Entrevistas

Suelen Mello Surabhi: empreender é para mulheres fortes

Já diz um ditado popular que “não se sabe a força que se tem até que a única opção seja ser forte”. Mas para a gaúcha Suelen Mello, ser fraca nunca foi opção, especialmente para conseguir trabalhar de forma independente em sua academia, onde leciona pole dance, yoga, entre outras modalidades de dança.

Ainda aos 15 anos, enquanto estudava para o vestibular de Medicina, apaixonou-se por academias e foi naquele momento que percebeu que sua verdadeira vocação era dar aulas. “Sempre fui muito ligada à dança e aos esportes. Sempre fui muito competitiva, desde criança. Então, desisti da Medicina, prestei vestibular na ULBRA [Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, Rio Grande do Sul], mesmo contra a vontade de minha mãe. Ela não queria de jeito nenhum que eu fizesse Educação Física, tanto que me disse que se eu cursasse educação física, iria pagar o curso. Foi o que eu fiz durante um ano. Paguei o curso aos trancos e barrancos, até minha mãe percebeu que realmente era isso que eu queria e passou a me ajudar com o  transporte”, lembra.

No entanto, ainda aos 19 anos, Suelen perdeu a mãe, vítima de atropelamento.  Além da dor da perda, a gaúcha teve de assumir uma série de novos compromissos. “Segui em frente com muita coragem, pagando faculdade, transporte, aluguel, alimentação, livros, xerox, fazendo estágios, vendendo coisas (lingeries, trufas, roupas, brincos, incensos), passando por muita dificuldade financeira”.

Depois de diversas experiências trabalhando em academias, Suellen percebeu, com a ajuda de seu terapeuta, que ela também poderia investir no próprio negócio. “A maior dificuldade foi ter aberto meu espaço sem nenhum capital de giro. Abri meu negócio na cara e na coragem em outubro de 2012. Fiz a análise swot, vi que eu daria super certo, acreditei, mas não sabia que enfrentaria algumas dificuldades em dezembro, janeiro e fevereiro”, continua.

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Focada no trabalho e com a ajuda dos amigos, que emprestaram dinheiro para que ela investisse em um modelo de negócios no qual acreditava, ela superou as dificuldades iniciais para consolidar sua academia, a Suelen Mello Pole Dance, pensada carinhosamente no público feminino. “Trabalho com Força Física (psicológica junto), trabalho a flexibilidade, trabalho com o yoga, relaxamento, etc. Trabalho a sensualidade das alunas, feminilidade, dança do ventre, fotografias, workshops, palestras, aulas de danças no geral. É um espaço voltado para as mulheres. Para todas se reabilitarem e estarem lidando diretamente com o Sagrado Feminino de cada uma, com sua essência, com o seu amor próprio. Além de ser um treinamento forte, fisicamente falando. E o Pole Dance é uma prática para mulheres fortes, não fisicamente, mas de cabeça. Aquela mulher que gosta de desafios, que gosta de crescer, evoluir”.

E como fazer para conciliar aulas, a administração do negócio e a vida pessoal? Aos 32 anos, Suelen se define como perfeccionista e, para dar conta de tudo, ela aposta na disciplina. “Me organizo em dias e horários, disciplina e foco. Não gosto de deixar nada para depois. O que esta na minha frente já resolvo. Tenho uma agenda em que me organizo, anoto tudo por grau de exigência. A minha vida não é fácil, tenho que “rebolar” para dar conta de tudo. Mas assim como tenho ‘fome’ de aprender, tenho ‘fome’ de ensinar e deixar tudo perfeito. Sou viciada em trabalho, a louca”, diverte-se.

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Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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