Hoje fiquei o dia inteiro pensando sobre a importância desta data. O que achei mais engraçado, no entanto, foi perceber que o “trabalhador” se vangloria enquanto, ao mesmo tempo, o empreendedor é desqualificado. Vi memes de que hoje é dia do trabalhador porque todos os demais são do empresariado. Vi também posts virais de empregadores dizendo “o quanto odeiam feriado”, pois “feriado prejudica a economia do País”.
Parece que somos duas classes diferentes, mas na realidade não somos. Somos tão trabalhadores quanto os outros e um sem o outro está fadado à falência, pessoal ou corporativa. A única diferença que temos são as nossas escolhas.
Não há demérito em escolher a (suposta) estabilidade do mercado de trabalho. Quem opta por ser empregado pode se deparar com limitações de carreira e ganhos financeiros, excessivas jornadas de trabalho, entre outras questões. Mas têm, no final do mês, o salário certo, além de benefícios geralmente.
Assim como não há apenas paraíso e vantagens infinitas em ser dono do próprio negócio. Sim, a possibilidade de retorno financeiro é maior, mas a instabilidade, o excesso de trabalho e de responsabilidade sobre a empresa, a solidão e demais fatores podem comprometer a saúde física e mental dos empreendedores.
Ambas as escolhas têm vantagens e desvantagens. Cabe a cada um, no entanto, perceber em qual categoria se encaixa melhor. Como disse, são apenas escolhas.
Tão diferentes e tão iguais
E, caso não tenhamos reparado ainda, trabalhadores e empreendedores somos mais parecidos do que imaginamos.
Enquanto a jornada de trabalho varia entre 40 e 44 horas semanais, a dos empreendedores não é muito diferente: 55% dos donos do próprio negócio trabalham mais de 40 horas por semana, de acordo com pesquisa do Sebrae.
Já a renda média do trabalhador brasileiro foi de R$ 1.268 em 2017, o faturamento das empreendedoras gira em torno de R$ 2.000 por mês e a dos empreendedores fica em R$ 2.800. Primeira ressalva: faturamento não quer dizer lucro, mas sim toda a receita que os donos de empresas recebem no mês, valor do qual se descontam impostos, insumos e demais custos intrínsecos a uma empresa. Segunda ressalva: ambos os grupos estão longe dos quase R$ 3.800 mil mensais, renda que seria a ideal para sustentar uma família de quatro pessoas, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Assim, percebe-se que empreendedorismo “não é uma moda”, como muitos trabalhadores demonizam por aí. No Brasil, especialmente nos últimos anos e para as mulheres, empreender foi um ato de necessidade, de sobrevivência. Trata-se de uma alternativa a um mercado de trabalho desigual ainda preconceituoso e desigual, visto que quase metade das mulheres são demitidas do mercado de trabalho até dois anos após a maternidade, de acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas. O mercado, em geral, também exclui profissionais seniores, assim como os jovens. A saída destas pessoas? Empreender.
Nem todo empreendedor é “explorador”, pelo contrário: o Sebrae aponta que, dos quase 25 milhões de empreendedores brasileiros, 85% trabalha sozinho. Porém, quando consegue se consolidar o negócio, estes pequenos empreendedores tornam-se responsáveis pela metade dos empregos gerados no País.
Eu não existo longe de você
Sem empreendedores, os trabalhadores não têm alternativa de renda senão tornarem-se empreendedores também. Sem os trabalhadores, os empreendedores não conseguem fazer a empresa crescer.
Em vez de “demonização” de um ou de outro, que tal reconhecer a importância de cada um?
Feliz Dia do Trabalho para todos.
Adorei seu site! Com certeza voltarei mais vezes! Parabéns!