Entrevistas

Nani Accursio e o planejamento do SP011

Filha de peixe peixinha é, certo? Para Nani Accursio, esta lógica está errada. Tanto que ela surpreendeu a família quando tomou a decisão de cursar Economia em vez de Medicina, profissão dos pais. E ainda na Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), ela descobriu o empreendedorismo. “Ainda na graduação comecei a perguntar sobre empreendedorismo e participei de um projeto de empresa gerida pelos universitários. Por mais que eu estivesse estudando Economia e fizesse vários estágios, percebi que era aquilo que eu gostava”, lembra.

Apesar do interesse em criar o próprio negócio, Nani não esperava que este objetivo saísse do papel tão cedo. “Pensei que o caminho natural era trabalhar em grandes empresas, juntar dinheiro e depois ser empreendedora”, conta a jovem de 25 anos, que abraçou o convite de um amigo da família para investir em um hostel. Inicialmente o convite foi feito ao pai da moça, que rejeitou a ideia por “já ter passado da época de fazer sociedades”, mas que indicou a filha.

Com a sociedade formada em maio de 2013, Nani decidiu investir em uma casa alugada na Vila Madalena, por ser um local estratégico tanto para quem vem à cidade a lazer, quanto para quem vem a trabalho ou negócios. “A gente meio que tenta não se fechar em um publico só. Primeiro esperamos para ver quais públicos viriam se hospedar no SP011 e só então estudaríamos em quais públicos vamos nos focar. Semanas atrás veio um produtor de eventos à procura de cursos bem específicos na Vila Madalena. Tem gente que vem fazer curso na USP, pois, no geral, vem bastante brasileiro”, continua.

Planejamento

No entanto, abrir um hostel não é tão simples quanto parece. Antes de iniciar as reformas para adaptar o imóvel às necessidades do empreendimento, Nani enfrentou diversos problemas para conseguir regulamentar toda a documentação junto à Prefeitura de São Paulo. Neste trâmite, a empreendedora perdeu quase nove meses de atividade e também de aluguéis que teve de desembolsar. Apenas em outubro de 2015 é que o imóvel, regulamentado e reformado, pôde ser aberto. “Enquanto estava tudo parado, acabei fazendo vários cursos”, ressaltando que continuar com o negócio só foi possível porque, além do investimento inicial, o sócio continuou trabalhando em um emprego fixo para reinvestir no SP011. “Sempre digo que quando você faz um planejamento, você tem que por o dobro do tempo e triplo de custo”, ensina.

Desafios

Atualmente o SP011 tem duas estratégias de negócio. Além da hospedagem, Nani aposta também na realização de eventos. “Fluxo de caixa é sempre uma história. Temos de ficar bem atentos à parte comercial, vendas e ir atrás dos clientes. Estamos tentando ações com empresas da região, como agências de publicidade e de modelos para mudar o conceito, já que brasileiro tem uma visão um pouco negativa com hostel. Queremos mudar essa ideia, mostrando que o hostel é uma possibilidade de ficar em um local próximo com conforto. As camas são mais afastada uma das outras, para que as pessoas tenham mais conforto, e café da manhã é servido com mais cuidado.”

Para quem sonha em investir em serviços de hospedagem, Nani aconselha que a empreendedora faça sua lição de casa. “É necessário fazer uma longa pesquisa antes de começar. Aprender fazendo é importante, mas no nosso caso tivemos sorte de conseguir aguentar todo o período inativo. Mas o SP011 poderia ter quebrado. É legal se preparar, conversar com pessoas que são do ramo, além de contratar pessoas técnicas para a sua sede, como um bom engenheiro e um bom decorador”, finaliza.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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