Há quem diga que junto com a maternidade também nasce uma empreendedora. Foi exatamente o que aconteceu com Marina Cabral. Publicitária, depois do nascimento da filha, ela não conseguiu mais se adequar ao mercado de comunicação, que não tem horário fixo. No primeiro momento, decidiu dedicar-se integralmente à criança.
Paraense de Belém, marina se mudou para são Paulo há pouco mais de dez anos, devido às possiblidades de crescer cultural e intelectualmente, além de buscar opções de pos-graduação. “por isso, quando a menina nasceu, tive de parar de trabalhar. Não tinha uma estrutura familiar, de mãe, sogra ou amigos para me ajudar a cuidar da criança e não queria deixa-la na creche”, lembra.
Neste hiato, ela então transformou uma oportunidade em negócio: em vez de voltar à rotina de horários loucos das agências, por que não distribuir produtos da região amazônica na capital paulista? “Desde pequena tenho ligação com a comida, com cozinhar e sair para almoçar. Aqui, os chefes e funcionários de restaurantes percebiam que sou paraense e comentavam que não conseguiam comprar produtos da minha região com qualidade, com rótulo”, conta Marina.
Primeiros investimentos
Marina ingressou em um curso técnico de administração, além de estudar o mercado e planejar o negócio. E, há quatro anos, a Combu – Produtos da Amaônia ganhou vida. “A maior dificuldade foi entender como o negócio roda, como funciona. Por mais que tenha estudado administração e elaborado um plano de negócios, mil coisinhas que eu não tinha previsto aconteceram. Questões sanitárias e de logística foram as áreas em que mais apanhei, assim como foi emblemático estabelecer um relacionamento com fornecedores.”
A empreendedora também teve de aprender a lidar com questões logísticas e sanitárias para formar uma equipe de fornecedores e parceiros comprometidos. “Bati na porta de 50 empresas. E clientes que visitei há dois anos só agora estão nos procurando. Percebi que é essencial ter fluxo de caixa, porque as coisas não acontecem do dia para a noite. E também ter condições financeiras e psicológicas de esperar a coisa acontecer”, recomenda a empreendedora.
Dica: estudar
Com mais de 50 itens à venda em sua loja/ galpão, a empreendedora calcula que aproximadamente 2,5 toneladas de produtos são distribuídos pela Combu por mês. Mas, ao contrário do que possa parecer, atingir esta meta não foi fácil. Além da conquista de restaurantes parceiros, ela também teve de estudar muito e sempre. “Ninguém pode ser aventureiro quando se trata de negócios. Tem de estudar para ter conhecimento administrativo, sobre clientes e concorrentes, além de enxergar o que o cliente espera de você. É possível vender os produtos mais caros para o paulistano, desde que eles tenham qualidade e você ofereça excelência em atendimento”, recomenda.
Mais que expandir seu negócio, Marina sonha que a comida amazônica deixe de ser vista como exótica e integre o menu de todos os brasileiros. “A origem indígena que é a raiz do brasileiro. Assim, espero que ela que seja integrada ao dia a dia do brasileiro e que o nosso povo se acostume a reconhecê-la e consumi-la. Sonho que todos tenham acesso a este tipo de comida, como tucupi, jambu e açaí”, pontua.