Entrevistas

Pensava: “Mas e se eu parar tudo agora, e os clientes que eu já conquistei?”, conta Paula Mariano

Paula Mariano não optou pelo empreendedorismo. Mas foi encontrada por ele. Isso porque a contadora tinha desistido da área depois de passar por alguns escritórios de contabilidade como colaboradora. “Queria ficar longe daquilo. Até tentei empreender na área da beleza, mas tinha dúvidas se era aquilo que eu realmente queria fazer. Foi quando conheci minha coach, que sempre me apresentava como contadora e comecei a receber solicitações”, lembra.

Ainda assim, a paulistana radicada em Curitiba, no Paraná, resistia à ideia de continuar relacionada à área contábil. “Então a coach me incentivou a dar consultoria. Acatei a ideia e percebi a demanda de micro e pequenas empresas, em que os empresários eram sedentos por informação, mas eram tratados com descaso nos escritórios em que passei, porque MEI [Microempreendedor Individual] não dá retorno imediato. Mas quando o contador mostra uma visão de crescimento para o MEI, ele cresce rápido e vira seu cliente”, observa.

Por isso, mais que contabilidade, Paula começou a empreender assessorando estas empresas. E a iniciativa de se reinventar dentro da profissão tem dado certo.

Desistir já não era opção

Responsável pela Gaia Assessoria Contábil, Paula teve dificuldade em se adaptar à troca de balcão. “Eu não tive muita reserva no começo. No começo foi bem difícil, algumas consultorias eu fazia gratuita, outras pagas. O retorno das receitas não foi imediato. Trabalhei praticamente um ano na divulgação do trabalho para ter este retorno”, lembra.

Além de fazer trabalhos paralelos para pagar as contas, ela teve vontade de desistir em alguns momentos. “Às vezes você pensa que pode ter o apoio das pessoas mais próximas de você e não tem. O pessoal acha que a gente está brincando de trabalhar, mas na verdade estamos plantando as sementes. Muita gente não consegue ver o que a gente está fazendo. Foi muita persistência. E eu pensava: ‘Mas e se eu parar tudo agora, e os clientes que eu já conquistei? Vou dar a minha cara para bater? Ou entregar para outras pessoas? Se eu conquistei esses clientes, posso conquistar mais’”, acrescenta.

Paula conseguiu reverter a situação e consolidar seu negócio por meio do planejamento, que fazia trimestralmente, em seguida a cada quatro meses. Hoje, ela redefine as estratégias da empresa a cada seis meses. “Uma das coisas que eu mais almejava era ter o escritório para poder acolher os meus clientes. Consegui em meados do ano passado. Foi uma das maiores conquistas. Fiquei muito feliz. Do final do ano passado, estou formando uma equipe de trabalho. É um sinal de que as coisas estão crescendo.”

Erros

Sobre os principais erros cometidos por pequenos empreendedores em início de trajetória, Paula aponta a negligência em relação às consultorias. “É importante que a pessoa tenha uma visão geral de como vai ser o negócio dela. Geralmente os empreendedores abrem a empresa, mas não sabem quanto de imposto que vão pagar, como vão se enquadrar no geral”, continua Paula, que tem um projeto de suporte administrativo e financeiro para MEI e pequenas empresas.

Outro equívoco comum feito pelos novos empresários é confundir rentabilidade da empresa com pró-labore. “Eles misturam finanças pessoas e da empresa. Por isso, aconselho que o empreendedor, assim que abrir a empresa, abra também uma conta para pessoa jurídica, para que ele tenha controle e saber se o negócio tem lucro, quanto ela está gastando com material, entre outras informações”, finaliza Paula, que sonha em ver um mercado mais colaborativo, em que os profissionais se vejam como parceiros e não como concorrentes.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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