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Pimenta nos olhos dos outros é refresco

Hoje sai de um evento com um bandaid ensanguentado, pois cortei a  minha mão logo que cheguei, ao  montar uma mesa  para a dinâmica que realizamos. Não satisfeita com a proeza, terminei o evento com duas amigas jogando leite no meu olho direito, pois alguém disse que isso resolveria a ardência da pimenta jalapeño que a bonitona aqui cortou, esqueceu de lavar a mão e depois coçou o olho. Bom nem preciso dizer que não parava de arder. E não é que o leite aliviou a ardência?

Bom, o intuito desta coluna não é dar a dicas sobre como o leite alivia a ardência, mas sim fazer uma analogia à arte de empreender no mercado gastronômico. Quem aqui já pensou em coisas do tipo: “nossa, comida dá muito dinheiro”, “ninguém deixa de comer independente de crise” ou ainda “esse é um super negócio”, “quero casar com um(a) chef de cozinha que vai cozinhar para mim toda noite”? Essas são só algumas ilusões que fazemos quando o negócio é gastronomia.

Por trás das cortinas

Infelizmente escondemos nas redes sociais os bastidores muitas vezes árduos e doloridos de se trabalhar em uma cozinha ou em produção de eventos. Não postamos fotos do bandaid ou do momento em que estamos suando horrores embaixo da dolma (uniforme de chef) ou das olheiras nas madrugadas em que passamos às claras. Esquecemo-nos de falar da dor nos pés depois de passar um dia inteiro sem sentar, não postamos fotos do cansaço do pós-evento e das preocupações com as contas a receber e a pagar.

Desculpem se comecei a minha primeira coluna trazendo uma realidade sem nenhum raio  gourmetizador  de uma vida de cozinheira empreendedora, mas esses acontecimentos são reais e também fazem parte da minha rotina.

Empreendedorismo real

Acredito que ao olharmos para essas questões sem ilusões fazem a gente procurar melhores alternativas para sucedermos nesse mercado. Cozinhar ou realizar evento não é para todo mundo e isso não é pelo fato de saber cozinhar ou não. Está muito mais ligado à sua capacidade de servir, de amar, entregar o seu melhor para o mundo e colocar cuidado, carinho, gentileza e paixão em tudo o que realiza.

Além de ter o dom do servir, você precisa ter visão de empresa ou achar suporte de pessoas que tenham esse olhar sobre gerir um negócio e fazer que ele tenha resultados positivos no final do mês, para que seu dom seja sustentável e você se sinta realizada.

Calma, não desista. O intuito desta coluna não é te assustar e sim dividir experiências para que, uma vez escolhida essa área de atuação, possamos sim colocar muitos raios gourmetizadores não só nas imagens da suas redes sociais, mas também nas suas finanças.

Quero dividir experiências para que possamos olhar para esse mercado sem ilusões e, juntas, pensar em novas possibilidades de mercado, clientes, produtos, compras, estratégias de divulgação, vendas, em como deixar a rotina mais leve e as contas no azul no final do mês. Quero trocar muitas receitinhas com vocês e pensar em formas de vivermos uma grande festa nesse mercado que, apesar de ser cansativo, é inspirador, apaixonante, criativo e cativante.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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