Há quem diga que o empreendedor de verdade faz qualquer negócio dar certo. E, neste aspecto, a trajetória de Emanuele Ribeiro é bastante inspiradora, uma vez que ela já teve de recomeçar três vezes. Não por má gestão ou falência, mas por imposições, como ela mesma diz, da vida. “É interessante falar que muitas vezes as pessoas entendem momentos difíceis como momentos de parada. E você pode transformar uma dificuldade para se movimentar”, conta.
Formada em Psicologia, a empreendedora baiana morou e estudou na Europa, para acompanhar o seu primeiro marido. Porém, ao voltar ao País, já não sabia se reinserir no mercado de trabalho. “Através dos amigos comecei a fazer o serviço de personal chef. Comecei informalmente, atendendo grupos pequenos, jantares e almoços. E fui crescendo. Comecei em 2005 e três anos depois já tinha uma empresa consolidada em Salvador, com agenda fechada sem precisar fazer anúncio. Tinha posição de respeito, tinha até um certo nome”.
Apesar de consolidar sua empresa, Emanuele foi surpreendida pela maternidade, ideia que, por conta do prognóstico anterior, ela já tinha descartado. “Quando meu filho veio, eu tinha uma série de contratos. A empresa estava muito conhecida no mercado, tinha um nome que precisava zelar. Tentei colocar substitutos, mas não consegui pessoas que assumissem da mesma forma que eu tocava o negócio. A minha melhor decisão foi encerrar as operações”, explica.
Segunda tentativa
Emanuele até tentou encontrar alternativas ao empreendedorismo. Ela abraçou a vida acadêmica, mas sentia falta de pesquisar tendências de negócio, de fazer planejamentos e de ter os desafios enfrentados por quem decide fazer um empreendimento ganhar forma e mercado. Assim, depois do nascimento da segunda filha, ela então apostou em novas ideias.
Hoje febre em diversas partes do Brasil, o food truckainda era novidade quando a baiana decidiu investir na tendência. “Apesar de ter me preparado muito, enfrentei um peso grande, porque eu era a única e não conseguia estar em certos lugares. O baiano é muito fechado para comida. Mas quando veio o movimento, eu já era referencia. Virou uma rotina louca. Em toda reportagem eu estava. E nesse movimento descobri que minha filha é autista.”
Mais uma empresa
Com o resultado do diagnóstico da filha, Emanuele deixou a gastronomia mais uma vezpara dar suporte à menina, pois não teria como conciliar a dinâmica de acompanhamento psicológico e os compromissos do negócio. “Não tinha como ter um food truck pela metade”.
O quadro da menina evoluiu e os avanços significativos que ela demonstra permitiram que Emanuele pudesse pensar novamente em empreender. Conversando com amigas, percebeu que o e-commerce é um modelo de negócio viável, pois possibilita mobilidade e o acompanhamento de perto da filha até que ela complete, pelo menos, sete anos.
E assim vai nascer uma nova marca de e-commerce. “Sempre gostei de artesanato. Vou oferecer tiaras e acessórios para meninas adolescentes e, aos poucos, vamos aumentar a oferta para roupas personalizadas. Mas a ideia é resgatar aquela coisa de vó, trazer produtos de algodão, mais seguros e delicados, que já não achamos no mercado.”
Para quem quer empreender, o conselho de Emanuele Ribeiro é que a empreendedora pesquise o mercado. “Você pode ter uma ideia bacana, mas tem que estruturá-la, e dessa parte as pessoas esquecem. Muita gente acha que basta ter algo que você vai vender. Mas é preciso encontrar uma estratégia para vender o seu produto, estabilizá-lo e ver se você pode expandi-lo ou não. Estes são pontos chaves para ter sucesso.”
Já em relação ao sonho da empreendedora, Emanuele quer consolidar a nova empreitada e ter uma vida pessoal mais estável.