Entrevistas

Quer dicas de como abrir seu negócio nos EUA? A Márcia Van Guilder te aconselha

O jeito calmo de Márcia Van Guilder faz bastante contraste com o dia a dia da empreendedora, que chefia a redação da BrazilUsa Magazine. Afinal, apesar de se descrever como uma pessoa caseira e que pouco sai de sua residência na Flórida, ela trabalha arduamente para administrar a franquia de oito revistas publicadas periodicamente, além das atividades que promove em prol da comunidade brasileira nos Estados Unidos.

Formada em Contabilidade, Márcia sempre atuou na área de imprensa, já que uma das primeiras oportunidades de trabalho foi como gerente de uma emissora de rádio. “Por causa deste trabalho, voltei para a faculdade e fiz o complemento do curso de administração, para cumprir exigências da Lei)”, conta a paulista, que voltou para a academia também para cursar jornalismo, outra atividade que exigia formação. “Adoro fazer pautas, amo a correria do dia a dia que a profissão dá. É a profissão certa para mim, nunca pensei em trocar”, conta.

Um novo rumo

Porém, por questões pessoais e busca de qualidade de vida, ela decidiu recomeçar a vida em Orlando, na Florida. “Mudei-me há 20 anos e, hoje quando lembro, acho que fui muito corajosa, porque vim pra cá com três crianças pequenas. Minhas filhas mais velhas falavam inglês, mas eu não falava nada. Apesar de já conhecer os Estados Unidos, meu inglês era muito ruim. Vim com pouco dinheiro, sem conhecimento da língua, fui enganada, perdi dinheiro. Mas na época, estava tão determinada em recomeçar, que não consegui ver dificuldades”, lembra.

A primeira tentativa de se consolidar no exterior foi o investimento em uma loja de troca de óleo de carro, negócio que, como a própria Márcia conta, não tinha nada a ver com ela. “Mas quando vim morar aqui, decidi que não ia trabalhar muito. Fiz o inverso das pessoas que vem para cá.”

Há oito anos, porém, Márcia decidiu voltar para o segmento com qual mais tem afinidade: a mídia. Ela então inaugurou um jornal voltado para a comunidade brasileira na Flórida – hoje estimada em 350 mil pessoas. “Em seguida, transformei o jornal em revista, porque Orlando ainda não tinha nenhuma publicação para nós”.

Ao longo de seis anos, Marcia conseguiu consolidar a BrazilUsa, tanto que há dois anos começou a franquear a publicação, a fim de atingir mais comunidades e também aumentar a cobertura local de outras cidades. A empreendedora já soma oito franquias.

Dicas

Morar nos Estados Unidos é o sonho de muitos brasileiros. Mas para as empreendedoras que almejam o mercado internacional, principalmente a Flórida, Márcia conta que empreender nos Estados Unidos é mais fácil porque não existem muitos impostos e é possível abrir a empresa online em 20 minutos. “Se não for do ramo gastronômico, você pode abrir as portas no mesmo dia. Então, colocar o negócio para funcionar é fácil. Se você fala inglês e pode empreender para americanos e brasileiros, tem uma possibilidade maior de faturamento. Mas se não fala e quer trabalhar com comunidade brasileira, precisa ter uma empresa de nicho”, aconselha.

A jornalista ressalta ainda que, apesar da facilidade de abrir o negócio nos Estados Unidos, quem é dono do próprio negócio na América carece de dados e pesquisas de mercado. “Não temos iniciativas semelhantes ao Sebrae para ajudar na formação de empreendedores, que são muito carentes em treinamento. O que as pessoas têm é internet.”

Assim, antes de pegar a mala e se mudar, Márcia aconselha que empreendedores e empresários invistam em pesquisa antes de consolidar investimentos. “Não faça negócios pela internet ou confie em assessorias de negócio. É preciso vir pessoalmente, pesquisar tendências e não ir na onda de achismo. Hoje não é a mesma coisa de 20 anos atrás. A comunidade brasileira cresceu muito, mas ainda há muito conto do vigário.”

Comunidade

Uma das causas que move a empreendedora é a valorização da cultura brasileira e também da comunidade de brasileiros que escolheram os Estados Unidos como residência. Por isso, ela fundou o primeiro Rotary Club (organização sem fins lucrativos que promove a paz por meio do voluntariado) de língua portuguesa nos EUA.

Márcia também participa ativamente do consulado brasileiro, em que ajuda a promover atividades e agora têm como objetivo fazer um grupo e mulheres empreendedoras. “Meu sonho como mulher é criar essa associação de empreendedoras e oferecer a elas o que eu não tive quando eu cheguei, que é formação”, finaliza.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

Você também vai gostar de

Posts populares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *