Bastou uma experiência no mercado de trabalho – entre os 18 e 19 anos, como operadora de telemarketing- para que Cynthia Mariah percebesse que aquela não era sua vocação. “Entendi que não nasci para trabalhar para os outros. A minha vontade vai muito além de seguir ordem”, diz.
Então, em 2004, Cynthia criou sua marca homônima, em que produz roupas e acessórios que valorizam a cultura afro-brasileira. “Quando comecei, vendia só acessórios. Mas com o passar do tempo, percebi que as pessoas gostavam das peças que eu fazia. Customizava roupas só para mim, mas devido à procura, depois que terminei a faculdade [ela é formada em Design de Moda], passei a comercializar roupas também.”
Desfiles
A principal estratégia de Cynthia Mariah é ser uma marca de peças únicas. Assim, além de produzir modelos para desfiles e eventos, o trabalho de divulgação é bastante intenso. “Fiz muitos eventos e consegui fidelizar clientes. Quando crio peças novas, posto em um grupo de clientes no WhatsApp ou envio para as clientes que sei que vão gostar. Vendo delivery e só trabalho com hora marcada”, conta.
O diferencial de Cynthia, no entanto, a impede de trabalhar com lojas, já que neste caso, a exigência é de que ela entregue 10 peças idênticas para revenda. “Mas cada peça que produzo tem uma história única.”
Apesar dos desafios inerentes ao mundo dos negócios, a empreendedora comemora sua flexibilidade de horário. “Tive minha filha e consigo participar do desenvolvimento social dela. Consigo estar presente em eventos da escola e reuniões.”
Novas estratégias
Atualmente Cynthia afirma que está investindo mais na educação. Além da produção própria, a empreendedora oferece cursos de capacitação em seu ateliê na zona leste de São Paulo. “A maioria das mulheres que me procuram tem outras atividades profissionais, mas sonham em realizar o curso, porque o acesso a um curso de moda, para muitas é inacessível. Comigo, elas encontram a oportunidade de não deixar esse sonho morrer”, comemora.
E por falar em sonhos, qual é o de Cynthia? Além de ingressar no mundo acadêmico, ela sonha que a moda afro-brasileira seja mais reconhecida. “Principalmente por ser um país embranquecido, tudo que é voltado à cultura afro sempre foi muito podado. A moda afro foi o que ficou para trás em relação à cultura e está sendo mais difícil de conseguir espaço. Mas o cenário está melhorando, desde que eu comecei houve avanços”, finaliza.