Artesanato Entrevistas

Arieni Tarcila mostra como faturar até R$ 10 mil por mês com saboaria

A arte sempre esteve presente na vida e nas veias de Arieni Tarcila, a começar pelo nome do meio, que é referência à pintora Tarsila do Amaral, mas com estilo próprio: o Tarcila dela se escreve com c.

Os pais dela criaram a primeira associação de artesãos de Adamantina, no interior de São Paulo, onde Arieni nasceu e mora até hoje. E, filha de artesãos empreendedores, criar os próprios produtos e a renda sempre foi um caminho natural para a empreendedora, que hoje tem 37 anos.

Enquanto o pai unia a marcenaria com instalações elétricas e criava luminárias, a mãe de Arieni produzia bonecas para decoração de quartos infantis e presentes. Ambos tinham uma loja, a qual Arieni adorava ajudar a cuidar. “O que hoje é tão falado de faça você mesmo o seu cosmético, cabelo, roupa, eu sempre fui adepta desse movimento. Desde os 12 anos costura roupas e vendia para as amigas”, conta.

Ainda na adolescência, entre os 12 e 15 anos, a jovem precisou ajudar no sustento da família. Assim, além de roupas que vendia para as amigas, ela também era a responsável por vender os anjos de signos e cabalísticos que a mãe produzia.   

Hiato no jornalismo

Antes de se reestabelecer em Adamantina, Arieni conta que viajou bastante. Chegou até em morar em diversas cidades, sempre a trabalho. Marília e Bauru, também no interior paulista, são duas delas.

Formada em Jornalismo e Publicidade e Propaganda, Arieni conta que trabalhou muito em comércio, desde lojas de sapato até escritório. Também atuou em jornais regionais e promovendo eventos. “E o fato de trabalhar sempre fora de casa, me deu a visão de que eu queria ter a minha empresa”, comenta.

Mas a volta para o empreendedorismo só aconteceu depois do nascimento da segunda filha. “Mesmo antes de sair do trabalho, comecei a me especializar em cursos online e aos finais de semana. Investi em especialização porque tudo o que eu sabia, aprendi com meu pai, minha mãe e avó. Precisava me atualizar com o mercado”, comenta.

Assim, ela investiu em cursos no Sebrae e Senac nos períodos fora do expediente. Algumas das formações que ela fez foram em vendas, atendimento ao cliente e saboaria artesanal, que hoje é o seu negócio. E o dinheiro do seguro desemprego, empregou na criação da empresa que leva o próprio nome.

Organização é o segredo

Crédito: divulgação

Novamente em voo solo, Arieni agora tinha diversos desafios pela frente. O primeiro deles foi o gerenciamento de tempo, já que ela era a responsável por gerenciar a casa, cuidar dos filhos e ainda se dedicar ao negócio. A saída? Organização. “Depois de estruturar o meu tempo e como seria o meu horário de trabalho em casa, procurei ter o meu próprio CNPJ e trabalhar de forma profissional. Ter uma empresa através do MEI. Quando você tem o CNPJ em mãos, você passa a ver o peso de ter uma empresa própria”, emenda.

Graças à organização, Arieni conta que não vê desvantagem em ter uma empresa. “Trato o negócio de forma muito profissional. Quando eu resolvi que teria uma empresa, ia trabalhar em casa, determinei bem o meu espaço de trabalho. Quando temos organização, não posso desvantagem. Com certeza, a maior vantagem hoje, é ter tempo para ficar com os meus filhos”, conta.

Até R$ 10 mil por mês

Para atingir cinco dígitos de faturamento sendo artesã, Arieni conta que o diferencial que a empreendedora precisa ter é saber vender. Por isso, ela desenvolveu uma metodologia própria para vender pela internet e se compromete a conquistar novos clientes todos os dias. “Se você anunciar todo dia, você consegue vender todos os dias. Seja para o uso pessoal, presente”, pontua.

Outra estratégia de faturamento (e queima de estoque) é a venda presencial. Por isso, Arieni participa de, pelo menos, três feiras artesanais por mês em sua região, uma das quais ela é a organizadora. “As pessoas adoram conversar. As feiras são experiências incríveis. Na feira consegue ter um faturamento que muitas vezes demora 15 dias para vender pela internet.”

“Tem mais de dois mil contatos que vou agregando em cada feira que faço, então trabalho com esses contatos diariamente. Fora a rede de contatos, para a qual semanalmente eu envio informação, também faço vendas nas redes sociais.”

Campanhas

Quem acompanha a saboaria artesanal gosta de novidades. Por isso, outro desafio de Arieni é se manter atualizada com as tendências internacionais e, sobretudo, lançar tendências. Ela então lança coleções a cada dois meses.

“Clientes deixaram de fazer tratamento a laser, com dermatologistas, que buscavam antes tecnologia para tratar o melasma, hoje procuram a saboaria. Então você precisa recriar os produtos de acordo com a saboaria. Desafio de encantar sempre e mais uma vez.”

Qualidade é um dos pontos de atenção da microempresária, que conta com um grupo de 10 clientes. Este grupo é responsável por testar nas novas formulações e dar feedbacks sinceros sobre os resultados dos produtos.

Arieni tem ainda produtos digitais. Além de cursos, ela tem alunas em diversos estados que aprendem com ela técnicas de produção e também encarar a saboaria como negócio e vender os produtos adequadamente. “O meu curso é online. Fez um ano em julho e, neste um ano, atingimos a nossa meta de 500 alunos. Alunos no Japão, Alemanha, Portugal, EUA, Chile. Essa é a grande vantagem de ter uma plataforma online de curso.”

Para quem está começando a empreender e almeja atingir também cinco dígitos de faturamento por mês, Arieni recomenda planejamento. “E dentro do planejamento, com certeza está o estudo. Sem acompanhar o que há de atualização, a gente não sai do lugar”, pondera.

Além do sonho em ver a saboaria artesanal incluída na Lei do Artesanato, perante a lei brasileira reconhecida, Arieni quer desenvolver novos nichos de produtos, especialmente com matéria-prima 100% natural. E, como tendência de mercado, sugere atenção ao segmento pet, tanto que ela mesma já está elaborando cursos para este público, que cresce cada dia mais.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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