Não sabendo que era impossível, ela foi lá e fez. Este não é o tema de Eliana Tameirão, mas elucida bem a trajetória e a carreira da executiva e empreendedora mineira. Apesar de nascer em uma família conservadora, ela sempre foi estimulada pelo pai a ser independente e confiante, tanto que aos oito anos, por iniciativa dele, aprendeu a dirigir.
Desde cedo, Eliana também aprendeu a amar os animais. Por isso, cursar biologia era um caminho natural para a mineira. “Estudei na Metodista de Belo Horizonte, mas trilhei a carreira inteira na indústria farmacêutica. Na década de 1980, comecei a perceber que, para alçar voos maiores, teria de vir para São Paulo”, conta.
A partir de um convite para estruturar uma empresa dinamarquesa no Brasil, Eliana trocou a terra do leite pela do café, onde mora até hoje. “Foi uma ótima experiência para ter contatos, pois para mim não existe um trabalho que não seja digno”, continua.
Trajetória na terra da garoa
Em São Paulo, Eliana conseguiu consolidar sua carreira executiva no grupo Sanofi, no qual responde pela área de Políticas Públicas América Latina da Sanofi Genzyme, unidade de cuidados especializados dedicada ao desenvolvimento de terapias para doenças raras e debilitantes. No entanto, chegar a um dos cargos mais altos de uma multinacional não foi simples. “Já tive situações em que, por ser mulher, tive de pedir palavra de ordem para ser ouvida”, lembra.
Mas, além da trajetória intraempreendedora, ela também teve a oportunidade de trazer para o Brasil a própria Genzyme, que posteriormente foi comprada pela Sanofi e é referência em biotecnologia. “Éramos três na equipe e tínhamos de fazer tudo, até carregar caixa”, diverte-se.
Tanto esforço valeu a pena, pois à frente da Sanofi Genzyme, Eliana recebeu onze prêmios de reconhecimento de excelência em sete anos de liderança, entre eles o Great Place to Work e o título de melhor empresa de saúde do País.
Conselhos
Uma das vantagens que Eliana encontrou no empreendedorismo foi a possibilidade de colocar as próprias ideias em prática. “Sou privilegiada por trabalhar com pesquisas e cientistas. E o grande sucesso do grupo foi não aceitar o não. Não desafiamos modelos hierárquicos, mas construímos novos modelos”, revela.
Outro benefício de empreender e destacar-se como executiva foi a possibilidade de empoderar mais mulheres. “Hoje não tenho mais conflito com a palavra poder. Quanto mais você aprende a usar o poder que lhe foi dado, mais você evolui. E não se trata de ter poder sobre os outros, mas com os outros, para empoderá-los. Meu sonho é ter mais poder para ajudar mais pessoas”, ressalta.
Por fim, para quem quer criar e consolidar uma indústria de referência no mercado, Eliana conta que o segredo é investir no planejamento estratégico e financeiro. “É importante ter um caderninho, pois os recursos são finitos”, conclui.
