O rock and roll sempre fez parte da vida de Andréa Silva, empreendedora de 48 anos nascida, criada e ainda residente em Santo André, na região metropolitana de São Paulo. Isso porque ainda na infância ela ouvia muito Elvis Presley, por influência da mãe. Já na adolescência, frequentava bares em que encontrava amigos de diversos estilos de rock, oportunidades em que conheceu outros ícones do estilo musical, como Sex Pistols, Ramones e David Bowie.
Assim, o negócio dela, claro, não podia ser diferente. Depois de atuar muitos anos como eventos corporativos e artísticos – ela organizou solenidades para a Nestlé e, por oito anos, trabalhou com o grupo de forró Falamansa-, Andréa teve de rever sua carreira. “Minha mãe ficou doente e eu tinha de trabalhar, mas não podia mais viajar. Comecei a investir em bazares porque produzo adesivo de azulejo, porém eram bazares de senhorinhas, com outro perfil de público. Eu não vendia os meus produtos”, lembra.
A saída então foi criar seu próprio evento: o Rock in Bazar, realizado mensalmente no Shopping do Carmo, na região central de Santo André. “Tenho de 15 a 20 expositores por evento. O público maior é o vintage, rockabilly, pois a cena do ABC para o rock ainda é muito forte e sei que tem pessoas que aguardam o bazar mês a mês porque virou um ponto de encontro de amigos”, conta Andréa.
Obstáculos iniciais
Uma das principais mudanças observadas por Andréa na transição de colaboradora para empreendedora foi a possibilidade de crescer junto. “Para mim é uma honra trabalhar com tantas pessoas criativas e com o mesmo propósito de prosperar e ser feliz”, observa.
No entanto, organizar os eventos nem sempre é fácil. Ela conta que um dos principais erros dos expositores está na postura, já que alguns passam o dia sentados atrás da mesa, olhando para o celular. “Sinto que muitos expositores não querem vender. Eles reclamam que não vendem nada, mas enquanto o cliente está passando, o vendedor está com a cara fechada, não dá um sorriso e não sai do celular”, pontua.
Outro ponto sensível do negócio, especialmente nas primeiras edições do bazar, foi a confiança. Andréa conta que as pessoas não acreditavam em seu trabalho. “Tem muito picareta no mercado, muita gente que se compromete e não cumpre, muita gente que quer levar vantagem. Assim, para consolidar o Rock in Bazar, tive de mostrar que as pessoas podiam acreditar que organizadores de eventos são honestos. ”
Novas empreitadas
Além do Rock in Bazar, há dois meses a empreendedora andreense realizou o sonho de abrir a primeira loja colaborativa do ABC. Com produtos artesanais e com pegada vintage e geek (nerd), a I Love Colab dá espaço a 28 empreendedores, que têm um ponto de vendas fixo por um valor mais acessível. “Sonhava em abrir a loja há três anos, porque via muitos espaços colaborativos em São Paulo, mas aqui não tinha nenhuma. Também foi uma sugestão dos participantes do bazar, que queriam um local fixo de vendas.”
A iniciativa, que Andréa capitaneia ao lado da sócia Patrícia França, foi bem aceita pelo público e parceiros. “As pessoas estão muito satisfeitas, pois já garantimos um retorno interessante, ainda que a loja tenha apenas dois meses de funcionamento”, comemora.
Andréa agora sonha em fazer outras pessoas felizes ao promover oportunidades para pequenos empreendedores. E, para quem quer transformar ideias em negócios, ela aconselha resiliência. “Não desista no primeiro obstáculo. Para chegar até aqui foram muitas pedras no caminho. Gente que se aproxima de você dizendo que é sua amiga e não é, gente que chega para sugar sua ideia, mas a pessoa não vai pra frente porque não sabe o que quer fazer. Obstáculos teremos sempre na vida, seja em qualquer questão”, conclui.