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O que é o meu empreendimento de artesanato?

Olá, querida artesã, tudo ótimo? Eu sou Raquel Queiroz, artesã há 20 anos, proprietária da QUEL Arteira Produções Artesanais e sua atual referência em Artesanato aqui na Voa, Maria. No artigo passado ajudei vocês a definirem um objetivo com consistência e um bom alicerce, certo? Pois então. Agora que têm o objetivo, vamos caminhando pelo nosso plano de ação, propriamente dito, refletindo hoje sobre o tópico dois, o qual relembraremos abaixo:

2 – O quê?

Esse questionamento parece bobo, mas se você se questionar vai perceber que, muitas vezes, na verdade, você não sabe realmente o que é ou será o seu negócio.

Como já afirmei, dessa resposta depende o sucesso do seu empreendimento! Porque cada tipo de negócio demanda maneiras diferentes de comercialização, de estratégias de vendas e de marketing, de cobrança, e de gerenciamento. Então defina: O que será o meu negócio? Uma loja eventual, que vende no boca a boca, através de WhatsApp e em feiras e eventos periódicos? Uma loja virtual, que vende através de aluguel em lojas já existentes ou em site próprio? Ou uma loja física mesmo, com contato direto com o cliente? Vamos decidir juntas?

Primeiramente, é preciso ter a consciência de que a valorização do trabalho artesanal parte do artesão. É preciso desmistificar o artesanato como sendo aquela alternativa informal, o “quebra-galho”, o plano B e, às vezes, até o C. Faz tempo que o único ofício respeitado é o que sai da carteira assinada, concordam?

O público de artesanato está cansado do que é industrializado, padronizado, massificado e eletrônico. Eles querem negócios inovadores, preocupação social e ambiental, consumo consciente, exclusividade aliada à qualidade. E tudo isso o artesão tem de sobra e deve, sim, valorizar essas qualidades!

Posto isso, parta, mais uma vez, para a autoanálise: de que tipo é o meu negócio? Vamos lá: se você nunca comercializou suas peças a não ser por meio do boca a boca e para amigos e parentes, sugiro que ingresse no mercado propriamente dito de maneira gradual. Como? Inscreva-se e participe de feiras de artesanato e bazares! Estamos chegando na época do ano em que essa alternativa é a mais viável: o Natal!

Aproveite a sazonalidade

Então, queridas artesãs, produzam peças temáticas, dentro das técnicas que dominam e façam um bom estoque. Esse mês de outubro e também o de novembro costumam ser as épocas em que pipocam tais oportunidades. Pesquisem em suas cidades e nas vizinhas e não tenham medo de se arriscar.

Quem nunca teve contato com o público desconhecido teme um pouco esse tipo de comércio: será que irão gostar das minhas peças? Meu trabalho está à altura dos demais expositores? Tenho peças suficientes?

Queridas, os bazares são o início perfeito porque justamente neles é que estão nosso público-alvo: só frequentam bazares quem gosta de artesanato! Você estará no lugar certo na hora exata. Em segundo lugar, há gosto para tudo! Sua colega do stand ao lado poderá ter trabalhos incríveis, o que, em momento algum, desvalorizará o seu. Técnicas, produtos, cores, tipos diferentes. Nem melhor nem pior que o outro, certo?

E em terceiro lugar, quanto à quantidade de peças, você só saberá experimentando. Se tiver sido um sucesso de vendas, saberá que deverá preparar-se melhor para o próximo dia ou bazar. Se não vendeu tudo, perdido não está. Já terá seu estoque parcialmente abastecido para o próximo evento. Nada é perdido!

Faça seu networking, leve material de divulgação (cartões, flyers, tags), ofereça mimos aos passantes, veja e seja vista!

Vendas on-line

Bom, agora que você já sentiu o gostinho de vender suas peças a pessoas totalmente desconhecidas e teve seu trabalho reconhecido, além de perceber e poder ajustar os valores e formas de pagamento dos seus produtos de acordo com os resultados dessa experiência, aliado ao que viu de seus colegas de profissão na tal feira, vamos partir para uma alternativa: a internet.

A internet é uma excelente via no sentido de que seu gerenciamento é muito prático e fácil! Você não precisa estar presencialmente, seu produto se vende sozinho. Consegue negociar e fechar vendas de qualquer lugar. Consegue estipular prazos de entrega e de pagamento de maneira fácil e rápida. Mas como acertar?

Primeiramente, defina seu nicho de mercado. Dessa forma, mesmo tendo uma demanda pequena, é possível atingir todas as pessoas interessadas nessa demanda e seu lucro será certo! Se você optar por expor um produto em lojas virtuais de terceiros, deverá não se esquecer de colocar os custos desse aluguel de espaço virtual em suas peças. Sendo assim, pesquise o melhor custo benefício antes de expor seus produtos em uma determinada plataforma.

Agora, se você está muito confiante e possui algum capital (adquirido nos bazares e feiras, por exemplo) e quer alavancar seu negócio sem pagar hospedagem e custos a ninguém, invista na criação de uma loja virtual própria. Existem inúmeras alternativas para isso, locais que oferecem ferramentas às vezes até gratuitas para tal criação e vários cursos de capacitação, rápidos, para gerenciamento e ações de marketing de empresas virtuais. Você pode, inclusive, primeiro fazer uma carteira de cliente numa loja de terceiros (tipo Elo 7) e, depois, migrar com seus clientes para sua loja própria. Estude custos fixos, variáveis, para aprender a dar descontos e fazer promoções sem deixar de lucrar com suas peças.

Ponto de venda

E agora, por último, depois de ter tido todas essas experiências e comprovado seu poder de comercialização, ter feito sua carteira de clientes e estar lucrando, poderá finalmente, abrir seu espaço físico. É um passo enorme, claro. Contudo, você estará segura. Além disso, uma coisa não exclui outra. Você poderá continuar a participar de bazares e feiras, continuar gerenciando, divulgando e vendendo pela loja virtual e coroar seu empreendimento com essa loja física, ampliando seu mercado, dando credibilidade e confiança aos clientes que comprarem pela internet, já que o fato de ter uma loja física oferece segurança ao consumidor virtual.

Vocês perceberam que cada tipo de comércio demanda uma maneira diferente de comercialização, divulgação e gerenciamento? Eu dei uma sugestão, um caminho, para que você alcance maiores degraus com todo o alicerce necessário. Porém, nada impede que você mude a ordem das coisas, caso se identifique com um jeito mais do que com outro.

O importante é sempre buscar a capacitação necessária para empreender seu negócio sem correr o risco de perder. Saber fazer o marketing correto para cada segmento, saber fazer ou conferir a contabilidade e os custos, enfim, estar inteirada de seu negócio da administração até a entrega. Técnica para o seu produto, você já tem. Aprimore-se apenas para ser justa na comercialização de suas peças.

Sucesso, luz e paz! Até a próxima!

Raquel Queiroz

Artesã proprietária da Quel Arteira Produções Artesanais, Raquel Queiroz é jornalista e pedagoga. Sempre gostou de consumir artesanato, tanto que transformou esta paixão em uma forma de empreender.

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