Entrevistas Moda

Com lingerie para lactantes, Natália Pereira planeja exportar conforto para mães de todo o mundo

Boas ideias para empreender podem surgir a qualquer momento. A de Natália Pereira, criadora da Maya Lingerie Materna, surgiu em uma tarde, quando ela estava deitada no sofá: ao acompanhar o período pós-parto da irmã, a paulista de Pirassununga decidiu criar uma lingerie pensada no conforto da mulher durante a amamentação.

A ideia deu certo e em pouco tempo. Com oito meses de operação, a Maya Lingerie se destacou no Prêmio Mulheres Seguras, da Liberty Seguros. “O prêmio dá uma chancela de que estou no caminho certo. Então temos um feedback muito positivo, as mulheres que compram indicam para as amigas. Sou muito realizada por ter esta ideias que hoje é o meu sustento, meu projeto de vida”, comenta Natália

Origens

Hoje aos 34 anos, Natália conta que deixou o interior 17 anos atrás para fazer faculdade de fotografia na capital. “São Paulo era uma escolha consciente de que eu tinha de sair do interior para fazer faculdade. Não tinha medo de sair da casa dos pais para morar sozinha”, conta a fotógrafa que, depois da graduação, se jogou no mundo. “Trabalhei no México, em cruzeiros”, lembra.

Em 2010, Natália voltou ao Brasil e passou a dar aula de fotografia no Senac e a fotografar casamentos. “Como professora, tinha um salário e carga horária de 20 horas semanais. Era metade da semana e eu conseguia pagar as contas. Mas fotografia é uma competição enorme,  todo dia tem um fotografo novo.”

Há dois anos ela mudou o mindset e decidiu empreender. “Fiz o Empretec e a partir dele mudei. Nunca tinha feito um plano de negócio, mas como fotografa e gestora cultural, sabia escrever projetos. O Sebrae ajudou bastante no plano de negócios. Tive de buscar as competências que eu não tinha e conversei com pessoas que tivessem esses conhecimentos pra desenvolver a marca.”

Sangue frio

De setembro de 2015 até o mesmo mês do ano passado, Natália se dedicou ao desenvolvimento das lingeries. “São produtos para amamentação , pensando em design e cores atuais. A gente nem tem a cor bege no nosso portfolio. Nossa proposta é atrelar design ao bem-estar da mulher nesta fase pós-parto. A gente não quer que as peças sejam armas de sedução para o homem, mas um momento para a mulher se reaproximar do corpo físico após a mudança. A gente sabe que uma lingerie bonita levanta o astral e deixa a pessoa de bem consigo mesma.”

Há um ano no mercado, a empreendedora vende entre 80 e 100 peças por mês, o que soma um faturamento de R$ 8 mil e margem líquida de 15%. “A nossa venda hoje é feita pelo nosso site, mas tenho atacadistas. Já vendo em Manaus, Belém, em outras cidades e até na Argentina, onde mora a minha irmã. Uma loja no Chile também está interessada em revender”, pontua.

Assim como muitos empreendedores, uma das grandes dificuldades de Natália é o caixa. Para tirar a Maya Lingerie do papel, ela teve de vender o carro, abriu mão do apartamento e voltou a morar com os pais para economizar no aluguel. Outro desafio foi o de encontrar parceiros para produzir as peças. “É preciso ter persistência. O cara não quer fabricar meu produto, vamos para o próximo.”

Apesar dos desafios comuns a muitos empreendedores, Natália conta que se sente super realizada. E, para as mulheres que também sonham em empreender, ela aconselha resiliência. “Também é preciso saber se você tem o perfil que tolera mudanças. Você vai trabalhar com chocolate e na época da Pascoa todo mundo compra o seu chocolate, mas nos outros meses você tem de aguentar a instabilidade. Empreendedorismo não é para todo mundo. Ficar sem salário, sem 13º. Também é preciso conhecer o seu negócio como ninguém. Muitas mulheres têm o negócio e deixam para o marido fazer as  finanças. Mas o negócio é seu. Você tem de saber os processos.”

O desafio de Natália agora é expandir o portfólio de produtos, incluindo no catálogo camisolas e pijamas. Outra questão é dobrar o número de revendedores. “Meu sonho é que a Maya seja referência em lingerie de amamentação, que as pessoas comprem com confiança. Hoje vendemos porque temos muitas indicações. E também quero ter pontos de revenda no Brasil e exterior. Pretendo exportar já para a América Latina nos próximos anos. Por fim, quero crescer a ponto de que a empresa gere trabalho e renda para as mulheres. Almejo ter uma equipe bastante feminina, conclui.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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