Entrevistas Moda

Para evitar escanteio, Raquel Damasceno criou a Bloom Me e fatura mais de 5 dígitos

O ano de 2016 foi um período bastante turbulento para Raquel Damasceno. A então gerente de Compras enfrentava uma fase ruim na multinacional em que trabalhava, sem muitas realizações e projetos. O desânimo era tanto que ela estava até tentando mudar de área.

Além de um novo departamento para atuar, a mineira de Poços de Caldas radicada em São Paulo desde 2014 chegou até a considerar um novo caminho: empreender. “Via que muitas pessoas de 40 e poucos anos ficavam de escanteio dentro da empresa. Aquela fase de ralar demais já tinha passado. Agora vou pensar mais em mim”, comenta a administradora de 37 anos.

Então, ela decidiu pesquisar na internet negócios prontos que ela pudesse adquirir. “Achei vários portais com empresas à venda. E um dos modelos que achei muito legal foi uma loja de moda”, comenta.

Foi assim que nasceu a Bloom Me. Ao lado da sócia Selma Barbugian, Raquel logo enfrentou o desafio de aumentar o faturamento. E a empresa também teve de passar pelo processo de amadurecimento durante dois anos. “Fui montando tudo quieta, porque palpite todo o mundo dá. Engraçado que tudo o que montei no plano de negócio, de valores, de atendimento personalizado, tudo o que planejei se concretizou”, comemora.

Raquel e a sócia, Selma. Crédito: divulgação.

Novos desafios

Abrir mão de um salário fixo pela instabilidade da própria empreitada foi uma das maiores dificuldades da empreendedora. Nos demais campos, por ser graduada em Administração e pesquisas de modelos na internet, a adaptação à nova realidade foi mais tranquila. “A questão financeira ainda é a mais difícil. Em casos de revezes financeiros, a gente tem de se virar: corre atrás, faz uma antecipação de cartão.”

Em média, a Bloom Me atende cerca de 50 clientes por mês e comercializa 150 peças – números bastante significativos, tendo em conta que as marcas revendidas pela loja são de grife ou de produção artesanal.

Além de investir na qualidade dos produtos que revende, Raquel conta que uma das estratégias para atrair clientes é o ambiente. Localizado no Brooklin, bairro de alto padrão em São Paulo, o espaço físico aumentou a confiança das clientes. “Tem cliente que vem aqui conhecer a loja e depois faz as compras pela internet. Isso sem contar que tenho um ambiente bonito para a produção de conteúdo digital”, pontua.

Espaço para conexão e networking

Outra estratégia da empresária é investir em eventos para atrair potenciais clientes para a loja. Para tanto, ela realiza o lançamento de coleções, faz encontros entre as mães da escola do filho, promove palestras sobre o universo feminino, entre outros. “Além de fazer a energia circular e as mulheres se reconhecerem, quem vem, vem para conversar”, continua.

Crédito: divulgação.

Para quem sonha, assim como Raquel, em ter um negócio de sucesso, uma das principais dicas é investir em planejamento. “Planejamento, tanto com relação a negócio, quanto em relação a dinheiro. E saber exatamente o que a pessoa quer. Bater o pé em que você quer. Fiz uma consultoria para uma pessoa que queria um negócio, mas ela estava muito confusa. Assim não adianta”, observa.

Investir em produtos de qualidade também acaba se tornando um diferencial competitivo. Raquel observa que, ainda que o desemprego seja uma realidade cada vez mais presente no Brasil, quem tem poder aquisitivo para  investir em roupas de marca está escolhendo bem os produtos antes de comprá-los.

Por isso, mais que qualidade, a empreendedora agrega valor também ao trazer produtos sustentáveis, tanto do ponto de vista ecológico quanto do social. “Uma das linhas de bolsas são feitas por artesãs de Fortaleza, trabalho que é muito rentável para o local. E uma das marcas de jeans tem um processo de produção que polui menos. São escolhas que eu e os consumidores fazemos cada vez mais no dia a dia e tem de ser uma escolha verdadeira.”

Enquanto empresária, Raquel agora tem dois objetivos. O primeiro é o sonho de crescer e expandir o negócio, trazendo ainda mais empreendedoras para o espaço de convivência. E o segundo é ter mais tempo para ficar na praia durante o período pós-festas. “Tenho um grupo de amigos que ficavam na praia até dia 10 e eu, por trabalhar em empresa, tinha de voltar ao batente dia 2. Ainda não deu para passar uma semana na praia desde que comecei a loja, mas a realização pessoal de ter autonomia é extremamente gratificante. E fim de ano é uma época em que vendo bastante, então estou bem relax”, conclui.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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