Entrevistas Gastronomia

Oportunidade: para Maggie Notrispe, produtos sem glúten são tendência

Mais de sete milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de doença celíaca, nome da popular intolerância permanente ao glúten – ingrediente encontrado em pães, massas, lanches e comidas prontas. O filho de Maggie Notrispe é uma delas. Por isso, a empreendedora teve de mudar sua rotina e, em meio às adaptações e restrições alimentares do menino, ela encontrou uma importante oportunidade de negócio: a Gluten Free Funcional.

Paulistana formada em Administração, Maggie se descreve como uma mulher forte e que “sempre quis ajudar o outro desde pequena”. Por isso, ela sempre trocou o mercado de trabalho formal, em que atuou sempre na área comercial, pela própria empreitada: um consultório de astrologia cármica. “No começo não foi difícil, pois investi em astrologia e era uma época muito boa. Esoterismo estava na moda por conta de uma novela, isso em 1990 ou 1992”, lembra.

Passada a moda, Maggie transformou o negócio em uma fábrica de velas esotéricas até realizar o sonho de ser mãe.

Maternidade

Maggie conta que investiu na maternidade tardia. Mas para a alegria dela, em vez de um bebê, ela gerou logo três. “A minha proposta era ter um filho, mas venho de família de italiano, que gosta de família numerosa. Fiquei muito feliz. Porém, com o nascimento das crianças, minha vida profissional ficou truncada”, lembra.

Para conciliar os cuidados com os trigêmeos e a empresa, a empreendedora conta que teve de aprender a ser cada dia mais eficiente. “Tive de me organizar ao máximo para dar conta do trabalho e dos filhos. Eles querem atenção e a rotina é apertada mesmo. Era assobiar e chupar cana, mas toda a correria me ajudou a ser esperta. Se fosse lenta, quem ficaria sem atenção eram meus filhos”, pontua.

Novo desafio

Alguns anos atrás, Maggie descobriu que o filho é intolerante a glúten, nova realidade que provocou diversas adaptações da família. “Percebi que além de caríssimos, os produtos industrializados sem glúten são de sabor e textura ruins. Foi quando comecei a fazer cursos nessa área. Logo descobri um nicho maravilhoso.”

Assim, o propósito da Gluten Free Funcional é promover cursos, a fim de formar profissionais por um preço acessível, para que ganhem dinheiro rapidamente ao produzir comidas saborosas para pessoas alérgicas. “Trago os melhores professores do Brasil para turmas reduzidas, com muita mão na massa e ambiente agradável. Assim, depois de uma aula de oito horas, o aluno aprende receitas para comercializar no dia seguinte. Se as quituteiras soubessem o quanto podem lucrar com comida sem glúten, elas já estavam se profissionalizando”, continua.

Uma das principais dificuldades de Maggie para fazer a Gluten Free Funcional decolar foi a credibilidade, é difícil o aluno visualizar a qualidade do que vai conseguir aprender e, no caso de comercializar, o quanto pode lucrar. E, para contornar tal situação, ela investiu na seriedade, característica presente desde a escolha dos produtos até higiene impecável e parceria com profissionais referência no mercado.

“Para mim é uma alegria ver meu filho comendo algo que ele tem vontade e saber que ele não vai passar mal. Se ele tem vontade de algo que não sei fazer, vou atrás de curso e professor, afinal não é possível que vou encontrar um alimento apenas com glúten. Não pode ser. É isso que me motiva: ver pessoas alérgicas como o meu filho comendo o que sentem vontade sem passar mal”, conclui a empreendedora, que sonha em abrir a própria escola de cursos gastronômicos.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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