Empreender é um processo que só se aprende fazendo. E, ainda que o novo empreendedor tenha uma formação sólida e experiência no mercado de trabalho, tais competências não acabam com a possibilidade de errar em pontos básicos. Foi o que aconteceu com Juliane Ganem.
Mineira de Belo Horizonte, Juliane é matemática com extensão em finanças e mestre em econofísica, ela sempre gostou de lecionar. Porém, sempre soube que empreender era o caminho para obter maior retorno financeiro. “Abri uma franquia na área de alimentação em BH. Para isso, meu marido e eu pesquisamos opções por um ano e meio. Mas a franquia não deu o resultado que a gente esperava, o capital de giro que tínhamos acabou e nos enrolamos financeiramente”, conta.
Experiência para aprender
Apesar de contar com um modelo de negócio que oferecia suporte da franqueadora, Juliane cometeu três erros nos três anos em que atuou na área de alimentação. O primeiro deles, a localização do estabelecimento. “Apesar de a franquia ter aprovado a localização, eu não abriria no mesmo local.”
O segundo foi participar de um modelo muito engessado, em que ela tinha de comprar os produtos de fornecedores determinados pela franqueadora. “Se eu quisesse comprar os mesmos produtos em outros locais, não podia. Eu tinha de comprar com a franquia, que cobrava mais caro”, reclama.
No entanto, a principal questão que influenciou o resultado negativo de Juliane foi encarar o negócio como um investimento apenas, não como a primeira fonte de renda do casal. Enquanto a matemática fazia mestrado e dava aulas em uma universidade, o marido também atuava no mercado. Assim, a gestão da franquia ficava sob a responsabilidade dos colaboradores. “Achamos que o modelo pronto vai dar resultado sozinho. A grande lição é que o olho do dono é que faz a coisa acontecer e que a precisávamos ficar lá 24 horas por dia, já que não conseguimos um gerente bom”, pondera.
Reestruturação
O casal cometeu ainda o equívoco de misturar contas pessoais com as da empresa. Então, se precisavam de caixa, recorriam aos próprios salários e empréstimos pessoais. Para minimizar as dívidas, Juliane decidiu vender a franquia. Ainda assim, herdou um montante de R$ 200 mil de débitos em vários bancos. “Para quem era toda certinha, foi uma desestruturação muito grande ter oficial de justiça batendo na nossa porta e estar com o nome sujo.”
A saída? Investir em uma formação em educação financeira. Em dois anos, ela conseguiu quitar a dívida. “Depois decidi fazer um curso de coach e terapeuta financeira para ajudar as pessoas. Aí comecei a oferecer atendimentos individuais e consultorias.”
Novas estratégias
Atualmente morando em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Juliane se divide entre atender coachees e lecionar na universidade nos períodos da manhã e noite. Agora, a estratégia é criar também um curso, a fim de aumentar sua presença online. “O Método Mais trabalha quatro pilares: mapeamento, alvo, investimento e sabedoria financeira. Validei-o presencialmente e agora estou no processo de levá-lo para o virtual e, assim, atingir mais pessoas. Meu objetivo é mudar a vida financeira de mais pessoas, principalmente das endividadas”, continua.
A empreendedora conta que a maior dificuldade é lidar com o marketing. Mas, para superar este obstáculo, já contratou uma profissionais para atingir seus próximos objetivos. “Meu sonho é conseguir alcançar um milhão de pessoas. Este é apenas o primeiro patamar. Em seguida, levar o curso para o mundo, feito que é possível fazer online. E me vejo trabalhando outros temas também, como educação financeira para casais e para crianças”, conclui.