Entrevistas

Leninha Gonçalves: planejamento para tirar férias e abrir a própria franquia

A última coisa que a mãe de Gladsleme Silva Gonçalves, conhecida por todos como Leninha, queria era que os filhos seguissem a tradição da família e trabalhassem por conta própria. Por isso, esforçou-se ao máximo para garantir aos filhos acesso ao ensino superior. Leninha, por exemplo, é formada em Comércio Exterior. E, apesar dos esforços familiares, o tiro saiu pela culatra. Mas a empreendedora de Rondônia, hoje alocada em Goiânia, está se destacando cada dia mais na produção de chocolates finos.

“Sou empreendedora e desde pequena sonhava alto. Na verdade, queria ser uma mulher de negócios. Mas eu mesmo que cai na área do chocolate de paraquedas”, conta. Leninha, que após a graduação trabalhou em uma empresa de exportação de carnes. Porém, uma eventual demissão, sem nem direito a seguro-desemprego, a inspirou a investir no próprio negócio. “Fui ao Sebrae, a fim de fazer tortas, bolos e tortas. A consultora perguntou se eu sabia fazer bolos e tortas. Neguei. ‘E se o confeiteiro faltar?’, ela perguntou”, continua Leninha.

Diante de tal questionamento, a empreendedora então decidiu fazer um curso de chocolateria e se apaixonou pela área. Mas se engana que o começo da trajetória dela foi fácil. Para investir na formação, Leninha teve de começar quase literalmente do zero. “Não tinha recurso. Então comprei uma barra de cobertura, uma ou duas formas e comecei a produzir. Vendi para a cunhada e para outras pessoas. E o curso de chocolate industrial custava R$ 200, que não tinha dinheiro para fazer. Dividi o valor em quatro vezes”, orgulha-se.

Ousadia

Além da família, Leninha vendeu seus primeiros chocolates para a cunhada e também no boca a boca, graças a ajuda do Orkut, ainda em 2008. “Sempre misturei o artesanato com outros diferenciais. Aí uma cliente perguntou se eu fazia charuto. ‘Faço’, respondi. ‘Então quero 100’. Aprendi a temperar o chocolate e no dia combinado entreguei as 100 peças.”

Uma das dificuldades do início da Delices du Chocolat, fora os recursos limitados, foi a crença sobre a qualidade dos produtos. “Acreditavam que o meu trabalho não era de qualidade, porque o assimilavam a chocolate de má qualidade”, pontua.

A vantagem de empreender, para ela, é a recompensa  financeira, pois quanto mais Leninha trabalha, mais a renda dela aumenta.

Hoje a Delices du Chocolat é referência no mercado. Além de vender no próprio site e na plataforma Elo 7, Leninha atende, junto com o “sóciorido”, pedidos de todo o País, delicadamente trabalhados para presentes e comemoração de nascimentos. Até propostas para abrir a própria  franquia ela já recebeu, mas para isso precisa de estruturar melhor. “Meu sonho é abrir uma chocolateria bem maior. Vou abrir uma loja maior, mais estruturada, depois penso em franquia.”

E para realizar seus sonhos e atender com excelência os pedidos, Leninha trabalha bastante com planejamento, já que seu negócio tem picos de pedidos na Páscoa e no Natal. “O planejamento da Páscoa é feito nas férias”, diz.

Graças a este planejamento, a empreendedora e marido conseguem tirar até um mês de férias em janeiro, quando ela volta ao Norte para visitar a família, feito que consegue realizar também pela disciplina de juntar, mensalmente, uma reserva para o merecido descanso.

 

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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