Existem dois tipos de empreendedores: aqueles que têm o empreendedorismo na veia – que herdaram ou já nasceram com este desejo de ser dono do próprio negócio – e os de situação, que decidem trabalhar por conta própria diante da necessidade financeira, geralmente em decorrência do desemprego.
O caso de Priscila Clauz é a segunda opção. Bancária com 14 anos de experiência, diante da proposta de ser transferida para uma agência em que demoraria 2h30 apenas no caminho de ida ao trabalho, ela pediu demissão ainda no fim da licença maternidade, em fevereiro de 2015. “Quando pedi as contas, pensei em qual banco trabalharia naquele momento. Pensava em continuar procurando emprego e dar continuidade à carreira”, lembra.
Porém, conversando com colegas de profissão, percebeu que a carreira corporativa lhe daria pouco tempo para dedicar ao filho, que por alergia severa a ovo e necessidade de dieta restrita, precisa de atenção constante. “Então pensei em trabalhar com vendas diretas, marketing multinível, mas não ficava realmente interessada. Até que um dia li em um blog a tendência de bijuterias e semijoias, que as pessoas sempre compram, e aquilo me cativou.”
Um novo desafio
Apoiada pelo marido, diretor de arte que cuida da imagem da Ornamentaria, Priscila entrou de cabeça no mundo dos negócios. “Mas decidi que não quero ter uma loja física em shopping ou na rua”, adianta. A estratégia da Ornamentaria é fazer exposições dos produtos em agências bancárias, clínicas de estética, entre outros estabelecimentos comerciais. “Tinha clientes e conhecidos no banco, então são eles que me indicam. As pessoas se interessam bastante porque faço coisas diferentes. Peço uma mesa, onde ponho vasinhos com flor, potes de jujuba e os produtos.”
Criando relacionamentos, Priscila já expõe duas vezes por semana, ocasiões em que já fatura quase o valor do salário que recebia como bancária. A meta agora é conseguir aumentar para quatro exposições semanais e reservar o fim de semana para a família. “A não ser que seja um evento grande e valha a pena”, acrescenta.
Apesar das incertezas de quanto vai rentabilizar por mês, Priscila conta que já não pensa em voltar a trabalhar em escritório. “Para mim é um grande benefício poder ficar com meu filho, cuidar das coisinhas dele, poder fazer um passeio matinal. Hoje posso fazer coisas que sempre gostei, mas que não tinha oportunidade”, comemora.
Outro objetivo da empreendedora é criar uma equipe de revendedores e treiná-los para garantir um ótimo atendimento. “Até meu marido brinca que o dia que a Ornamentaria crescer, ele vai largar tudo e trabalhar comigo”, conclui.