Com apenas 29 anos, Nathalia Watanabe poderia se resumir a arquiteta e urbanista. Porém, a experiência dela vai muito além. Já atuou como arquiteta, na indústria, no comércio, em ONG, desenhou móveis, faz produção de evento e até já costurou fantasias para o Carnaval. Tudo isso porque ela gosta de experimentar. “Desde criança a gente ouve que tem deconstituir carreira, mas eu nunca consegui assimilar este conceito. Tenho interesse em tantas coisas que não consigo ficar em um só lugar”.
Por isso, atualmente ela obtém renda por meio do aluguel de quartos da casa dela pelo Airbnb, enquanto procura novos projetos. Mas até o início deste ano, ela era uma das sócias da Woole, startup de mobilidade que oferece um sistema de navegação customizado para ciclistas.
Natural de Suzano, a jovem empreendedora conta que a afinidade por ser dona da própria rotina é herança. “Empreendedorismo vem de família. Meu pai também tem o comichão, que é o que todo empreendedor precisa: coragem grande, curiosidade grande e topar. Vem de família gostar do risco, gostar de inovar, gostar muito de trabalhar e por a mão na massa”, conta ela.
Atualmente a jovem empreendedora reside em São Paulo, mas também já morou dois anos na Itália. “Estava trabalhando muito. Teve uma época que percebi que não estava feliz. Era para ser uma viagem sabática para durar um mês, mas fiquei dois anos”, lembra.
Mundo de startups
Depois da temporada na Europa, Nathalia não pensava em voltar a São Paulo. “Mas participei do Startup Weekend de mobilidade urbana, acompanhava o meio, mas senti que pessoalmente não estava preparada para começar uma empresa. No evento, conheci os que viriam a ser meus sócios, pessoas que se identificaram de alguma forma com a ideia, por serem ciclistas ou acreditarem que a bike é uma saída mesmo de mobilidade urbana. Então, transformamos o projeto na Woole.”
Um dos desafios do novo negócio foi desenvolver rotas seguras para os ciclistas paulistanos, processo muitas vezes feito à mão. “Foi um processo muito importante para entender qual era o nosso publico e o que ele queria, quais requisitos influenciam em uma rota, se era uma rota boa e segura. Para mim foi uma oportunidade de crescimento exponencial, pois pude entender como entender como uma startup funciona.”
Mas nem todo o desenvolvimento da empresa foi fácil. “Tivemos altos e baixos. Um desenvolvedor saiu da empresa sem terminar o código. No fim do ano passado fizemos um crowdfunding e levantamos R$ 40 mil. Foi a época em que comecei a me desligar da empresa, pois percebi que se continuasse, teria de apostar todas as fichas na Woole. Preferi sair antes que a empresa dependesse de mim”, acrescenta.
Novos projetos
Enquanto escolhe se irá empreender ou intraempreender, Nathalia conta que a renda vem da própria casa. “Recebi em um ano e meio 120 pessoas, pessoa de todo lugar do mundo. É um desafio de gerenciamento da casa, de receber hóspedes. Mas é o que me dá liberdade de procurar projetos novos, sair do meu trabalho. Uma forma alternativa de prospecção de renda e de viver”.
Mas como viver diante de tanta instabilidade? Nathalia conta que se acostumou a correr riscos. “Entro em desafios cada vez maiores e me sinto mais confortável com eles. Não tenho mais a agonia que eu sentia de não ter uma carreira. E vejo que o mercado valoriza pessoas com experiências múltiplas. Quando conto de minha trajetória, aparecem muitos projetos para eu desenvolver”, comemora.
Assim, ela adotou como métrica de sucesso a qualidade de vida e “estar bem consigo” e sonha em voltar para o campo humanitário. “É conexão comigo mesma, amo trabalhar, sou muito mão na massa. Acho que o meu trabalho é desempenhar a função social para melhorar o meio em que a gente vive, nasceu ou habita e manter um equilíbrio emocional comigo mesmo”, conclui ela, que atuou por anos na Teto Brasil.