Entrevistas

Odegine Graça: “Meu propósito que é estar a serviço da vida”

É muito simples diferenciar quem é bem-sucedido e quem não é. O indicador do sucesso está longe de ser apenas o retorno financeiro, mas está presente nos gestos, tom de voz e até mesmo na postura. E todas estas características a psicóloga Odegine Graça tem de sobra.

Referência em constelação transpessoal – modalidade da constelação sistêmica que utiliza técnicas da psicologia transpessoal (como música e dança), a paranaense herdou dos avós o dom de cuidar de outras pessoas. “Meu avó fazia remédios naturais, era bem conhecido, uma espécie de xamã. E a minha avó era parteira”, orgulha-se.

No entanto, ela não se ateve apenas à herança familiar. Formou-se em filosofia e psicologia, teve dificuldade de conquistar empregos fixos. “Trabalhei muito tempo como voluntária. Estou no mercado há 30 anos, parte deles em hospitais psiquiátricos”, comenta a empreendedora de 52 anos.

Sem alternativa

Odegine, porém, tinha consciência de que seria difícil se consolidar no mercado como empregada, pois a saturação da área de psicologia já era uma realidade décadas atrás. “Fui obrigada a investir em mim mesma desde o início. Não existia emprego na minha área. Ou você ia trabalhar em organizacional ou clinicava.”

Assim, alternativa foi mudar de lado do balcão, em que ela deixou de procurar emprego para investir no próprio consultório. Mas o início não foi simples, já que, durante dois anos, ela ganhou o suficiente apenas para pagar o aluguel da sala.

Depois de muito esforço e anos de trabalho árduo, Odegine conquistou reconhecimento, tanto que já ministrou cursos e palestras no Chile e no Peru. Ela também investiu na Casa das Fadas, espaço em que faz atendimentos terapêuticos, formações em constelação familiar transpessoal e organizacional, além de atendimentos que têm como objetivo a evolução das pessoas que a procuram. “Quando vim aqui e dei o nome de Casa das Fadas, eu já tinha um trabalho conhecido. Mas as pessoas disseram que eu ia ficar difamada. Pensavam que coisa de feiticeira. Tive bastante dificuldade e recebi e-mails de pessoas que não gostaram da proposta. Mas não seria nem o sucesso e nem o fracasso que dariam o valor do meu trabalho”, pontua.

Referência

A empreendedora conta que o que mais mudou desde que decidiu apostar na própria empreitada foi a visão ante a vida. “Eu já tinha bastante esperança e fé no que eu fazia. Hoje eu tenho certeza de que o meu propósito que é estar a serviço da vida”.

Já como desafio ela aponta a valorização do trabalho. “Tenho uma vizinha que foi fazer um curso comigo no Peru. Pagou uma fortuna, sendo que ela poderia ter feito aqui por muito menos. Infelizmente parece que os brasileiros só sabem valorizar o que vem de fora e não o que é desenvolvido aqui”, observa.

Como a dica às empreendedoras que querem, como ela, alcançar objetivos, ela recomenda resiliência e aprendizagem constante. “Não se molde nem com o sucesso e nem com os fracassos. E transforme os seus erros em um boletim de aprendizado. Eu anotava, pesquisava em que deveria mudar. É importante não se basear em opiniões alheias. Se você tem certeza do que está fazendo, apenas continue fazendo.”

E o que podemos esperar da empreendedora? Em 2018, ela quer transformar a Casa das Fadas em editora. “Meu sonho está se realizando agora. Quero terminar a minha vida escrevendo, ver meus alunos já professores e dando continuidade ao meu trabalho. E eu quero escrever histórias para crianças”, finaliza ela, que é ainda artista plástica.

 

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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