Entrevistas

Tatiana Garcia: “Se não tentarmos, nunca saberemos se daria certo”

Sem chão. Foi assim que a publicitária Tatiana Garcia, de 30 anos, se sentiu quando foi dispensada da última empresa em que trabalhou. Afinal, toda sua experiência estava baseada no mercado de publicidade, em que trabalhou tanto em agências, quanto no mundo corporativo. O motivo da demissão?  A crise econômica. Porém, apesar do desespero inicial, ela conseguiu perceber a oportunidade de investir no próprio negócio. Aliás, nos próprios.

“Sempre tive muita vontade de trabalhar por um propósito, ajudar as pessoas, fazer valer tudo o que aprendi para colaborar com o próximo, além da qualidade de vida. Como sou muito ativa, gosto de participar de várias atividades ao mesmo tempo. Dentro das empresas em que trabalhei, percebi que meus conhecimentos não estavam sendo bem trabalhados, e acabava me focando em uma única atividade, além de não ter espaço para aprender coisas novas. Assim, eu me tornava cada vez mais descartável e mal aproveitada pela empresa. Quando comecei a empreender percebi um mundo enorme de possibilidades”, conta.

Uma das oportunidades foi investir na NéCanecas, empresa criada a fim de gerar renda extra, que era administrada paralelamente ao emprego formal da Tatiana. “O diferencial é que todas as canecas são pensadas em forma de lembrança, feito com muito amor. Tratamos a caneca como um presente duradouro, uma lembrança que vai acompanhar o cliente em seus melhores momentos, seja no prazer de um café da manhã para começar o dia ou um lanche da tarde para fazer aquela pausa, até em um porta lápis que ficará na mesa de trabalho acompanhando a pessoa durante todo tempo. Trabalhamos com o emocional, a lembrança a presença, o fazer parte do dia a dia”, explica.

Ao lado de uma amiga, Tatiana hoje também é responsável pela La Petite Comunicação, agência de marketing que tem como propósito ajudar o cliente a criar um conceito até ensiná-lo a fazer postagens no Facebook. “Gostamos de ensinar até que o cliente sinta que já possa caminhar sozinho com suas próprias pernas, mas que ele continue conosco pela confiança em nosso trabalho, por saber que estaremos cuidando de seu negócio como se fosse nosso.”

Um novo mundo

Mais que a demissão, Tatiana conta que o momento inicialmente conturbado da sua vida foi ainda agravado pela “crise dos 30”. Porém, com terapia, ela tem enfrentado os desafios e encontrou diversas vantagens em empreender. Uma delas é a aprendizagem sem fim, já que por estar à frente do próprio negócio, o empreendedor tem de ser “ser o financeiro, o jurídico a logística e todos os departamentos da empresa”. “Apesar de ter um horário fixo comercial de atendimento eu tenho flexibilidade de participar de cursos e encontros no meio da tarde em uma segunda-feira, por exemplo, que agregam mais conhecimento para o meu negócio”, comemora.

Mas a precificação ainda é um desafio. “Não é fácil saber diferenciar valor de preço. Sempre procuramos colocar um preço justo em nossos produtos e serviços, mas vemos pessoas fazendo por um preço muito menor e com uma qualidade inferior. No meio da crise, os clientes acabam optando por preço e não pela qualidade e isso acaba sendo um grande desafio para qualquer negócio”, explica. “Outro desafio é encontrar bons fornecedores. Quando se é uma pequena empresa, trabalhar com fornecedores de qualidade é um grande diferencial. O problema é que o mercado anda muito prostituído e geralmente alguns fornecedores te abandonam no meio da tempestade, pois encontram alguém que pague mais”.

Ter coragem para investir nas próprias ideias é o conselho de Tatiana para quem quer se aventurar no mundo dos negócios. “Pode parecer clichê, mas a verdade é que se não tentarmos nunca saberemos se daria certo. Nós temos na cabeça de que o erro não é uma opção em nossas vidas, mas veja quanto tempo de vida nós temos, quantas horas, quantos dias, temos uma infinidade de momentos para errar e acertar mas só vamos saber se realmente formos em frente, independente do medo”, finaliza.

 

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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