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Kuki Bailly, da Rededots, mostra como transformar um grupo do Facebook em um grande negócio

“Somos mais juntos”. Este é o slogan da campanha que, desde setembro, é veiculada pelo Facebook para divulgar seus grupos. Porém, ninguém soube entender melhor todo o potencial de um grupo nas redes sociais quanto Kuki Bailly, da Rededots.

Isso porque a empreendedora paulistana não enxerga apenas números, mas uma comunidade feita por e para pessoas que buscam oportunidades de gerar renda e divulgar produtos e serviços, assim como consumidores que sabem que, na Dots, vão encontrar opções artesanais, mas feitas com muita qualidade e carinho.

Assim, de acordo com pesquisa interna, já foram gerados mais de R$ 250 milhões de negócios em seus quatro anos de atividade.

Sentimentos de pertencimento, afeto e coletividade são as principais características do grupo, tendo em vista que, para anunciar produtos e serviços, os empreendedores devem contar suas histórias e envolver os possíveis clientes. E é justamente este storytelling que faz com que as publicações da Dots atinjam um engajamento raramente visto em outras comunidades.

Uma grande sacada

De origem franco chinesa, Kuki nasceu em São Paulo e tem 51 anos, parte deles morando no exterior. Voltou ao Brasil em 2009, pois queria que a filha, Jasmin, mais conhecida como Jazz, crescesse cercada pela família e amigos da mãe.

Foi essa importância que a designer dá à proximidade, aliás, que fez com que ela criasse a Rededots. Ciente de que “se a gente se ajudar, não vai faltar trabalho para ninguém”, ela fez uma publicação que marcaria a principal característica do agora grupo no Face: o engajamento orgânico. “Cursei Design na faculdade e trabalhei com muito tempo em agências e grandes corporações. Em 2015, com a crise, milhões de pessoas foram demitidas, e eu também fui. Lembro de uma manchete no jornal super chocante, que dizia que o Brasil tinha 12 milhões de desempregados. Então fiz o post no Face, que viralizou e deu início a um grupo foram do comum”, relata.

Crédito: divulgação
Crédito das fotos: divulgação

Kuki não imaginava que aquela publicação se transformaria em uma nova carreira. Com mais de 272 mil participantes (e crescendo) um post na Rededots pode render até R$ 10 mil em vendas e agenda cheia de trabalho para os empreendedores. “Comecei a escutar as dores e dificuldades das pessoas para fazer o modelo de negócio. A partir daí criei uma metodologia para estruturar a rede, com uma equipe que cuida quase em tempo integral da moderação e da plataforma digital. Resolvi realmente me aprofundar em negócios digitais para responder a essas dores”, continua.

A metodologia deu tão certo que a então rede teve de se profissionalizar. Hoje a Dots é uma startup com três desenvolvedores, três colaboradores responsáveis pelo atendimento e a própria Kuki, responsável pela gestão do negócio.

Para manter toda esta estrutura, a primeira tentativa de monetizar o Dots foi a criação de um marketplace, em que todos os membros podiam abrir uma loja virtual. À Dots cabia uma comissão sobre as vendas realizadas na plataforma. “Percebi que os pequenos artesãos têm dificuldade em administrar uma plataforma digital. Eles fazem tudo pelo WhatsApp e celular, além de não ter um fluxo de caixa. Muitos estão em um momento anterior a uma plataforma digital”, pondera.

Uma das vantagens de ter uma empresa, para a empreendedora, é autonomia que tem para criar novos modelos de negócio e soluções. Ela também ressalta as lições do dia a dia. “Quando você trabalha para outras pessoas, não chega nem perto do nível de autonomia que tenho. Empreendedor tem um lado criativo muito forte. E o que eu aprendi nos últimos dois anos com a Dots não teria aprendido em 10.”

Além do Facebook

Além dos textos carinhosos, Kuki agora é presença constante nos vídeos do grupo. Em setembro, ela foi clara: a Rededots precisava mudar para continuar existindo [veja a carta dela aqui]. E, para isso, ela colocou no ar um novo modelo de negócio: a Dotsy, plataforma de assinatura para anunciar no grupo e ter acesso a uma série de vantagens, como sorteios, participação em eventos, mentorias, entre outros.

A nova dinâmica do Dotsy gerou, como tudo na internet, uma chuva de críticas. Mas o resultado foi melhor que o esperado: a rede agora soma 1.000 assinantes, com engajamento maior do que quando as publicações eram gratuitas. Isso porque os assinantes recebem uma pequena mentoria da equipe Dots, a fim de alinhar a publicação e potencializar as chances de vendas.

E as novidades não param por aí. A rede vai migrar também para o off-line, com a realização de bazares, sendo o primeiro deles nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro. “Fora isso, estou oferecendo mídia e acesso a ferramentas de vendas. O próximo passo da rede é virar um aplicativo. Esse caminho está traçado e funciona. Então o que tenho de fazer é facilitar e melhorar a jornada do grupo com conteúdo relevante.”

Com as novas parcerias impulsionando a rede, Kuki agora sonha em ter mais tempo para se dedicar às mentorias, tanto na construção de novos negócios, quanto no financiamento de projetos podem ajudar financeiramente empresas com atuação social. “Gostaria de ser uma mulher investindo em projetos de mulheres, porque a proporção de investimento em projetos femininos é muito baixa mundialmente. Gostaria muito de fazer parte deste movimento que fomenta, ajuda e dá mentoria para projetos de empreendedoras.”, finaliza.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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