórida que cuidam da casa entre a mudança de hóspedes. Além da casa própria, ela também agencia a locação de outras 90 casas. “Em dois anos de operação recebi 140 famílias. Por mês, na casa, tenho até cinco reservas. Em 2018 e 2019, tive uma taxa de ocupação de 95%. Não tenho um respiro com a casa vazia, porque faço a gestão da precificação da casa. Se tenho dias livres, abaixo o valor da diária e consigo reter os hóspedes, que muitas vezes cancelam a reserva no hotel e continuam com a gente”, ensina.

Outro grande parceiro do negócio é o Mickey. Afinal, o produto se vende sozinho. Cabe à Patrícia mostrar que a hospedagem em casas (a dela comporta até 10 hóspedes pela diária de 150 dólares) é muito mais barato que a estadia no hotel. Para tanto, ela faz stories no Instagram e investe na divulgação nas redes sociais.

https://www.instagram.com/p/B2ovixpje18/?utm_source=ig_web_copy_link

A empreendedora se preocupa ainda com a excelência na experiência dos clientes, pois dá informações para os viajantes que vão muito além da hospedagem na casa. Ela fornece folders com informações, indica restaurantes para refeições saudáveis, entre outros cuidados. “Tento vender Orlando além dos parques. Tem que conhecer as praias, a comida que não é o hot dog. É possível até uma viagem mais zen para a turma do yoga. O condomínio é um lugar silencioso, mesmo a 10 minutos do parque. Dá para fazer corrida, exercícios, um pacote de coisas. É uma experiência completa”, defende.

Mas nem tudo é tão mágico quanto parece, especialmente porque empreender em outro país requer adaptações. “O sistema americano faz com que a luz seja cortada quando a casa é vendida para outro dono. A baixa na junta do imóvel foi dada dia 28 de dezembro. E dia 29 já tínhamos hóspedes com a geladeira cheia de alimentos. Tive de pagar do meu bolso a estadia para esta família em outra casa e comecei a empreender já com um prejuízo de quase R$ 5 mil”, conta.

Vantagens

Nem tudo, no entanto, é perrengue. Patrícia conta que desde que começou a empreender tem mais qualidade de vida em família, pois tem tempo mais flexível. Agora, ela almeja escalar a demanda do negócio, tanto que pensa até em comprar outras casas. Por isso, ela está sempre fazendo estudos, a fim de identificar novas oportunidades.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

Você também vai gostar de

Posts populares