Entrevistas

De paciente a incentivadora: Débora Pieretti transforma a vida de mulheres com câncer

Outubro de 2015. A então dona de uma agência de produção de sites Débora Pieretti entrou no metrô de São Paulo e se deparou com um anúncio na TV da campanha Outubro Rosa. Foi então que ela se lembrou de fazer os próprios exames preventivos. Após um ultrassom, o médico disse que ela tinha de investigar mais a fundo os resultados. E a biópsia confirmou a tão temida notícia: era câncer de mama.

O sonho de Débora era ser dentista. Ela até cursou cinco semestres 20 anos atrás e retomou os estudos nos últimos anos. Mas o tratamento a afastou das salas de aula. “A doença estava na fase inicial e tive de fazer uma cirurgia de quadrantectomia (que retira o tumor), quatro quimioterapias e 30 radioterapias”, lembra. “Mas um dos efeitos da quimio foi a neuropatia (que compromete o funcionamento dos nervos) e tive de parar a faculdade”, emenda.

Novos rumos

Já o ano de 2016 foi marcado por tratamentos. E foi em um desses momentos que a vida de Débora ganharia uma nova direção. “Participei de um evento para pacientes em um salão de  beleza. Ganhei uma peruca e foi uma sensação muito boa de estar de volta. Sentir o cabelo na cabeça foi muito emocionante. Pensei: “Quero que as outras mulheres tenham a mesma oportunidade.”

Foi naquele momento que nascia o Instituto Amor em Mechas. Mas para transformar a ideia em um negócio de verdade, Débora participou como voluntária de eventos do Outubro Rosa daquele ano para conhecer o mundo de confecção de perucas, o que já existia no mercado e como estas empresas faziam.

O IAM foi lançado em março do ano passado, com o objetivo de arrecadar cabelos e transformá-los em perucas para pacientes de câncer, junto com outros mimos e também acolhimento. “Hoje entregamos entre 50 e 60 perucas por mês. Foram 724 perucas já entregues junto com o Kit Amor, composto por livros, acessórios e cosméticos”, comemora.

Superação

Débora ainda está em tratamento, pois deve tomar remédios por mais oito anos. Otimista, ela incentiva outras mulheres a realizarem os exames preventivos. “Tem muita mulher que diz que não faz a prevenção porque quem procura, acha.  E eu respondo que quem acha, cura. Quanto mais rápido o diagnóstico na fase inicial, mais rápido e menos agressivo é o tratamento”, observa.

Já para as mulheres que estão lutando contra a doença, Débora aconselha. “Tudo passa, é só uma fase. Não estou diminuindo a dor, entendo a dor, mas sei que passa. Ficamos fragilizadas mesmo. Ter o diagnóstico de câncer não é uma sentença de morte. Existe vida pós-câncer”, conclui a empreendedora que agora sonha em transformar o IAM em um centro de capacitação profissional para que mulheres em tratamento aprendam a confeccionar as perucas e possam se reinserir no mercado de trabalho.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Débora e do Instituto Amor em Mechas, acesse https://amoremmechas.com/. Lá você encontra também como ajudar e os pontos de coleta de cabelo para a confecção das perucas.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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