Quer ter projeção profissional, seja no mundo corporativo ou nos negócios? Saber exatamente o que queremos da vida. É o que defende Jomara Corgozinho, coach de carreira de Divinópolis, no interior de Minas Gerais. “Sem estabelecer prioridades, objetivos de vida, o profissional vai se frustrar e estagnar”, comenta.
A certeza do que queria ser acompanha Jomara desde os cinco anos, quando conheceu uma psicóloga a quem se afeiçoou e decidiu seguir o mesmo caminho. “Meus pais não tinham condições de bancar meus estudos fora da cidade. 24 anos atrás era muito difícil. Não sofri com isso. Quando estava no terceiro ano do ensino médio, meu tio era diretor da faculdade aqui da cidade e me ligou dizendo que o curso de Psicologia havia sido aprovado na faculdade e iniciaria no ano seguinte.”
Graduada em 1995, foi contratada para estabelecer o setor de recursos humanos de um supermercado, emprego que a deixou famosa na cidade, tendo em vista que ela foi a primeira a implementar a prática de Recursos Humanos no município. “Comecei a ser assediada e convidada para participar de muita coisa”, emenda.
Mudança de rumo
Depois de ler Empregabilidade, livro de José Augusto Minarelli, em 2000, Jomara ficou encantada com as possibilidades de trabalho, tanto que decidiu se demitir do supermercado para abrir a própria consultoria. “Fui chamada de louca, pois tinha fama e um bom salário. Me preparei para a mudança, não pedi demissão simplesmente sem estar assegurada de trabalho como empreendedora. Construí um nome e uma marca e na hora em que me senti preparada, investi”.
Logo vieram os desafios. Jomara conta que nunca enfrentou grandes dificuldades ou mesmo endividamento, pois sempre contratou especialistas para auxiliá-la no desenvolvimento de estratégias e operações que ela precisava fazer. “Não era medo. Era precaução. Não podia dar errado. Sou a mantenedora da minha casa, então tinha de me resguardar até que as coisas dessem certo”, lembra.
Ainda assim, ela teve de reformular as despesas e se adaptar à realidade de ‘viver na corda bamba’. “Tem hora que cansa. Tem hora que desgasta. Teve um momento muito difícil, que pedi para Deus me ajudar. Chorei muito. Foi o momento que percebi que o salário fixo fazia toda a diferença na minha vida. Se eu quisesse ter aquele valor novamente, teria de correr atrás”, comenta a empreendedora, que levou oito meses para cair na realidade.
Para superar a instabilidade financeira, Jomara buscou contratos fixos de três e seis meses. Passou um ano e estava estabilizada novamente, que também lecionava em universidades da região.
O emocional também exigiu a atenção da empreendedora mineira. Jomara conta que enfrentou a depressão, doença desencadeada pela própria cobrança de ser multitarefa. “Medo de não dar conta, acúmulo de tarefas e tinha de administrar o meu tempo para dar tempo de fazer tudo e isso é muito pesado. Foram noites sem dormir, cabeça pensando em tudo que que tinha para fazer.”
Reinvenção
Depois de 12 anos à frente da consultoria, Jomara decidiu novamente seguir novas direções. “Foi quando conheci o coaching. Fui a primeira coach da cidade e não parei um dia desde então. Já atendi mais de mil pessoas”, comemora.
Hoje Jomara já não integra o ambiente acadêmico e está apenas atuando como coach. Atende 40 clientes e tem até fila de espera por atendimento. “Como moro no interior, tudo é mais fácil. Divinópolis tem 250 mil habitantes, então aonde vou sou conhecida. As pessoas me procuram, gostam do trabalho e me indicam.”
Mesmo famosa, Jomara não deixa a prospecção de lado. Atualmente ela promove palestras gratuitas na região e lá faz a captação de clientes. “Também promovo lives, posto constantemente nas redes sociais, tenho estratégia de vendas pelas redes sociais. Tenho grupos no Whatsapp, anúncios. Mas o ponto forte são as palestras”, continua.
Dicas
Para quem deseja se projetar como profissional, Jomara ressalta a importância de ir além da universidade. “De alguns anos para cá, se banalizou a formação acadêmica. Muito fácil entrar, se formar numa faculdade e sair de lá sem saber nada. Minha visão: tem gente com formação técnica e teórica, mas nem todas têm o comportamento que as empresas esperam. Ficam presas nas teorias e esquecem de se desenvolverem. Como professora universitária por 15 anos, via alunos da universidade que entravam sem saber pra que e saiam sem saber como, onde ou o resultado que queriam da vida. A coisa que mais escuto hoje é isso: entrevistei gente com mestrado e reprovei por não ter postura profissional”, observa.
Já para quem quer, como ela ser uma empreendedora de sucesso, Jomara conta que é importante se cuidar. “Não abro mão da academia, de tempo livre para mim, de viagem em família para estar bem. Não sofro com tarefas de casa. Não vou sofrer com casa desarrumada, não vou. Tenho um mentor e uma coach para trocar as dores. Nunca fico sozinha”, finaliza a mineira, que agora sonha em ter um local de atendimento psicológico e de desenvolvimento humano para diversas especialidades a preços acessíveis.