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Confeitaria com felicidade e afeto: a receita do sucesso de Carla Belmonte

Muito além de um hobby, a confeitaria proporciona uma chance real de emprego e renda para quem se dedica à área. Mas para Carla Belmonte, empresária carioca, a profissão vai muito além do preparo de bolos e doces. É uma forma de proporcionar felicidade para quem os compra.

Foi a partir desta percepção que Carla, formada em Direito e líder de uma autarquia, decidiu mudar de profissão e abraçar de vez o mundo dos doces, pelo qual começou a se interessar em 2015, durante os preparativos para a sua festa de casamento.

“Quis aprender mais. Fiz um cursinho aqui, outro cursinho ali, um curso de panificação. Mesmo trabalhando como advogada, fazia doces para as festas de família e comecei a vender no trabalho. Como produzia muitos produtos personalizados, chegava tarde do trabalho, comia alguma coisa e ficava até 3h, 4h da manhã fazendo isso. Depois, acordava às 6h para ir ao trabalho”, lembra a empresária.

Pandemia

A decisão de transformar a fonte de renda extra em um negócio surgiu em 2018, pouco antes da pandemia. “Achava que teria bastante encomenda e agenda de pedidos fechada. Pouco tempo depois veio a pandemia e tive de me reinventar”, comenta.

Carla conta quea transição foi impactante. A princípio, ela conseguiu se inserir no mercado de eventos, especialmente trabalhando com festas. No entanto, a crise sanitária gerada pela covid-19 fez com que o faturamento despencasse para praticamente zero.

Aulas profissionais e cursos on-line, como a produção de biscoitos para o natal, foram as formas que a empreendedora encontrou para superar os meses de isolamento social. “Apostei em produtos pronta entrega, como bolos. Conseguia tirar uma renda razoável e, com o passar do tempo, percebi que aquilo era algo que eu gostava de fazer. Também comecei a gravar vídeos e aulas. Foi meio difícil no início, porque dar a cara a tapa não é facil”, continua.

Afeto

O gosto pela cozinha é de família. Entre os 2 e 15 anos, Carla morou no interior do estado fluminense. Graças ao contato com a avó, que gostava de cozinhar doces aos montes, e a abundância de frutas, como a jabuticaba, a empreendedora desenvolveu uma grande memória afetiva em relação à confeitaria.

Para o próprio negócio, ela incorporou as geléias como opções de sabores dos produtos. “Minha avó fazia geléia até de legumes. Ela fazia panelas de geléias, que duravam o ano inteiro, de tanta geléia que ela fazia. Eu trouxe isso para os meus bolos, e muitos deles têm geléia”, entrega.

Este afeto avó-neta também está presente na relação de Carla com os clientes, pois ela enxerga na confeitaria não só uma forma de trocar produtos por dinheiro, mas de ver a emoção dos clientes ao receberem as encomendas. “Posso propor uma experiência para as famílias, pois o bolo é o principal elemento da festa.

Desafios

A liberdade de tempo também é vista pela microempresária como uma das principais vantagens de empreender. De volta ao Rio, Carla conta que trabalhava tanto e em horários pré-estabelecidos, que muitas vezes não teve tempo de conviver mais com a mãe e a avó. “Se quiser e não precisar trabalhar em um determinado dia, eu posso. Passei a ter domínio do meu tempo. Isso, para mim é muito importante, principalmente quando vamos ficando mais velhas e percebemos que tempo é um dos fatores que mais influenciou a decisão de mudar de carreira.”

Aprender a lidar com a falta de contato humano é um dos principais desafios para a microempresária. “Ainda que a gente não viva mais na pandemia, trabalhamos muito dentro de casa, sem contato com as pessoas. Na autarquia, eu tinha várias reuniões. Hoje, quase não vejo pessoas. Meu contato é majoritariamente digital”, pontua.

Carla observa ainda que lidar com a família se mostra um desafio comum a muitas confeiteiras. “Os familiares são os primeiros a aceitarem o trabalho de graça quando uma boleira inicia o negócio. Mas também são os primeiros a não querer encomendar com você para fazer encomenda com outros profissionais. Isso é muito recorrente também na minha vida, e tem muitas colegas de profissão que já não atendem mais os parentes, que acham que nós temos de fazer bolos e doces de graça.”

Novos horizontes

Com o foco em dar aulas e seguir produzindo produtos a pronta entrega, a confeiteira deseja que, em 2023, a profissão passe a ser mais valorizada e reconhecida no senso comum. “Gostaria que as pessoas vissem a confeitaria com menos preconceito, porque os bolos serão produtos com ótima demanda, já que as pessoas estão voltando a fazer festas.”

O bolo pode ser ainda uma ótima forma de gerar altos ganhos, especialmente quando a empresária investe em valor agregado. Carla, por exemplo, é especialista em pintura artística para confeitaria. “Quando a confeiteira aplica técnicas de decoração dos produtos, ela faz o negócio crescer significativamente”, conclui.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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