Doces, salgados, bolos, lembranças. Todos os produtos relacionados a buffet a empreendedora Lyu Nascimento produz. Aos 46 anos, eventos são sua principal fonte de renda, mas não a principal missão de vida, que é desenvolver cada dia mais mulheres de comunidades carentes, vítimas de diversos tipos de violência ou mesmo rejeitadas pelo mercado de trabalho, transformando-as em empreendedoras.
O Brasil ainda é, infelizmente, um dos países que mais registra índices de violência doméstica e feminicídio: a cada dois minutos, cinco mulheres sofrem agressão, enquanto 13 são assassinadas por dia.
Lyu conhece muito bem esta realidade, já que há 12 anos trabalha voluntariamente em centros de apoio às mulheres a fim de fazer com que elas percebam que são capazes de gerar renda e se empoderar. “O perfil das mulheres que chegam até mim é de 40, 50, 60 anos. São pessoas que o mercado de trabalho não abraça mais por uma série de questões, como aparência, idade e baixa escolaridade”, resume.
Superação
O que Lyu, no entanto, não imaginava era que sairia do papel de empoderadora para virar estatística. Ao se envolver com um rapaz 20 anos mais jovem, a empresária passou a viver uma relação abusiva e violenta, que a fez perder até a proximidade com os filhos.
Apesar da situação devastadora que viveu em todos os aspectos, Lyu não se deixou abater. Hoje vive no Rio de Janeiro, onde, há um ano e meio, retomou suas atividades voluntárias. “Temos oficinas de estética facial e corporal, escovista, manicure e pedicure com unhas artísticas, oficinas de bolos, doces e salgados, artesanato, costura industrial e cozinha industrial. Temos ainda um profissional de barbearia para os homens”, conta.
Fazendo Marias voarem
Atualmente, o Centro de Apoio às Mulheres em que Lyu atua atende 40 aspirantes ao mundo dos negócios. “Já temos mulheres ganhando o próprio dinheiro fazendo bolos e doces. No último mês, três se formalizaram pelo MEI com o apoio que conseguimos da Caixa Econômica”, comemora.
Mas não é só a transformação econômica que Lyu celebra. “Despertamos dentro delas o sentimento de que é possível reverter a situação. Fazemos palestras e logo percebemos que aquelas que se vestiam mais relaxadinhas agora andam mais bem arrumadas. E no terceiro mês de programa, conseguimos identificar que a mudança destas mulheres reflete em toda a família.”
E que mensagem a empreendedora gostaria de deixar para tantas mulheres que ainda não assumiram plenamente o controle de suas vidas? “Olhe-se no espelho e acredite em suas qualidades. Os defeitos, a esta altura, já foram sobressaltados. Mas acredite em você mesma e chegará o dia em que os outros não terão opção senão também acreditar”, conclui.
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