Em sua primeira entrevista ao Voa, Maria, em novembro de 2016, Anne Oliveira contou as benesses de empreender no interior do Paraná, época em que produzia chinelos, camisetas, almofadas e outros produtos personalizados. Foi um hiato na carreira no segmento da cobrança, em que trabalhou durante cinco anos.
“Tinha cansado da cobrança. Era gerente de uma empresa, mas naquele momento estava saturada e decidi ir para outra área. Mas a cobrança estava dentro de mim. Sabe quando você nasce para fazer algo? Eu nasci para fazer cobrança”, conta a empreendedora, que agora, em vez de gerente, é a dona do próprio escritório.
Mas engana-se quem pensa que a mudança se resume simplesmente à área de atuação. Anne mudou também de residência. Trocou Santa Terezinha do Itaipu, no Paraná, por Itapetininga, no interior de São Paulo, onde ela já tinha morado 10 anos antes. “Tudo o que é novo gera medo. Mas o medo nos impede de progredir. Esta transição foi muito difícil. Meu esposo continua morando no Paraná e eu estou aqui com os meus filhos”, continua
Planejamento
A ideia de voltar à Itapetininga e à cobrança, que já eram sonhos antigos, ganhou força depois que Anne leu uma matéria em 2016. “Saiu no jornal local que R$ 12 milhões estavam parados em dívidas antigas e que 51% da população ativa era inadimplente. Por meio destas matérias busquei informações reais e percebi que não existia em Itapetininga um escritório para trabalhar com este público”, pontua.
Com capital próprio e uma sócia, Anne então abriu o Itacob Recuperação, empresa que logo conquistou 20 clientes, mas perdeu a sócia. “Após essa saída, pensei em desistir. Me senti desmotivada. Mas ao mesmo tempo, olhei para tudo o que já tinha conquistado”, lembra.
Para continuar no mercado, ela então teve de vender carros para apostar no agora renomeado Grupo Itacob. “Hoje temos 40 empresas na nossa carteira de clientes e um call center estabilizado. É um resultado surpreendente em um ano e sete meses. As empresas me procuram porque já tentaram localizar e negociar a dívida e não tiveram êxito.”
Diferenciais
Anne justifica que conquistou tantos clientes por ser flexível na questão dos juros. “Escritórios de cobrança sobrevivem dos juros. Mas penso em recuperar aquele cliente, em fazer com que ele volte ao mercado de consumo”, explica.
Mesmo assim, os desafios permanecem. O principal deles é a gestão de pessoas, visto que mais de 50 pessoas já passaram pela empresa e trabalharam por um curto período de tempo. Hoje o Grupo Itacob tem quatro operadores, com a intenção de aumentar a equipe para 15 atendentes até o fim do ano. “Se a pessoa não gosta de cobrar, não adianta perder tempo. Para cobrar, tem que gostar. Também ouço as pessoas, bate papo, entender o porquê das situações e o resultado. Não queria tratar pessoas como eu era tratada.”
Sair da zona de conforto é a dica para quem quer empreender. “De nada adianta ter dinheiro e não ter coragem. A maior motivação é ver o que você conseguiu”, conclui Anne, que sonha em transformar o Grupo Itacob em franquia e que os colaboradores tenham orgulho de trabalhar.