O mercado pet no Brasil movimentou mais de 25 milhões em 2017 e cresce constantemente: a população soma 132 milhões de animais domésticos, entre cães (53 milhões), aves (38 milhões), gatos (22 milhões), peixes ornamentais (18 milhões) e répteis e mamíferos (2,7 milhões), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013.
Assim, investir neste segmento é promissor. Mas não foi só por dinheiro que Paula Bezerra, veterinária de 27 anos, investiu na profissão. “Sou apaixonada pelo que eu faço”, conta.
Paulistana da zona leste, Paula lembra que morava em um bairro humilde e que chegou até a passar apertos financeiros ainda na infância. “Vendia a brigadeiro na escola para fazer uma graninha. Já aos 14, entrei no Senai para cursar eletricista de manutenção, mesmo que hoje não saiba trocar uma lâmpada”, brinca.
Graças aos esforços da mãe, Claudia, que conseguiu superar a pobreza trabalhando como supervisora de vendas, Paula pôde estudar veterinária em tempo integral em uma universidade particular no interior. “Para me manter em Bragança Paulista, tenho noção de que sou muito privilegiada. Minha mãe conseguiu crescer na vida e pagava a faculdade. Morava na casa de tias. Assim, vivia a veterinária o dia inteiro. Trabalhava como estagiária de graça e logo no primeiro ano e nas férias”, lembra.
Empreendedora
Uma das críticas de Paula à graduação em Medicina Veterinária é a falta de matérias voltadas à gestão do negócio na grade curricular. “A gente não tem aula de nada. O que me deu o start para empreender era poder fazer as coisas do meu jeito”, relata ela, que investiu em cursos do SEBRAE e se atualiza constantemente em congressos e cursos para atuar no próprio negócio.
Paula lembra que, antes de abrir o consultório próprio e homônimo, atuou em uma clínica em que não concordava com a falta de ética do dono. “Era uma cidade simples e o proprietário queria que eu empurrasse produtos que não eram necessários para os bichinhos ou mesmo que cobrasse absurdos pelas consultas.”
Em fevereiro de 2017 inaugurou seu próprio espaço, mas no sexto mês de gravidez, em julho de 2018, decidiu fechar o consultório para atender apenas a domicílio. Assim, ela pode conciliar a maternidade e as atividades profissionais. Ao contrário do que imaginava, aumentei o número de clientes, pois o transporte dos animais é uma dificuldade. E a qualidade de vida melhorou muito, pois meus clientes viraram amigos, tanto que muitos até perguntam pela Rafa [a filha] e ganhei muitos presentes fa no final da gravidez.”
Rotina corrida
A veterinária atende cerca de 40 animais por mês. Quando precisa realizar cirurgias, sua especialidade, conta com hospitais veterinários parceiros. “Atendo São Paulo e a Grande São Paulo inteira especialmente no período da tarde, quando minha filha fica com a sogra. Consigo atender dois ou três animais por dia”, continua.
Entre os desafios da profissão estão a valorização profissional, especialmente no trato preventivo com os animais, como vacinação e castração. “Divulgar os serviços nas redes sociais também é um obstáculo, tendo em vista que o Facebook me bloqueia constantemente por entender que vendo bichos”, comenta. Assim, resta investir no boca a boca e fazer com que os clientes a encontrem no Google.
Para ser veterinária se consolidar no mercado de forma autônoma, Paula recomenda paixão pela profissão. Tanto que ela atende os animais no chão para adaptá-los durante os procedimentos. Outra dica de ouro: cautela nas finanças.
Paula ama tanto a profissão que lembra que o momento mais difícil da carreira foi ficar sem trabalhar logo após o parto. Por isso, sonha em abrir novamente uma clínica, para continuar ajudando mais bichinhos e seus donos.