Diretora da Conexão FGV, empresa conveniada da Fundação Getúlio Vargas, e Conexão T e D, quem vê Célia Natali Moscardi não imagina os altos e baixos que a empreendedora de São José dos Campos passou ao longo de sua trajetória. Afinal, ela conta que muitas pessoas lhe disseram não e não a incentivaram quando ela decidiu assumir os próprios sonhos.
Porém, Célia conta que sempre foi empreendedora, ainda que inconscientemente. Filha de comerciantes, aos 6 anos ela ajudava os pais armazém da família. “Vinham aqueles senhores a cavalo fazer a compra do mês. Eles compravam 20 quilos de açúcar e eu pesava de cinco em cinco quilos”, lembra.
Célia se recorda ainda que cresceu para estudar e, na hora de escolher sua profissão, ela optou pelo magistério. “Achava super bonito ser professora. No curso, um professor disse que aquele era um curso para esperar marido”, diverte-se.
No entanto, em vez de lecionar para crianças, ela percebeu que sua vocação eram os adultos. Por isso, investiu em um curso no Senai e voltou sua carreira para área de treinamentos.
Começos
Antes de investir no próprio negócio, Célia trilhou uma longa carreira no mundo corporativo: foram 17 anos dedicados a multinacionais, como Embraer e Votorantim. No entanto, depois do nascimento da segunda filha e à espera da terceira, a paulista decidiu rever suas escolhas. “Trabalhar fora me deixou muito angustiada em relação aos meus filhos. Vou ser mãe, profissional ou empreendedora?”, questionava-se.
À frente da Conexão T e D, o começo não foi fácil. Ela deu início à empresa em um computador e mesa no quarto de casa. “Foi muito porta a porta. Apesar de ajudar pessoas em São José dos Campos, às vezes as pessoas que você conhece não acreditam em você. Elas querem pegar o que você tem, mais não acreditam em você.”
Ainda assim ela conseguiu clientes, sendo que 80% deles estavam em São José dos Campos e outros 20% em São Paulo. Mas a grande mudança na empresa dela veio três anos depois, por meio de um fax.
Oportunidade
Célia ainda tinha um escritório em casa quando recebeu um fax convidando-a para participar de um processo seletivo da Fundação Getúlio Vargas, para que ela fosse representante da marca no Vale do Paraíba. “Ganhamos o edital e me vi em uma situação completamente nova. Montamos a empresa e viemos trabalhar no shopping. O maior desafio foi começar do zero. Meu marido veio trabalhar comigo. E se não der certo? Foi um momento de bastante introspecção e renúncia.”
O esforço, investimento e trabalho duro deram certo. Hoje a Conexão FGV soma sete unidades espalhadas no interior de São Paulo e região metropolitana e 22 anos de parceria. “Apesar de tudo, foi muito legal. No evento de aniversário de 20 anos da Conexão FGV, minha filha disse que fiz as melhores escolhas ao optar por não ser só mãe, mas também de ser uma mulher realizada”, emociona-se.
A realização para Célia agora é contribuir com uma sociedade melhor por meio de educação. “Meu sonho é olhar para os meus filhos e netos e conviver com eles de forma ética, passando bons que exemplos”, conclui.
Célia é uma das autoras do livro Empreendedoras de Alta Performance, publicado pela Editora Leader.