Para Iumi Takeda Yokobatake, o presente é realmente um presente. Da acordo com os ensinamentos aprendidos na Cerimônia do Chá, atividade tradicional japonesa, “é uma honra estar no momento presente, recebendo os participantes”. E só com muita concentração no aqui e agora que ela consegue dar conta de três negócios, ser mãe, cuidar da casa e ainda ter um tempinho para se dedicar à saúde.
Além da Cerimônia do Chá, que são eventos pontuais e aulas em domingos intervalados, ela também se dedica à Vaincre, indústria de cosméticos e materiais para cirurgia plástica; à Akita, clínica médica de estética que abriu em sociedade com o irmão; e ainda ao grupo Super Empreendedoras, que se reúne mensalmente para compartilhar as dores e as delícias de gerenciar o próprio negócio.
Engenheira, Iumi abraçou o mundo do empreendedorismo graças à influência da mãe, que criou o Natugen, produto para emagrecer. “Do Natugen, criamos outros produtos, como um destinado à restauração da pele. Criamos outros cosméticos, mas como só com eles não dava para pagar os eventos, expandimos o negócio para a área de correlatos. E meu irmão abriu uma clínica médica”, conta.
União feminina
Para Iumi, uma das grandes vantagens de ser empreendedora é ter mais controle da própria vida e poder tomar mais decisões. “Mas é uma experiência meio solitária, por isso fiz o Super Empreendedoras, pois vivemos diversos dilemas que quem não tem um negócio não consegue entender. Neste aspecto eu acho solitário e a gente vira meio ‘alcóolatras anônimos’. Todo mundo sabe como é difícil, como temos necessidade de desistir do negócio umas 10 vezes por dia e ainda temos de dar conta de todos os papéis”.
A vontade de impulsionar o empreendedorismo feminino surgiu de uma observação ainda na época em que Iumi era universitária. Uma das poucas mulheres na sua turma de engenharia da Universidade de São Paulo, ela conta que quando ela dormia em sala de aula, sempre tinha uma mulher que copiava a matéria para ela, para que ela não ficasse sem a matéria. “Sinto que nós, mulheres, estamos numa corrida e estamos sempre atrás dos homens. Eles só querem saber deles mesmos. Mas nós, mulheres, não, pois nos ajudamos mais”, observa.
Acumulando funções
Das atividades pelas quais é responsável, a administração da Vaincre ocupa 90% do tempo da empresária. “Temos uma linha para ajudar médicos a fazer botox e preenchimento. E esses materiais são muito específicos. Uma coisa que eu gosto é de atender o telefone. Se eu não atendo o telefone, eu não ouço o que os clientes estão falando. É uma super oportunidade de ouvir o que eles precisam, já que um terceiro não fica interessado”. Outra estratégia que ela adota para expandir o mercado da Vaincre é parcerias com professores e instrutores de estética, a fim de já apresentar seus produtos aos profissionais do segmento que estão se formando. Já na Akita, ela responde pela parte financeira.
Tantas responsabilidades, no entanto, serviram como alerta para que Iumi adotasse um estilo de vida mais saudável. “Em 2010, sofri uma grande depressão muito forte e fui psiquiatra. ‘Me fala como é seu dia’, ele perguntou e observou que das 168 horas semanais que temos, eu não tinha nenhuma hora apenas para mim. Ele ainda ressaltou que eu precisava ter o meu momento, coisa que eu achava ser egoísmo”, lembra.
A partir desta experiência, Iumi passou a fazer academia, atividade que desenvolve diariamente depois de deixar os dois filhos na escola. Após os exercícios, trabalha até as 19h, hora em que desliga do trabalho para se dedicar às crianças. “A dica que dou para as mulheres é que elas separem um tempo para elas se centrarem, pois vejo que elas se sacrificam muito pelos outros e acham que é egoísmo ter um tempinho apenas para elas”, conclui a empreendedora.