A inspiração para criar negócios, assim como as grandes paixões, pode surgir de qualquer lugar. Foi o que aconteceu com Renata Castanho. Ela estava em uma balada em 2007 quando viu uma moça apresentando um número de pole dance. A identificação com o esporte foi imediata, assim como a vontade de ter uma barra para praticá-lo em casa.
Naquela época, não existiam indústrias nacionais de barras de pole dance. Para realizar o desejo de ter sua própria barra em casa, a paulistana da Zona Norte pediu ao pai que fabricasse uma. “Mas a casa não podia furar nem o teto e nem o chão. Meu pai fez a minha primeira barra removível. Uma amiga deu a ideia de vender. Criei o primeiro site da Levit sozinha, em 2008. Era um blogzinho. Até que uma foi se interessando, outra foi se interessando e aconteceu de ser empreendedora”, conta Renata.
Status
Ainda que tenha nascido por acaso, a Levit se tornou referência no mercado brasileiro pela excelência graças à dedicação da própria Renata. Enquanto as primeiras barras foram vendidas graças à boca a boca, coube à empreendedora criar os modelos de barra, nomes e descrições técnicas das barras, detalhes que não existiam no mercado brasileiro. “Vendi tudo o que eu tinha para comprar uma máquina de R$ 82 mil para que a barra não machucasse a perna das pessoas”, lembra.
Mas para se consolidar no mercado e se tornar a marca que muitas atletas pensam quando o assunto é pole dance, Renata investiu bastante na divulgação em eventos de pole dance, nos quais atua como patrocinadora. Ela patrocina também atletas que participam de competições nacionais e internacionais, como o World Pole Sport. “Pensou barra de pole dance, pensou Levit. Até existem outras. Mas o respeito das meninas por mim é o que me faz feliz. As meninas querem Levit. É uma empresa que surgiu da cabeça de uma mulher”.
Desafios
Hoje com 44 anos, Renata trabalha em regime CLT como coordenadora comercial de uma empresa de papel gráfico. Lá, lidera uma equipe de 10 pessoas. Ela também se dedica aos dois filhos, de sete e quatro anos, além dos cuidados com a Levit. E como ela dá conta de tudo? A própria responde. “Às vezes, no horário de almoço, vou para a Levit para ver o que tem para despachar. Volto para o trabalho. Busco os filhos na escola. A Internet ajuda muito, mas a rotina é puxada. Trabalho até 2h para dar conta da parte burocrática e acordo às 6h.”
Há outras duas superações que fazem parte da rotina de Renata. A primeira delas é a concorrência desleal, que joga o preço das barras a patamares impraticáveis para quem, como é o caso da Levit, paga todos os impostos, funcionários e investe em tecnologia. “Um mercado tão pequeno já sendo prostituído. Concorrência baixou o preço. Mas eu melhorei minha tecnologia, com custo industrial, e mesmo assim hoje vendo a preço mais baixo”.
Renata também aponta a falta de mão de obra especializada e a terceirização da entrega (que ao atrasar este processo compromete a imagem da Levit com as clientes) como dificuldades do negócio. Mas o maior prejuízo vem das devoluções feitas pelos clientes. “Das cinco mil barras que vendi, só algumas foram devolvidas sem motivo. Se é vício, a gente pega de volta e vai encontrar o vício. Mas não. A cliente não gostou. Mas eu já paguei R$ 150 para entregar, R$ 150 para retirar a barra de volta. Ou seja: paguei R$ 300 para a pessoa testar a barra e devolvê-la. E eu paguei mão de obra, paguei imposto e vou ter de devolver o dinheiro integral para o cliente. Isso me chateia”, comenta.
Legado
Empreender também tem vários benefícios. O primeiro deles é a paixão que Renata tem pelo negócio, mas que não consegue explicar. O que ela sabe é que a Levit, além de ser uma pioneira no Brasil, é uma empresa que vai deixar um legado. Ela também valoriza o fato de empregar o pai, irmão e sobrinho no negócio, todos registrados em regime CLT. “Outra vantagem é o crescimento intelectual. A mente quando abre, não volta mais. O seu pensamento não fica limitado e a gente não se fecha no nosso próprio núcleo. Criar, fazer o que a gente gosta. Ver o negócio dar certo.”
Renata se descreve como “uma mulher que sonha em fazer o mundo feminino melhor. Uma mulher forte, empreendedora, empoderada, que não foge da luta e que tem sonho como todas as mulheres”. E qual é o sonho dela? Que a Levit seja cada dia melhor, sonho pelo qual ela corre atrás todos os dias.