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Alice Arteira ensina crochê para mais de 130 mil seguidores no Youtube

Alice Oliveira nunca sonhou com o glamour da fama. Mas queria, sim, ser reconhecida. Por isso, ela investiu em uma graduação em Letras e, apesar de trabalhar como professora e secretária bilíngue – função, aliás, em que facilmente era promovida a cargos de liderança – por 15 anos, seus talentos e esforços eram pouco percebidos.

A saída, então, era encontrar a satisfação pessoal no seu maior hobby: o crochê. “Gostava de dar aula, mas nunca vi reconhecimento. Ao final do dia, o reconhecimento mesmo era o crochê”, conta ela.

De saco cheio, ela desistiu da história de ficar rica. “Queria ser rica de felicidade. Deixei a carreira de secretária bilíngue, joguei tudo para o alto e resolvi investir em uma lojinha no quintal da minha casa”, lembra a artesã, que em 1995, ainda morava em Osasco, na Grande São Paulo.

A decisão, claro, não foi bem aceita por muita gente. Alice ouviu que era muito nova para fazer crochê, que não tinha futuro e que ela estava desistindo, entre outros elogios. “Tentei trabalhar com confecções e apresentar projetos, criações minhas. Mas os donos ficavam surpresos por ver uma pessoa nova e articulada fazendo crochê. Me sentia um peixe fora d’água.”

Primeiros cliques na web

A empreendedora nunca achou que ganhava dinheiro com sua arte. O faturamento era suficiente para manter a loja, pagar as contas e não ficar devendo ninguém. Contudo, a loja tinha um diferencial muito significativo: tornou-se ponto de referência das clientes. “A mulherada se encontrava para conversar, trocar receitas e eu as ensinava. Acontecia até de ter mulheres dependentes do marido, que aprenderam a fazer peças e comercializá-las, mudando assim suas perspectivas”, orgulha-se Alice. “Pois quando você nasce para ensinar, independe a matéria. É uma forma de eternizar o que ensino. O lado gostoso da docência é este”, emenda.

Já em 2000, a empreendedora arteira foi apresentada à internet. Mesmo sem as redes sociais, ela se inseriu em comunidades de artesanato e, graças aos contatos e à visibilidade, ela ganhou cada vez mais notoriedade na rede mundial de computadores. E então, começou a receber convites para dar entrevistas em rádio e expor seus trabalhos em revistas. Oito anos depois, no entanto, ela teve problemas pessoais e decidi fechar a loja para se dedicar à família.

Recomeço virtual

Mesmo sem a loja, Alice nunca deixou o crochê, pois mantinha um blog com dicas e passo a passo dos trabalhos. Há quatro anos, ela passou por mais uma mudança radical: casou-se e trocou a Grande São Paulo pela Praia Grande, no litoral paulista. “Logo pensei em procurar outro jeito de montar uma nova loja. Mas meu marido viu o blog e me incentivou a postar mais, porque aquilo dava dinheiro. A partir daí, fui me inteirando mais sobre aquela possibilidade.”

Ainda com dificuldade em conciliar as atividades de uma loja e os cuidados com os pais que moram com ela, a artesã então passo a produzir aulas em vídeo. “Quando me falaram que dava para monetizar com vídeos, percebi que era a junção perfeita do bom e do melhor ainda! Quando monetizei, notei que se eu transformasse as aulas em uma rotina de trabalho, poderia ter uma fonte de renda”, diz.

Graças à assiduidade e à qualidade do conteúdo (ela ensina até pontos para destros e canhotos), Alice Arteira recebeu recentemente a plaquinha de prata do Youtube por somar mais de 100 seguidores. Na verdade, o público já soma mais de 130 mil inscritos no canal. Tanta visibilidade resulta em encomendas e retorno no AdSense.

O próximo desafio de Alice agora são aprender a rentabilizar ainda mais o canal, desde que ela não perca sua identidade e liberdade, pois quer sempre ensinar seu público a trabalhar com os melhores materiais. Mas o sonho mesmo é voltar a ter uma loja física, que sirva como canal de vendas, ateliê e, claro, ponto de encontro das clientes.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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