Colunas

Comunicação em Projetos

A boa comunicação é fundamental em qualquer situação da nossa vida, não apenas a comunicação verbal, tampouco somente a direcionada aos projetos, reuniões, mas também a comunicação familiar, a  comunicação  nos  relacionamentos, e  sobre  tudo  da  importância  de saber passar uma mensagem ao outro, o receptor, que deseja receber uma mensagem “limpa” e de fácil entendimento.

Lembram daquela brincadeira de criança, em que uma começava falando uma frase no ouvido da outra, e essa ia passando a mensagem para todos os demais do grupo, o telefone sem fio? A mensagem é passada de pessoa para pessoa e o último a recebê-la deveria dizer em voz alta a mensagem recebida. E o resultado? Bem, esse era sempre um desastre.

Essa brincadeira, muitas vezes realizadas em dinâmicas de emprego, mostra a dificuldade de fazer a informação chegar fielmente do início ao fim de uma cadeia de pessoas. Imaginem agora essa mesma situação levada a um grande projeto em que pessoas de diversos locais e departamentos diferentes estão envolvidos. A possibilidade de falha na comunicação é enorme.

É exatamente aí que entra a importância de estabelecer padrões para a comunicação em projeto, desde a definição dos meios de comunicação até o estabelecimento de templates para o efetivo uso desses meios de comunicação.

Dificuldade comum

Se pararmos para pensar em nossas vidas, muitas  vezes  somos mal  interpretados,  pois  não conseguimos passar de uma forma clara o que realmente pensamos, seja na vida profissional, pessoal ou nos relacionamentos. A fala, seja ela verbal, com gestos ou escrita, deve ser passada da melhor forma, para que o receptor entenda a mesma de forma íntegra, exatamente como o mensageiro quis passar.

Nos projetos é preciso definir a melhor forma de comunicação, mas antes dessa definição, é preciso  saber  quem são  os  stakeholders,  os  interessados  no  projeto,  bem  como  as  suas necessidades de informações. Após isto, deve-se elaborar a relação de informações que devem ser obtidas para suprir a necessidade citada, de onde serão obtidas e como serão processadas.

Resumidamente, neste parágrafo, quero dizer que no plano de comunicação é preciso definir: quem precisa, qual a informação, como ela será fornecida, por quem e qual a periodicidade.

Neste contexto entramos no modelo básico de comunicação, onde é demonstrado como as ideias ou informações serão enviadas e recebidas entre as duas partes, definidas como emissor e  receptor. Para alinhamento das informações, é  preciso  saber  que  o  emissor  e  receptor possuem suas funções no ciclo da comunicação, o emissor a codificar, traduzir pensamentos e ideias  para  uma  linguagem que seja entendida pelas pessoas  envolvidas,  e  o  receptor,  a  de decodificar a mensagem de volta para pensamentos ou ideias significativas.

Cuidados

Ainda no plano da  comunicação,  é  preciso  definir  o  meio  físico  de  envio  da  mensagem,  o método  utilizado para  transmissão  da  mensagem,  pois  esse  se mal definido, pode  provocar ruídos na comunicação, como demonstrado no início desse artigo, o exemplo da brincadeira do telefone sem fio, outro exemplo de ruído também é a distância entre os envolvidos.

Em  projetos  o  gerente  de  projetos,  dentre  outras  atribuições,  também  é  encarregado  da gestão  da  comunicação,  e  para  que  esse  obtenha  sucesso  nesse  gerenciamento  precisa  ter habilidades  com  comunicação:  conhecer  as  formas  de  comunicação,  saber  sintetizar  ou expandir as informações conforme necessidade, elaborar o plano de comunicação, conforme mencionado neste artigo, conhecer as expectativas do emissor e receptor, conhecer os canais de comunicação e etc.

Importante enfatizar  que  se  a  mensagem  não  for  clara  e  objetiva,  levará  o  receptor a  um entendimento diferente do objetivo esperado. Por exemplo: certo dia recebi uma mensagem de um chefe para desenvolver um fluxo otimizado sobre determinada área. Desenhei todo o projeto  e  apresentei.  Imaginem que  o  que  meu  chefe  esperava  não  era  nada  daquilo  que apresentei. O que aconteceu? Será que eu não entendi a mensagem ou será que ele não me passou de forma clara o que ele estava pensando? Fiquei desesperada com a cara de espanto dele! E agora? Querem saber o desfecho?

Bom, neste caso, eu tive muito sucesso na apresentação do projeto, ufa! Mesmo não sendo o que meu chefe me passou, ou gostaria de ter passado, eu consegui desenhar um projeto melhor  do  que ele  esperava,  e  a cara  de  espanto  dele  era  de  surpresa  e satisfação  com  o projeto proposto.

Mas isso é uma exceção, no geral, uma mensagem mal passada e por sua vez mal decodificada, gera insatisfação do cliente, pois o que ele espera é que o projeto seja realizado da forma que ele transmitiu as ideias e necessidades. E se você achar que não ficou claro, questione, entenda, explore, mostre meios de execução com exemplos, antes de iniciar o projeto, pois muitas vezes você pode ajudar o emissor (cliente) a mostrar com clareza o que realmente ele quer.

Em suma, “quem  não  se  comunica  se  trumbica”,  já  dizia  o  apresentador  de  televisão Chacrinha. Tente de  alguma forma se comunicar  da  melhor  forma possível, e isso  não  quer dizer  falar  muito  ou  falar  pouco,  mas  sim  falar  o  essencial  com  clareza  e  objetividade,  sem excessos, e através de um canal adequado de comunicação. Tente conhecer o receptor, pois assim saberá o que ele deseja ouvir e evitará uma mensagem inadequada, sem ruídos e sem premissas  equivocadas.  Ou ainda, ajude o emissor  na  codificação  da  mensagem  e  a decodificação, e consequente execução será um sucesso!

Priscylla Spencer

Engenheira de produção, especialista em Logística e Gestão de Projetos e entusiasta nos assuntos sobre a relação humana e autoconhecimento. Tem 37 anos, dos quais 14 dedicados ao mercado, nas mais diversas áreas profissionais. Atuou na Vale, Grupo Pão de Açúcar, Camargo Advogados e Rezende Empreendimentos Imobiliários. Em 2011 fundou a Spencer, consultoria especializada em gestão e otimização dos processos. É pioneira no mercado como profissional na área de mapeamento de fluxos e organização dos processos na área jurídica.

Você também vai gostar de

Posts populares