Diversas áreas do mercado de trabalho estão mudando. Para os jornalistas, talvez a mudança tenha sido mais sensível. Afinal, grandes redações têm demitido mais e mais profissionais Porém, a demissão não significa, necessariamente, o fundo do poço, já que há cada vez mais espaço para produção de diversos tipos de conteúdo.
Depois de passar por diversos veículos, investir na própria marca foi grande oportunidade para Érica Araium, 37 anos. O projeto Diálogos Comestíveis, que ela idealizou há seis anos, pôde, finalmente, sair do papel. “Como estava vinculada à redação, eu não poderia por ética investir neste segmento. Mas congelei a ideia, que fui amadurecendo ao longo do tempo”, conta.
O tema, claro, não poderia ser outro: Araium, sobrenome da família com origens na Letônia, significa “terra pronta para o arado”. E Érica sempre teve uma relação muito próxima com a gastronomia. “Aprendi a cozinhar com a minha mãe, mas me aproximei da gastronomia quando cursei biologia em Botucatu. Fiz, ao longo do tempo, diversos cursos livres e fui vegetariana por muito tempo e tive de aprender a me nutrir.”
Outra experiência que aproximou a jornalista e empreendedora da cozinha foi a faculdade. “Morei com pessoas que faziam engenharia ambiental e aquelo me despertava consciência. Fui tentando, na maior parte do tempo, fazer a opção de consumir alimentos frescos e de pessoas que eu conheço os produtores. Dediquei para entender a lógica e logística da produção de alimentos”, pontua.
Novos rumos
Ter o seu próprio negócio não era uma ideia situacional e já fazia parte dos planos da jornalista. “Sempre pensei em ter o negócio próprio na área de comunicação quando cursei jornalismo. Pensava em consultoria, mas apesar de ter duas faculdades, seis especializações e cursos técnicos, não tinha muita experiência.”
A alternativa, além de se dedicar ao blog e trazer conteúdo sobre toda a cadeia produtiva dos alimentos, é criar a própria marca. Érica também investe em conhecimento para que possa oferecer consultorias às empresas. “Aos poucos a consultoria vem caminhando para a consultoria propriamente dita. Para consultoria imagino até um novo nome. Tenho atendido pessoas, palestras, cursos. Agora vou participar do Fórum Gastonomico de Campinas e também sou docente da Universidade de São Francisco”, continua.
Se adaptar à nova realidade do mercado jornalístico, para Érica , não foi um processo traumático. Pelo contrário, só fez com que ela investisse em algo que sempre gostou de fazer: compartilhar conhecimento. “A minha ambição é mudar contextos. E acho que sou capaz de mudar empresas com o contexto que criei. Cada vez que encontro uma pessoa, quero dialogar, quero fazer acontecer. Outra vantagem de empreender é sair da zona de conforto. Todo ano faço um curso diferente, fico incomodadíssima se não estou estudando. É isso que me move”.